Comunidade quilombola de Paraty - RJ, une forças para o desenvolvimento
Reconhecida pela Fundação Cultural Palmares e já titulada, a comunidade de Campinho da Independência em Paraty - RJ promove o desenvolvimento sustentável
Num espaço de aproximadamente 5 mil metros quadrados é possível visitar uma casa de artesanato, um viveiro de plantas e um restaurante. Uma realidade aparentemente comum, mas que mudou há alguns meses a vida de mais de 400 quilombolas do Rio de Janeiro.
A comunidade Campinho da Independência, distante 15 quilômetros da cidade histórica de Paraty, é hoje sinônimo de sustentabilidade. Os descendentes de escravos trabalham na comunidade de forma coletiva para garantir o desenvolvimento local. São mãos que, juntas, trabalham com plantação de palmito, milho e feijão na horta; que promovem a educação infantil para as crianças; que erguem tijolos juntos na construção de novas casas; e que incentivam o artesanato e música. Essa é, na avaliação do líder comunitário Vagner do Nascimento, a melhor herança a ser deixada para gerações futuras da comunidade.
"O que a gente procura fazer nos trabalhos é gerar a sustentabilidade local. Ou seja, não dá para trabalhar e comercializar um produto, como é o caso do artesanato e do restaurante. É preciso resgatar a cultura afro e passar isso para os descendentes e turistas que visitam o Campinho", afirma.
O restaurante quilombola é o mais novo projeto por ali. Quem senta numa das cadeiras sob a estrutura - de concreto e telha de barro - construída pela comunidade e pede o cardápio, logo se integra à cultura afrodescendente. O cardápio feito de palha é confeccionado por um dos 23 artesões da comunidade. A refeição é servida em utensílios fabricados pelas mãos dos mesmos: vasilhames de barro e cerâmica. O artesanato, aliado ao restaurante, é uma das fontes de renda daquela comunidade. Eles trabalham também com palha, bambu, cipó e sementes.
Quem faz a recepção do restaurante é a extrovertida Flávia Martins. Negra, alta e com sorriso largo e dentes brancos, ela mesma se diz Relações Públicas do local, além de atuar como educadora e guia cultural no antigo quilombo. "Olha, mas quando falo de ser educadora é que aqui no quilombo a gente trabalha com a idéia de sustentabilidade. Então eu faço trabalhos com os mais jovens em relação à reciclagem, à cultura negra e como contadora de histórias", ressalta a jovem de 25 anos.
A nova estrutura do restaurante quilombola existe a pouco mais de seis meses. Existia a idéia de fazer um turismo sustentável, mas que só foi concretizada com a parceria entre a Petrobras, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA) e articulação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
"Depois que a gente conseguiu fazer articulações, a comunidade já produz ovos e carne. Temos um viveiro de plantas com palmito, por exemplo. E toda essa produção vai para o restaurante e para consumo próprio", conta Nascimento. Os quilombolas de Campinho cultivam arroz, feijão e milho. Plantam também mandioca e cana-de-açúcar, usadas para a produção de diversos produtos.
O cardápio do restaurante é típico da cultura afrodescendente e bem variado: frango caipira, tutu de feijão, peixe marinho com ensopado de banana. Mas a atração principal mesmo é o feijão preto! E, com ele, em dias de visitas dos turistas e de alta movimentação, o almoço tem também dança típica e muita música. "Tudo para resgatar a nossa cultura", recorda Flávia.
A bebida mais pedida no restaurante é o de Jussara - também conhecido como palmito-doce. Primo do Açaí, a polpa de Jussara tem gosto semelhante, mas Flávia não hesita em dizer que é "bem mais nutritiva e gostosa".
"Tudo que é produzido aqui na comunidade é consumido aqui mesmo. A gente aproveita tudo e transforma em consumo", ressalta Flávia. Estão capacitadas para trabalhar na cozinha 25 mulheres. Por mês, cerca de 500 pessoas visitam o restaurante na comunidade Campinho. Os pratos variam de R$ 30 a R$ 50. Apesar dos bons resultados, o restaurante ainda funciona com aparelhos de refrigeração emprestados. Realidade que já está com os dias contatos se depender do Serviço Social da Indústria (SESI). Por meio da Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias (SAIP/MDS), o Sesi investiu R$ 26 mil para a aquisição de aparelhos eletrônicos, mesas, cadeiras e outros.
Histórico da comunidade Campinho
Em laudos históricos e na lembