PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

Objetivos: - A contribuição do negro na formação social brasileira - A discriminação racial no Brasil. Movimentos de resistência de negros pela cidadania e pela vida; - Políticas sociais e população negra: trabalho, saúde, educação e moradia; - Relações étnico-raciais, multiculturalismo e currículo; - Aspectos normativos da educação de afro-brasileiros. - EMAIL PARA CONTATO: negrosenegras@gmail.com

December 29, 2007

FELIZ 2008 A TODOS!!

Image and video hosting by TinyPic

December 28, 2007

Fora do "Fantástico"

Image and video hosting by TinyPic

Depois de 10 anos, a única jornalista negra apresentar programa na Globo, deixa o Fantástico. Emissora diz que afastamento foi a pedido. Glória anunciou que se dedicará a projetos pessoais.

O Fantástico, a revista eletrônica que a Globo leva ao ar todos os domingos, a partir deste, terá apenas apresentadores brancos, com a saída da jornalista negra, Glória Maria, que decidiu afastar-se por dois anos do vídeo para se dedicar a projetos pessoais.A jornalista integra há 10 anos a equipe que apresenta o programa, fazendo dupla com os jornalistas Pedro Bial e, ultimamente, com Zeca Camargo. Durante esse período foi uma espécie de símbolo do mito da democracia racial na TV brasileira. Além de Glória, a emissora tem apenas um outro jornalista negro em posição de destaque: Heraldo Pereira, que integra a bancada de apresentadores do Jornal Nacional.No comunicado distribuído, a direção da Central Globo de Jornalismo, dirigida por Ali Kamel, diz que o afastamento ocorreu a pedido de Glória. Nos próximos dois anos, a apresentadora manterá o vínculo profissional, se dedicará a projetos de caráter pessoal, como escrever um livro e se dedicar a aulas de canto, além de viagens de lazer.A substituta de Glória Maria, já a partir deste domingo, será a jornalista Renata Ceribelli. A partir do dia 06 de janeiro, Patrícia Poeta assume como apresentadora titular, ao lado de Zeca Camargo.O Programa este ano teve crises de audiência, que culminaram em setembro, quando num domingo atingiu apenas 23 pontos de média no Ibope. Historicamente o programa tem audiência acima dos 30 pontos. Cada ponto do Ibope corresponde a 80 mil expectadores.


Fonte: Afropress

Olodum chora morte de Norton

Image and video hosting by TinyPic

A Banda Olodum, por meio de seu presidente João Jorge, lamentou a morte do ator negro Norton Nascimento, ocorrida na sexta-feira, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. O ator, que nasceu em Belém do Pará, estava internado na UTI do Hospital, onde morreu vítima de falência cardíaca provocada por infecção pulmonar. “Lamentamos profundamente a morte de Norton”, disse Jorge.Em 2.003, Norton fez um transplante de coração para corrigir o problema congênito de saúde que quase o matou na ocasião: um aneurisma na veia aorta. Depois que saiu do Hospital passou a fazer parte da Renascer em Cristo e liderava, ao lado de sua mulher, a também atriz Kelly Nascimento, o grupo de teatro da Igreja.Na TV Globo, onde tornou-se conhecido nacionalmente, Norton participou das novelas “A Padroeira”, “A Próxima Vítima” e “Fera Ferida”, além das mini-séries “Aquarela do Brasil” e “Agosto”. No cinema, fez “Carlota Joaquina – Princesa do Brasil” e “Araguaia – a Conspiração do Silêncio. A última novela de que participou foi “Maria Esperança”, no SBT, este ano.O ator deixou três filhos e foi enterrado neste sábado (21/12), sob aplausos de amigos e fiéis da Igreja, no Cemitério Memorial Parque Paulistano, no Embu das Artes (SP), cidade da região metropolitana da Grande São Paulo.

December 27, 2007

Cultura investirá mais de R$ 3 milhões no Carnaval Afro

Image and video hosting by TinyPic

Uma verdadeira transformação no Carnaval de Salvador através da valorização e incentivo financeiro às entidades de matriz africana está em curso. O Programa de Fomento Carnaval Ouro Negro, criado pela Secretaria de Cultura da Bahia – Secult tem como foco principal o apoio ao trabalho das organizações que atuam o ano inteiro, através de projetos culturais em comunidades, e que encontram no Carnaval a visibilidade dessas ações. Como transição para o modelo ideal de fomento, a Secretaria investirá no Carnaval 2008 cerca de R$ 3 milhões em 110 entidades carnavalescas, entre blocos afro, afoxés, blocos de índios, samba e reggae. "Estamos fazendo um investimento, de forma democrática e transparente, apoiando entidades que historicamente vêm garantindo a beleza e a diversidade da folia, mas que em troca não gozam de visibilidade e do apoio privado” afirma o Secretário de Cultura Márcio Meirelles. Como ainda não há informações suficientes sobre as ações culturais dessas entidades, este ano, de forma transitória, o investimento será feito diretamente no Carnaval.O Programa foi criado seguindo orientações do Ministério Público e da Procuradoria Geral do Estado, que listaram uma série de exigências para o repasse de verbas para as entidades carnavalescas, evitando, assim, repetir problemas de prestação de contas e conflitos no rateio das verbas registrados nos carnavais anteriores. Além da ampliação do valor – um milhão de reais a mais que o Carnaval de 2007 - a grande novidade do Programa Ouro Negro é que o repasse será feito diretamente para cada entidade, dispensando a necessidade de agrupamentos, fóruns ou coletivos. Além disso, pela primeira vez haverá antecedência no repasse do dinheiro, já que 50% do valor estará disponível ainda em dezembro."Esse programa de fomento garantirá a antecedência necessária para que as entidades carnavalescas de matriz africana melhor produzam o desfile. Seguindo recomendações do Ministério Público e Procuradoria, o repasse direto permitirá maior controle do uso do dinheiro público já que, ao passar para coletivos, o Governo não mais gerenciava a distribuição dos recursos", afirmou o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles.


Fonte: Jornal da Mídia

Nei Lopes cria dicionário para revelar escritores negros

Image and video hosting by TinyPic

Em março do ano passado, num debate, o escritor e compositor Nei Lopes ouviu um colega de mesa citar apenas autores brancos ao falar do tema "O negro na literatura brasileira". Foi a semente para que começasse a produzir o "Dicionário Literário Afro-Brasileiro", agora lançado. "Senti que era necessário tirar da invisibilidade o grande contingente de escritores negros existentes no nosso panorama literário", afirma Lopes. "E mostrar, também, o modo como os negros foram habitualmente tratados, com estereótipos que moldaram, de forma distorcida, a percepção da sociedade brasileira sobre nós, afrodescendentes de todos os graus." Para ele, esses estereótipos chegaram às telenovelas, nas personagens da empregada, do negro bandido etc.Os verbetes têm livros, autores e personagens. Os textos são muito mais descritivos do que militantes, mas a visão crítica de Lopes é perceptível. Criações de escritores importantes são registradas como podendo ter contribuído, de alguma maneira, para a consolidação de um discurso racista."Há personagens que são verdadeiros arquétipos, como a Bertoleza de "O Cortiço" [de Aluísio de Azevedo]; a galeria de tipos do Jorge Amado; os do Josué Montello em "Tambores de São Luís'; e os do teatro de Arthur Azevedo", exemplifica. Mais do que repisar o suposto alheamento de Machado de Assis nas questões raciais, Lopes vê um sentido militante em sua obra ao falar de escritores pouco conhecidos, especialmente os contemporâneos."Em São Paulo, por exemplo, há um movimento literário que publica antologias anuais há mais de 20 anos. Em Minas, existe uma editora de autores negros. O dicionário é composto dentro de uma perspectiva de mostrar o que está escondido", afirma.Com vocação de polemista desenvolvida em artigos de jornais, ele faz questão de estar na linha de frente na defesa das cotas nas universidades e contra o que chama de "racismo organizado"."Você escreve um artigo e, no dia seguinte, já tem um "doutor da USP", como diz o [deputado federal do PSOL] Chico Alencar, te replicando. Você escreve uma carta ao jornal e, aí, no pé da tua carta, já tem uma "nota da redação". O racismo se organizou para negar a existência do racismo no Brasil."Lançando seu 21º livro, Lopes assume que busca um "respeito" que não alcançou na música popular, apesar dos 35 anos de carreira e de sucessos como "Senhora Liberdade", "Tempo de Dondon" e "Gostoso Veneno". "Embora, aqui em casa, o sambista pague as contas do escritor, acho que não conquistei o respeito que mereço", diz.

DICIONÁRIO LITERÁRIO AFRO-BRASILEIRO
Autor: Nei Lopes
Editora: Pallas
Quanto: R$ 35 (168 págs)


Fonte: Folha Online

December 23, 2007

MENSAGEM

Image and video hosting by TinyPic

"A tela da vida é cheia de tinta...Realmente...Ela tem a cor que a gente pinta, e vc é dono do pincel! Pinte a sua vida com a cor da alegria, da felicidade. Ela pode ter qualquer tom: pode ser forte, suave, ou em contraste. Pode ser vibrante, forte, alegre.Paquere o mundo! Não fique parado no tempo, faça de 2008 um ano repleto de realizações, acredite em você... Se precisar, reaja, vire tudo de cabeça pra baixo, mas viva! Ao extremo! Tenha uma boa virada de ano, repleta de alegrias e boas recordações. Faça desse ano que agora nasce um ano melhor para si, para sua família, para o mundo! Nesse novo ano, coloque mais cores na sua vida, no mundo, no seu mundo. Desperte suas vontades, viva fantasias, abrace quem lhe agrada, chore mais, pinte mais, crie poesias, desenhe, fotografe, vá ao cinema, namore bastante, diga mais eu te amo. Viva intensamente, prazerosamente, é possível. Acredite, a vida é única."

FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO 2008!!

É O QUE DESEJA A EQUIPE DO BLOG PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

December 21, 2007

Editorial: Os contras, os a favor e os "genéricos"

A mobilização em defesa do Estatuto da Igualdade, iniciada no ano passado e ampliada este ano pelo Fórum SP da Igualdade Racial, além de retirar o projeto das gavetas do Congresso, onde mofava há anos, teve pelo menos dois outros méritos: revelar quem está a favor e quem está contra, por variadas razões e interesses; e tornar pública a existência de um outro grupo de ativistas – alguns notórios, inclusive, na Academia e no entorno de partidos e do Governo: os "genéricos" – os que, em tese, são favoráveis ao Estatuto, porém, na prática, nunca moveram uma palha para sua aprovação.

Para que não haja dúvidas quanto à postura dos “genéricos” – a base social do governismo no Movimento Negro - é importante identificar o que pensa e como age cada um desses grupos.

Os contra

Os que são contra, o são porque o Estatuto, ao criar um novo marco jurídico das relações raciais, contribuirá para o desmoronamento do edifício do racismo e botará por terra o mito da democracia racial, tão caro às elites dominantes, que dele se beneficiam para preservar a condição do Brasil de país campeão mundial da desigualdade. Há, entre esses, por exemplo, a Rede Globo, que não quer ver negros na TV, nas suas novelas, na publicidade, a não ser com aquela cota mínima a que estamos acostumados. A Globo, contudo, é só a parte da mídia mais militante anticotas e ações afirmativas, porém, naturalmente, os donos da mídia, as famílias e igrejas donas dos principais meios de comunicação do país, em geral, vão no mesmo sentido e rumo.Há também, os fazendeiros e grandes proprietários de terras, que não querem ver ameaçados os direitos às áreas que ocupam indevidamente, para reconhecer o direito das comunidades remanescentes de Quilombos. Há também Irmandades da Igreja Católica, como a Ordem Terceira de São Francisco, no Rio, que também não quer perder a posse de terras que são questionadas por quilombolas. Há os interesses dos grandes grupos que dominam os Planos de Saúde, que não querem ver negros tendo direitos e acesso universal e igualitário ao Sistema único de Saúde. Há também os que tremem só com a idéia de pensar que o quesito raça/cor, com critério autoclassificatório seja obrigatoriamente introduzido em todos os documentos em uso no Sistema único de Saúde, tais como cartões de identificação do SUS; prontuários médios, fichas de notificação de doenças, formulários de resultados de exames laboratoriais, inquéritos epidemiológicos, estudos multicêntricos, pesquisas básicas, aplicadas e operacionais e qualquer outro instrumento que produza informação estatística.Há a outra parte da Igreja que não quer reconhecer, em um Estado laico como deveria ser o nosso (pelo menos é o que reza a Constituição), o direito das religiões de matriz africana a serem tratadas com a dignidade que merecem.Não é por outra razão que a antropóloga Yvone Maggie treme de pavor e acorda em pesadelos pela noite afora quando se lhe apresenta o expectro das “Divisões Perigosas”. Não por outra razão, Kamel, o poderoso diretor da central globo de jornalismo, utiliza a TV que é uma concessão do Estado à família Marinho, vale dizer pública, para transformar matérias em editoriais contra as ações afirmativas e cotas.Uma e outro reproduzem, em pleno século XXI, os mesmos argumentos dos donos da Casa Grande, em face da iminência da abolição da escravidão. Contam certos intelectuais e donos da mídia, com a inestimável ajuda de um grupo de negros – os "úteis", alguns deles identificáveis por aparecerem sempre no Jornal Nacional, ao lado da distinta senhora Maggie, falando das questões raciais no Brasil, sem jamais terem tido esse tema entre as suas preocupações, apenas fazendo uso (melhor seria dizer, sendo usados) na sua condição de negros.

Os "úteis"

Os negros que fazem coro com Yvone Maggie e Ali Kamel, por sua vez, são de duas espécies distintas: há as novas versões de capitães do mato, sempre úteis ao sistema racista, tanto quanto o foram durante o escravismo; e os que recusam o Estatuto, sob o delirante argumento de que – mesmo tendo sido produto de construção do Movimento Negro por anos à fio - estaria ultrapassado, não atendendo mais as nossas reivindicações.São os defensores de teorias supostamente revolucionárias, na prática a releitura de teses gastas jogadas no lixo da história, - a de assalto aos céus -, como se a mudança da realidade só dependesse da radicalidade dos discursos, intensos em verborragia, porém, pobres, paupérrimos, em conteúdo. Alguns chegam a invocar Marx para embrulhar, com palavras nobres, a fraude de que a questão racial no Brasil se resume a uma questão de classe. Todos sabemos – e basta ler o texto do projeto – que as propostas do Estatuto estão todas por se tornarem realidade, mas os defensores da tese preferem sepultá-lo prestando um serviço aos que não querem mudança alguma para que tudo fique como está, há séculos.Em sua defesa, apontam para um vago e não menos delirante objetivo de construir uma organização de libertação nacional negra, a ser criada em um Congresso de Negros e Negras, disposta a bater às portas do Planalto, munida de um 1,3 milhão de assinaturas, carregadas por uma Marcha de 100 mil pessoas, para apresentar uma emenda de reparação ao mesmo Parlamento - o mesmo onde mofa o Estatuto. Não dizem o que vem a significar isso, nem de que forma pretendem dar o salto, de interesse do povo negro, para transformações revolucionárias na sociedade.

Os a favor

Os que são a favor, consideram que, independente do Fundo – que tramita por intermédio da PEC 02/06 – em função do Legislativo não poder criar despesas, como sabe qualquer leigo - o Estatuto é um avanço importante por estabelecer um novo marco jurídico e legal, útil para os avanços da população negra em sua luta histórica por direitos e cidadania.No artigo 4º, do substitutivo apresentado ao projeto pelo senador Rodolpho Tourinho, é estabelecido que “o Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político-jurídica a reparação, compensação e inclusão das vítimas da desigualdade e a valorização da igualdade racial”. Acrescenta no artigo 5º que "a participação dos afro-brasileiros, em condições de igualdade de oportunidades, na vida econômica, social, política e cultural do país será promovida, prioritariamente por meio de:I – inclusão da dimensão racial nas políticas públicas de desenvolvimento econômico e social; II – adoção de ações afirmativas voltadas para o combate à discriminação e às desigualdades raciais; III – adequação das estruturas institucionais do Estado para o enfrentamento e a superação das desigualdades raciais decorrentes do preconceito e da discriminação racial; IV – promoção de iniciativa legislativa para aperfeiçoar o combate à discriminação racial e às desigualdades raciais em todas as suas manifestações individuais, institucionais e estruturais; V – eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da igualdade racial nas esferas pública e privada; VI – estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção da igualdade de oportunidades e ao combate às desigualdades raciais, inclusive mediante a implementação de incentivos e critérios de condicionamento e prioridade no acesso aos recursos e contratos públicos;VII – a implementação de ações afirmativas destinadas ao enfrentamento das desigualdades raciais nas esferas da educação, cultura, esporte e lazer, saúde, trabalho, meios de comunicação de massa, terras de quilombos, acesso à justiça, financiamentos públicos, contratação pública de serviços e obras, entre outras”.O texto do Estatuto detalha pormenorizadamente as medidas, no âmbito da Saúde, no acesso à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, ao direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos; trata do financiamento das iniciativas de promoção da igualdade racial; dos direitos da mulher afro-brasileira;dos direitos dos remanescentes das comunidades dos Quilombos às suas Terras; do Mercado de Trabalho; do Sistema de Cotas; dos Meios de Comunicação, da criação de Ouvidorias Permanentes nas Casas Legislativas, do Acesso à Justiça, entre outros direitos.

Os "genéricos"

A categoria mais interessante dos que se posicionam (melhor seria dizer, se omitem) são os "genéricos" – alguns dos quais, ávidos por holofotes, como se pôde ver na sessão da Comissão Geral da Câmara dos Deputados, convocada pelo presidente Arlindo Chinaglia no mês passado. Há mais de um ano, em resposta à mobilização desencadeada pelo Movimento Brasil Afirmativo e pelo Fórum SP, eles torceram o nariz enquanto puderam.Buscaram justificar a omissão sob o surrado argumento de que o Estatuto não é impositivo e sim autorizativo. Repetem a falácia como um mantra e para os que ainda não descobriram a fraude, deixemos que o próprio senador Paim, autor do Projeto, ponha por terra o vazio do jogo de palavras com que procuram se justificar. “O Fundo de Promoção da Igualdade Racial da forma como estava contemplado no Estatuto - diz Paim - só poderia ser autorizativo, caso contrário seria inconstitucional. Devido a isso, apresentamos a PEC 02/06, que especifica a origem e o percentual dos recursos a serem destinados para o Fundo, determina que o mesmo terá conselho consultivo e de acompanhamento, formado por representantes do poder público e da sociedade civil, versa sobre a distribuição de seus recursos, sua fiscliazação e controle, bem como do Conselho”, acrescenta a voz insuspeita do autor do projeto.Como se vê, considerando que o avanço e conquistas se fazem levando-se em conta sempre, a correlação de forças, e que esta nunca nos foi favorável em Congresso nenhum desde o Império, a justificativa desses setores para a omissão, beira ao ridículo. Não é porque o Estatuto é autorizativo que organizações e entidades – muitas das quais se comportam como se donas do Movimento Negro fossem - se mantém no mais absoluto silêncio.O que os mantém silenciosos e inertes - e aí se incluam importantes nomes negros na Academia e nos Partidos - não é o que o Estatuto tem de defeito, nem porque tenha perdido importância no seu conteúdo transformador das relações raciais no Brasil. Ao contrário.Fazendo parte da base social do Movimento Negro no Governismo, ocupando cargos negociados em intrincados acordos e, tendo ainda em vista, que para este Governo (como para qualquer Governo) aprovar o Estatuto significa escolher um lado – o do povo negro – e, portanto, desagradar outros - as Maggie, Kamel (leia-se Rede Globo) e tantos outros poderosos -, não convém provocar rebuliço na base.Isso levaria a solavancos, desacomodaria quem está acomodado, requereria outros acordos, outras alianças, e isso os partidos não querem, por motivos óbvios. São essas as razões para que os "genéricos" - que sempre subordinaram sua agenda à agenda dos partidos e dos Governos - se mantenham assistindo a banda passar, sob o risco de perder o bonde da história.Quem sabe, as declarações do Presidente Lula no 20 de Novembro, de que o Estatuto só não foi ainda aprovado por que os negros não se unem, e "ensinou" a "cutucar" o Governo como estratégia para conquistar avanços, faça com que a liderança “genérica” do Movimento Negro comece a se mexer e faça alguma coisa para que a História, ao final – implacável como costuma ser com omissos – não lhe apresente, no futuro, a conta.A propósito: alertados pelo discurso do Presidente e diante da mobilização do Fórum SP, alguns dos "genéricos" ilustres começam a dar sinais de que não querem perder o bonde da história, porém, já sinalizaram uma condição: querem estar no comando do Movimento em defesa do Estatuto e começam a se mover para iniciar mais uma guerra de divisão entre negros, no qual demonstram ser, desde sempre, especialistas imbatíveis. O alvo é o Fórum SP da Igualdade Racial. Quem quiser, aguarde prá ver. E conferir.


Dojival Vieira
Jornalista Responsável
Registro MtB: 12.884 - Proc. DRT 37.685/81
Email:dojivalvieira@hotmail.com;abcsemracismo@hotmail.com

Governo recua, dizem entidades

A nova Instrução Normativa que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pretende baixar modificando a Instrução em vigor desde 2.005 (a de nº 20/2005) representa um recuo do governo brasileiro no reconhecimento dos direitos das comunidades quilombolas já assegurados pela Constituição.Segundo lideres das comunidades remanescentes de Quilombos, e de entidades como a Comissão Pró-Indío de São Paulo e Justiça Global, as mudanças pretendidas pelo Governo atendem aos interesses do setor ruralista e de algumas corporações multinacionais, que tem desencadeado uma verdadeira guerra contra os direitos das comunidades.Entre outros boatos, como parte da campanha desencadeada contra direitos históricos dessas populações, os fazendeiros estão espalhando que os quilombolas reivindicam 25% do território brasileiro e que as terras seriam tomadas de fazendeiros e empresas sem o processo de desapropriação.

Retrocesso

A nova instrução inviabiliza, na prática, a titulação das terras de Quilombo ao instituir uma série de novos entraves burocráticos no procedimento administrativo, como estudos extensos, dispendiosos e demorados, e maior espaço para as contestações de terceiros. O Incra está submetendo a nova Instrução a uma consulta pública, até o fim deste mês, porém, essa atitude também é criticada. “A chamada “consulta”, convocada de última hora pela Advocacia Geral da União, não se configura como um verdadeiro processo participativo e democrático. Os quilombolas estão sendo convocados no final do processo de revisão da instrução que se desenrola há pelo menos dois meses apenas para referendar um texto já acabado", afirma manifesto que está sendo divulgado.Para tentar reverter a situação, entidades como o Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, além do Balcão de Direitos da Universidade Federal do Espírito Santo, estão pedindo que sejam enviadas mensagens à Ministra Dilma Rouseff, da Casa Civil, a José Antonio Dias Toffoli, da Advocacia Geral da União, e ao Presidente do Incra, Rolf Hackbart, protestando pela medida e pedindo a manutenção da Instrução Normativa em vigor. As mensagens deverão ser encaminhadas com cópias para terra-quilombo@ cpisp.org. br

Veja as entidades e os endereços eletrônicos das autoridades
Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos
cohreamericas@cohre.org
Comissão Pró-Índio de São Paulo
cpisp@cpisp.org.br
Justiça Global
global@global.org.br
Koinonia Presença Ecumênica e Serviço
territoriosnegros@koinonia.org.br
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
rede@social.org.br
Balcão de DireitosUniversidade Federal do Espírito Santo
balcaodedireitos_es@yahoogrupos.com.br
Dilma Vana Rousseff Ministra-Chefe da Casa Civil
casacivil@planalto.gov.br
Josi Antonio Dias Toffoli Advogado Geral da União
fax: (61) 3344-0243
gabinete.ministro@agu.gov.br
Rolf Hackbart Presidente do Incra
rolf.hackbart@incra.gov.br

Salvador terá Centro internacional

Com a presença de lideranças e intelectuais negros da Bahia foi lançado nesta última semana, no Centro Oxalá, do Centro de Convenções da Boca do Rio, em Salvador, o primeiro Centro Internacional de Estudos Avançados sobre Brasil, África e as Diásporas (CIEABAD). O Centro será formado por pesquisadores brasileiros, africanos, caribenhos, europeus e indianos com o objetivo de estudar os assuntos africanos contemporâneos, as relações entre o continente africano e suas diásporas e as relações raciais pelo mundo.O CIEABAD contará com diversas linhas de pesquisas, que vão desde análises do Brasil contemporâneo até estudos sobre governança e democracia na África, e terá a participação de respeitados intelectuais, internacionais e brasileiros, nas comissões de trabalho. Entre estes últimos se encontram a professora Ivete Sacramento (UNEB), primeira reitora negra do Brasil; o antropólogo congolês radicado no Brasil, Kabenguele Munanga (USP); Hélio Santos (USP), autor do livro "Em Busca de um Caminho para o Brasil"; Sueli Carneiro, diretora do Instituto Geledés, e Maria Aparecida Bento, diretora do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades.Segundo o professor cubano Carlos Moore, que vive há sete anos exilado no Brasil por sofrer perseguição racial em seu país, o Centro levou vários anos para ser montado por causa da quantidade de pesquisadores que estarão envolvidos nele de maneira orgânica – cerca de 1500 em quatro continentes, representando 850 instituições de pesquisa em todo o mundo.“A idéia é federar todos esses pesquisadores sob uma organização científica incumbida da tarefa de sintetizar as conclusões derivadas das diversas pesquisas mundiais sobre os seguintes temas: o desenvolvimento do continente africano no século 21; a situação das populações diasporicas através do mundo; as relações raciais em nível do planeta. Com efeito, se trata de uma gigantesca empresa humana que irá requer muitos anos de trabalho para chegar ao nível de funcionamento que almejamos”, afirma Moore.Durante o lançamento do Centro, Moore também autografou o livro “Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo”, da Editora Mazza, de Belo Horizonte. O livro faz uma análise histórica do racismo no mundo, fruto da experiência de décadas de pesquisas e viagens de Moore.

December 20, 2007

Apresentadores brancos são 93% nas TVs públicas

Image and video hosting by TinyPic

O percentual de jornalistas trabalhando em frente às câmeras da TVE (Rio), TV Cultura (SP) e TV Nacional (DF) obedece ao seguinte padrão: 93,3% são brancos ou eurodescendentes; 5,5%, negros (pretos + pardos) afro-descendentes e 1,2%, índio-descendentes. Também há uma sub-representação temática da comunidade negra na programação dessas emissoras. Este dado consta da pesquisa: Onde está o Negro na TV Pública? - realizada pela Fundação Cultural Palmares. Este foi um dos aspectos discutidos durante o seminário TV Pública, Ação Afirmativa e Direitos Humanos realizado no dia 11/12, no auditório do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, promovido pela sua Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio).
Para Délcio Teobaldo, jornalista da TVE e professor universitário, é relevante que negras e negros apareçam diante das telas, mas também, e muito especialmente, na produção dos programas veiculados. "É importante porque esses profissionais podem influenciar no conteúdo do que é transmitido aos telespectadores", disse.
O presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Rio de Janeiro (Sated), Jorge Coutinho, revelou que em recente reunião com dirigentes da TV Globo, na qual a questão salarial foi debatida durante seis horas ininterruptas, ele abordou o problema da inserção do negro e de sua comunidade na programação da emissora.

O comunicador Marcio Gualberto, coordenador do Coletivo de Entidades Negras no Rio de Janeiro e editor do blog Palavra Sinistra, observou ser necessário criar estratégias para que negras e negros se capacitem para enfrentar o mercado de trabalho em tempos de digitalização no Brasil da televisão e do rádio. Coutinho concordou e disse que esta é uma das preocupações de sua gestão no Sated.

Gualberto ainda criticou a forma de escolha da composição do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), embora reconheça que os conselheiros escolhidos têm representatividade em seus campos de atuação. "A sociedade civil organizada deveria ter sido ouvida pelo governo federal antes de qualquer definição sobre a forma de constituição do Conselho Curador", destacou.

A coordenação da mesa de palestras ficou a cargo da jornalista Angélica Basthi, membro da Cojira e assessora da organização não governamental Justiça Global. Ela lembrou que o Brasil participou ativamente em 2001 da Conferência Internacional de Combate ao Racismo, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Durban, na África do Sul. "Ao assinar o documento final deste evento oficial comprometeu-se a cumprir todas as suas determinações, incluindo a promoção da comunidade negra na comunicação social e neste mercado de trabalho", observou.

O jornalista Carlos Alberto de Oliveira, o Caó, conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), disse que a chamada TV Pública deve ter como finalidade principal contribuir para a organização e mobilização da opinião pública brasileira no sentido de encaminhar o país rumo à instituição de uma verdadeira igualdade racial. "Sem isso, nada feito, não haverá Brasil, não haverá civilização que possa começar e se completar", disse Caó, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio e autor da lei que criminalizou o racismo no Brasil a partir de 1989.

O seminário foi registrado em vídeo por uma equipe da TV Rocinha, representada pelo produtor Lindemberg Silva, e outra da Central Única de Favelas (Cufa), representada pelos produtores Carlos Saci e Clécio Gomes. Antes das palestras foi exibido o documentário institucional da TV Rocinha.

O evento teve apoio da Comissão Estadual de Combate à Discriminação Racial da Central Única dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (CECDR/CUT-RJ), representada pelo seu coordenador Cláudio Vovô.



Fonte: Fundação Palmares

Procuradoria da República investiga ação de policiais militares contra quilombolas no Espírito Santo

Após agressão por parte de policiais militares do Estado do Espírito contra um grupo de quilombolas da comunidade Roda D'água, no município de Conceição da Barra/Espírito Santo, no dia 14 de novembro - local há muitos anos sob posse mansa e pacífica dos residentes - o Procurador da República Paulo Augusto Guaresqui decidiu abrir processo administrativo para investigar os fatos.

Área de constante conflito entre comunidades de quilombos e empresa de celulose, há anos o norte capixaba tem registrado vários ataques contra quilombolas, para que estes coagidos abandonem as terras que possuem potencial valor econômico.

História da Agressão

No último dia 14 de novembro de 2007, em uma ação mal conduzida da policial militar, prendeu quatro quilombolas que seriam suspeitos de furtarem madeira da empresa Aracruz Celulose.
Acontece que, aparentemente, em flagrante presumido, os policiais entraram dentro dos limites territoriais da comunidade tradicional quilombola de Roda D'água, Sapê do Norte, município de Conceição da Barra. E após uma abordagem não explicada, os policiais efetuaram disparos num local de intensa atividade de crianças, onde funciona uma escola comunitária. Acontece que um dos disparos atingiu o pé de morador da comunidade, Izaque Caldeira Carvalho, e ainda por cima, com sinais explícitos de que o disparo foi efetuado pelas costas da vítima.

Processo administrativo para apurar os fatos

A Procuradoria da República do município de São Mateus no Espírito Santo, por intermédio do seu procurador Paulo Augusto Guaresqui, instaurou procedimento administrativo para apurar as atuações policiais imprimidas contra quilombolas da região.

No despacho publicado no dia 26 de novembro, o procurador constata a intensificação dos conflitos ao longo dos anos entre quilombolas e empresas. Afirma ainda, que devido a indefinição na demarcação das terras ocupadas por quilombolas mesmo após 20 anos da promulgação da Constituição, aliada a falta de uma política estatal efetiva que busque a sustentabilidade sócio-econômica das comunidades e a opressões e discriminações raciais têm servido como catalisador para verdadeiras guerras entre a minoria quilombola e grandes grupos econômicos.

Assegura ainda, que a o aumento dos conflitos na região norte do Espírito Santo devem-se à dificuldade de manter um diálogo junto à empresa Aracruz Celulose, que está proibindo os membros das comunidades não mais captarem restos do corte de eucaliptos, atividade de sustento dos quilombolas e desenvolvidas há anos na região.

December 11, 2007

Afinal, o Nobel James Watson tem genes negros

Image and video hosting by TinyPic

Afinal, a análise dos "A-T-C-G" de James Watson, as quatro letras do alfabeto genético com que se constrói a molécula de DNA de todos os seres vivos, revela que 16 por cento dos genes do cientista norte-americano são de origem negra, um valor 16 vezes acima da média dos europeus brancos. Um desfecho irônico, depois da polémica em que Watson esteve envolvido em Outubro, por ter afirmado a um jornal britânico que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Watson tinha dado uma amostra de sangue para que a empresa 454 Life Sciences e o Centro de Sequenciação do Genoma Humano, ambos nos EUA, pudessem descodificar-lhe a sequência do DNA. Cada um de nós possui a sua própria sequência dos 3000 milhões de pares de letras com que se constrói um ser humano.Em Maio deste ano, Watson, um dos premiados com o Nobel da Medicina de 1962, por ter descoberto a estrutura da molécula de DNA, recebeu a sua sequência de A-T-C-G e, tal como tinha prometido, tornou públicos os dados, na Internet.A partir daí, outra empresa, a DeCODE Genetics, da Islândia, avançou para a análise dos genes do cientista. Esse estudo mostrou que terá herdado 16 por cento dos genes de um antepassado africano, enquanto a maioria dos europeus brancos não tem mais de um por cento de tais genes, relatam os jornais britânicos The Independent e The Sunday Times."Este valor é o que se esperaria para quem tem um bisavô africano", disse Kari Stefansson, líder da DeCODE, citado nestes jornais. "Foi muito surpreendente."A análise do genoma de Watson revelou ainda que outros nove por cento dos seus genes serão oriundos de um antepassado asiático. Fez-se também uma lista das doenças a que o cientista é mais susceptível, como a diabetes de tipo 2, esclerose múltipla, artrite reumatóide ou obesidade.Pelos seus comentários racistas, Watson recebeu uma chuva de críticas. Mesmo os cientistas a trabalhar em Biologia Molecular distanciaram--se das suas afirmações, dizendo que não existe qualquer ligação entre os genes envolvidos na cor da pele e os relacionados com as funções intelectuais e que nem se conhecem as bases genéticas da inteligência.A polémica levou o cientista, de 79 anos, a pedir desculpa, mas o desfecho, ainda em Outubro, foi a sua a demissão do conselho de administração do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, onde trabalhou mais de 40 anos.



Fonte:Público-Portugal

Bantustolas: Os bantustões dos quilombolas, o MST dos negros

Image and video hosting by TinyPic

O livro de Nelson Ramos Barreto, A Revolução Quilombola (Artpress, São Paulo, 2007), narra as maracutaias feitas pela tróica da malandragem “bantustola” (os quilombolas dos bantustões racistas): Fundação Palmares, Incra e falsos quilombolas. Como se sabe, bantustões eram áreas criadas pelo regime do Apartheid, na África do Sul, em que os negros eram confinados como animais e de onde só podiam sair com autorização do governo.

December 09, 2007

A luta continua: O combate ao racismo no Brasil pós-Durban

A criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial significou um reconhecimento das demandas apresentadas pela população negra, inscrevendo o combate ao racismo na agenda governamental. No entanto, o conjunto de ações desenvolvidas pelos governos FHC e Lula mostra que pouco foi feito para reverter a brutal distância entre pessoas negras e brancas no Brasil. Quase sete anos após a 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001, o país ainda carece de políticas que fomentem a justiça social, estabelecendo a dignidade da população negra.


Leia a matéria completa sobre este estudo clicando no link abaixo:

http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/forms/download.aspx?strUrlRetorno=imprensa.aspx&idDownload=91


Fonte: Jurema Werneck

Grupo Caixa-Preta apresenta: II Encontro de Arte de Matriz Africana em Porto Alegre - RS

Evento que propõe a discussão sobre a arte produzida por artistas negros ou de temática negra marca os cinco anos de atuação do grupo teatral

O Grupo Caixa-Preta realiza entre os dias 12 e 16 de dezembro próximo, no Teatro de Arena, o II Encontro de Arte de Matriz Africana. O objetivo do evento é propiciar a troca de experiências e saberes entre seus participantes, possibilitando a discussão sobre a arte produzida por artistas negros ou de temática negra, estabelecendo parâmetros estéticos e propondo novos modelos. O evento marca as comemorações dos cinco anos do grupo, formado por artistas negros atuantes em Porto Alegre. Toda a programação tem entrada franca.
A programação do II Encontro de Arte de Matriz Africana consiste de leituras dramáticas, apresentações teatrais, palestras, debates, oficinas e exposições. Reunirá personalidades que se dedicam a pensar a causa racial a partir da arte. O debate promoverá discussões acerca de temas definidos como performance negra, pesquisas sobre artes cênicas, políticas culturais, formas de associações de artistas, entre outros.
O evento abre no dia 12, quarta-feira, às 19h, com a leitura dramática de "Sortilégio Negro" , de Abdias do Nascimento. Participam da leitura dramática os atores: Vera Lopes, Silvia Duarte, Apolônio Cyprhiano, Lucila Clemente, Mateus Gonçalves, Adriana Rodrigues, Viviana Shames e Kaiane Horlle. Às 20h, ocorre a homenagem ao poeta e historiador Oliveira Silveira, seguida do recital poético baseado na obra do referido homenageado nas vozes de Sirmar Antunes, Vera Lopes, Glau Barros, acompanhados pelos músicos Djamêm e Abi Axé , com participação especial de Adriana Rodrigues .
No dia 13, quinta-feira, às 18h, abre a Exposição Retrospectiva do Grupo Caixa-Preta, com fotos dos espetáculos TRANSEGUN e HAMLET SINCRÉTICO. Às 19h, ocorre a leitura dramática de "Uma Rede para Iemanjá", de Antonio Callado, com a participação dos atores Waldomiro de Moura Lima (o Pernambuco), Álvaro Rosacosta, Ravena Dutra, Silvio Ramão, Viviane Juguero e Thiago Pirajira.
Às 20h30min, a compositora e intérprete Karine Cunha apresenta o show "Epahei", no qual homenageia a cultura afro-brasileira. No repertório composições próprias inspiradas no universo dos orixás.
No dia 14 de dezembro, às 18h, a exposição fotográfica "Artistas Negros de Porto Alegre", assinada pelo fotógrafo Bruno Gomes irá retratar atores e atrizes negros gaúchos, atuantes em Porto Alegre, de diversas gerações. Segue-se, às 20h, apresentação do espetáculo "Taba-Taba", de Bernard Koltès, com Juliano Barros e Dedy Ricardo, sob a direção de Renata de Lélis.
O lançamento do vídeo-documentário "Caixa Preta", do diretor Júlio Ferreira sobre o grupo homônimo (16h30min) e a apresentação do monólogo "Madrugada, me Proteja", de Cuti (20h), com o ator Silvio Ramão marcam as atividades do dia 15.
A programação encerra-se no dia 16, domingo, com a encenação do espetáculo "Hamlet Sincrético", dirigido por Jessé Oliveira, a partir das 20h. Segue-se debate com a presença do babalorixá Baba Diba de Yemonjá, do Secretário da Cultura de Porto Alegre, Sergius Gonzaga, do escritor Luiz Augusto Fischer e do antropólogo José Carlos dos Anjos. Esta última atividade ocorrerá no Hospital Psiquiátrico São Pedro (Avenida Bento Gonçalves, 2460).

TODA A PROGRAMAÇÃO TEM ENTRADA FRANCA

SERVIÇO:

O QUÊ: II Encontro de Arte de Matriz Africana, promovido pelo Grupo Caixa-Preta

ONDE: Teatro de Arena (dias 12, 13, 14 e 15) e H ospital Psiquiátrico São Pedro (16).

QUANDO: De 12 a 16 de novembro, vários horários.

QUANTO: Entrada franca.

Contatos: 51 - 8405.7964 (Jessé) - 51 - 9277.2191 (Silvia)



Fonte: Site Irohin

December 04, 2007

Convite Negros e Negras em Movimento

Gostaríamos de convidá-los para mais uma palestra, sendo que essa, não foi apresentada ainda em nenhuma turma.

Será com a Antropóloga Míriam Alves,

às 18:00hs. do dia 05/12 (4ª feira), no CEAV.

Tema: IDENTIDADE BRASILEIRA


Atensiosamente, Rose

Acusado de subversão racial pelo regime, Carlos Moore fala do exílio

Image and video hosting by TinyPic

Um velho combatente anti-racista, acusado de subversão racial pelo regime cubano, o professor Carlos Moore, 65 anos, protagonizou uma cena carregada de emoção, ao contar sua trajetória durante o período da revolução. “Eu mesmo fugi do país protegido pelas Embaixadas africanas. E depois vivi o exílio no Egito, na França, na Nigéria, no Senegal, na Jamaica, Guadalupe, Trinidad Tobago...’, contou com a voz embargada pelas lágrimas.O episódio aconteceu durante o Seminário Internacional de Ações Afirmativas, promovido pela Coordenadoria Especial de Assuntos da População Negra, da Prefeitura de São Paulo, na semana passada. Ao responder a uma pergunta sobre a situação racial de Cuba, Moore, que vive em Salvador/BA, fez um histórico do Movimento Negro cubano, relatando que, depois de participarem ativamente da guerra da independência da Espanha, os negros foram proibidos de participar do Executivo, da polícia e excluídos até das escolas públicas. Representavam, então, 64% da população da Ilha.Foi a primeira vez, em sete anos vivendo no Brasil que Moore aceitou falar sobre a questão racial em Cuba. “Eu tinha de dar uma resposta verdadeira a um companheiro que me fez uma pergunta e não podia me esquivar. Eu aceito a responsabilidade sobre o que estou dizendo”, afirmou. O crime de subversão racial não existe na legislação cubana, embora o regime o aplique sistematicamente, sujeitando os acusados a penas que variam de 10 a 15 anos de prisão.Moore conviveu e trabalhou como segurança e tradutor de Malcom X, o líder negro norte-americano, no último período de sua vida, a partir de novembro de 1.964. Malcom foi morto em 1.965.

Genocídio

Segundo Moore, depois de participarem ativamente das lutas pela independência da Espanha, em 1.912, os negros cubanos organizaram-se no Partido Independentista, o primeiro partido político de negros da Ilha, sendo vítimas de um verdadeiro genocídio em que, de 12 a 15 mil, foram simplesmente assassinados. “Toda a classe média negra cubana foi massacrada”, acrescentou.No final dos anos 40, depois da segunda Guerra Mundial, o Movimento Negro ressurge em Cuba com Juan José Betancourt Bencomo. Durante o período da Revolução, em 1.959, a população negra estimada era de 45 a 48% da população do país.

Buena Vista

Em 1.959, as “Sociedades de Cor”, como eram chamados os clubes negros, como o Buena Vista Social Club (retratado no filme de Ry Cooder), foram simplesmente extintos e suas sedes derrubadas. “Eram sociedades negras cubanas que foram proibidas. Buena Vista Social Club era um desses clubes. Existiam cerca de 500. Fidel determinou que eram movimentos racistas. E se recusou a se reunir com dirigentes negros”, contou.Segundo Moore, na época Betancourt publicou uma carta aberta que, em resumo, dizia. “Nós respeitamos vocês como nacionalistas e revolucionários. Mas, não venham nos dizer o que entendem por racismo e discriminação em Cuba”. É também dessa época a “Doutrina Negra: como vencer o Racismo institucional”, uma plataforma com 332 páginas, na qual se propunha a derrota do racismo.“Todos os dirigentes foram presos. Quem não foi preso teve de fugir. Os clubes negros foram fechados. Em Cuba era proibido se falar no genocídio de 1.912”.

Revolução

Nos primeiros anos da Revolução, o Movimento Negro ressurge com Waltério Carbonell. “Carbonell foi destruido num Hospital Psiquiátrico. Eu mesmo fugi do país, protegido pelas embaixadas africanas. Depois de 28 dias numa prisão, acusado de subversão racial, tinha então 19 anos, e estava convencido de que ia ser executado. Eu e outros dirigentes éramos apontados como porta-vozes do novo racismo negro, submetidos aos Tribunais. Foi obrigado a uma declaração em que confessava que estava errado ao falar de racismo por não conhecer Cuba e confundir Cuba com os EUA”, acrescentou. Segundo Moore, o dirigente, provavelmente 72 anos (ele não sabe ao certo) bastante debilitado e doente , ainda vive, porém, psicologicamente foi destruído.Moore contou que, com a queda da União Soviética, o Estado cubano reconsiderou a questão racial , e ele, 34 anos depois de ter perdido o direito de se declarar cubano, o recuperou. “Só depois de 34 anos, Fidel Castro me permitiu retornar com a condição de não falar em racismo e não posso ficar mais de 42 dias no meu país”, acrescentou. Apesar disso, Moore está mais otimista, depois que Raul Castro, irmão de Fidel, assumiu o poder com o afastamento de Fidel com a saúde debilitada. “Depois de 48 anos de repressão, sob essa questão está tomando essa direção sob Raul Castro. O regime passou a admitir discutir o tema do racismo, porém, apenas entre os quadros do Partido Comunista, que representa somente 5% dos cubanos”. Não se atreve a discutir esse tema na sociedade.”No final, ainda emocionado, e sob aplausos, Moore desculpou-se. “Me aconteceu algo que nunca me acontece. A memória do que aconteceu chegou a me perturbar”.No momento, a população negra de Cuba é calculada entre 62% e 64% da população do país.

Frei Leandro deixa Fórum

O Frei Antonio Leandro da Silva, coordenador do Fórum SP da Igualdade Racial, que nos últimos meses esteve à frente da luta pela aprovação do Estatuto, do PL 73/99 e da PEC 02/06, iniciada pelo Movimento Brasil Afirmativo, no ano passado, está deixando a coordenação do Fórum para retornar ao Piauí e Maranhão, onde continuará as pesquisas de campo do seu Curso de Mestrado."Não posso negligenciar meus estudos, pois minha Província (a forma de organização dos frades franciscanos no interior da Igreja Católica) exige da minha pessoa responsabilidade e coerência enquanto membro da instituição. Aprendi muito com cada membro do Fórum. Fiz tudo que estava ao meu alcance graças às contribuições de todas as lideranças que representam o Fórum", disse o Frei, iniciando suas despedidas numa longa carta endereçada as lideranças e entidades. Desde agosto, a direção executiva da Educafro, já vinha sendo ocupada pelo Frei Valnei.Nesta quinta-feira (06/12), Frei Leandro anunciará os nomes da coordenação que deverá prosseguir a luta pela aprovação do Estatuto. "Vamos melhor nos articularmos interiormente para que, exteriormente, possamos fazer a III Jornada: acompanhar e mobilizar os parlamentares que farão parte da Comissão Especial. Devemos não só conhecer quais serão os parlamentares da Comissão Especial, como também manter, permanentemente, contato para que as discussões sejam acompanhadas e se sintam na obrigação de pautar o Estatuto da Igualdade Racial e o Cotas para a votação no Congresso Nacional", afirmou.A saída de Frei Leandro da direção do Fórum está sendo lamentada pelas lideranças, que atribuem a ele e ao seu perfil aglutinador, o avanço na luta pela aprovação do projeto do Estatuto, que estava há anos parado no Congresso.

Colômbia quer combater racismo

A população negra colombiana, estimada em 11% do total de 44 milhões, começa a se organizar para enfrentar o racismo, que mantém a maioria em situação de desvantagem nos indicadores. Por iniciativa do Centro de Investigações Sócio-jurídicas da Universidade dos Andes, em colaboração com o Processo de Comunidades Negras (PCN) e o Centro de Estudos de Direito, Justiça e Sociedade (Dejusticia) foi criado em maio passado o Observatório de Discriminação Racial.Para conhecer a realidade da população negra brasileira, o Observatório mandou ao Brasil, a pesquisadora Laura Rico Gutiérrez de Piñeres, que entrevistou lideranças da Geledés – Organização das Mulheres Negras e o jornalista Dojival Vieira, presidente da ONG ABC SEM RACISMO e editor de Afropress.O Observatório é um espaço de investigação e discussão para documentar as práticas de racismo e desenvolver ações contra elas. Para isso, trabalha com organizações e comunidades afrodescendentes de seis cidades: Bogotá, Buenaventura, Cali, Cartagena, Medellín e Tumaco.Atualmente, 76% dos afrocolombianos vive em condições de extrema pobreza e 42% está desempregado. Só dois em cada 100 jovens afrodescendentes chegam à Universidade e o número de crianças negras que morrem antes dos três anos supera três vezes.Segundo Laura Rico, a viagem ao Brasil, onde esteve também no Rio de Janeiro, serviu para recolher experiências da situação estrutural do racismo brasileiro e aprender com as experiências das entidades e organizações que lutam pela igualdade racial.


Fonte: Afropress

December 01, 2007

II FESTIVAL ÁFRICA-BRASIL movimenta o Pelourinho neste final de semana

A Fundação Cultural Palmares/MinC, em conjunto com a BYI Projetos Culturais, Secretaria de Cultura da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador e Petrobras realizam neste final de semana (dias 1º e 2) de dezembro, a Segunda Edição do Festival África-Brasil. Todos os shows serão realizados no Largo do Pelourinho. No dia 1º as atividades começam às 20h e no dia 2, às 19h. E o melhor, tudo com entrada franca.
Muita música, cultura e festa irá compor a tônica do II Festival África-Brasil. A comissão organizadora garante que o Pelourinho será pequeno para abrigar ao intenso volume de público, que irá cantar e dançar sucessos de Jorge Ben Jor, Martinho da Vila, Margareth Menezes, entre outros. A atração internacional ficará por conta da presença da banda senegalês Cheikh Lô. A festividade não ficará restrita apenas ao palco principal montado no Largo do Pelourinho. Grupos baianos como a Banda Didá, Boiada Multicor e Mamulengos farão o percurso do Terreiro de Jesus para o Largo do Pelourinho levando o povo a dançar e percorrer as ruas do Centro Histórico reverenciando a toda a herança negra.
Para a criadora do evento, a socióloga e produtora cultural Beth Cayres, o principal objetivo do Festival África Brasil é promover o aprofundamento de vínculos entre o Brasil com países e povos da África, principalmente no mundo musical. O gerente regional de comunicação institucional da Petrobras no Nordeste, Rosemberg Pinto, ressalta que esse intercâmbio cultural é fundamental para o resgate da auto-estima da população negra e da verdadeira história do Brasil. "A Petrobras tem orgulho de estar contribuindo para esse resgate. Recentemente patrocinamos a construção da sede do Ilê Ayiê, a Senzala do Barro Preto no Curuzu; lançamos também o documentário Quilombos da Bahia, de Antônio Olavo, que já está sendo distribuído para as escolas públicas, o que nos assegura que a história da Bahia negra já começa a ser recontada aqui no estado", diz o dirigente.


Peculiaridades sobre a África

Este é o segundo ano que acontece o Festival África Brasil e a vontade da criadora Beth Cayres, é que ele seja realizado anualmente, sempre no mês de novembro. Segundo Cayres, a idéia de criar o Festival surgiu a partir da necessidade do Brasil conhecer mais sobre o continente africano. "Os debates aqui no Brasil giram à volta da lembrança cultural e religiosa de um pequeníssimo pedaço da África, no Golfo da Guiné, que deu origem ao candomblé. A ausência de uma historiografia do Brasil sobre a África junta-se a uma ausência de conhecimento da produção africana sobre a história universal", opina Cayres.
Segundo a criadora é que hoje, mais do que nunca, brasileiros já começam a prestar atenção nas peculiaridades da África e africanos se voltam para saber mais sobre nosso país. O Brasil se orgulha de seus antepassados africanos e a África se orgulha de seus filhos brasileiros". Ainda de acordo com Cayres, nada mais natural do que abrigar o festival África Brasil em Salvador, já que a capital baiana tem mais da metade de sua população afro-descendente.

Programação

Image and video hosting by TinyPic

No dia 1º, o Festival começa ás 20h com "Os Negões". Depois é a vez do O Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Bahia, levar todo seu charme e swing para o Terreiro de Jesus. Em seguida é a vez da banda Cheikh Lô mostrar para a Bahia um pouco da cultura do Senegal. Para encerrar o primeiro dia do evento, Jorge Ben Jor vai levar muita energia para o Festival África Brasil, tocando seus grandes sucessos. O segundo dia do Festival começa ás 19h com o grupo afro-baiano Muzenza. Em seguida, é a vez de Margareth Menezes subir ao palco e com seu famoso vozeirão fazer todo mundo sair do chão no show que comemora seus vinte anos de carreira. E para fechar o II Festival África Brasil com chave de ouro, o gingado e malemolência do sambista Martinho da Vila. Homenagem justa ao Dia do Samba (2 de dezembro), com o show "Martinho da Vila, do Brasil e do Mundo", do cantor que é um dos maiores ícones desse estilo musical.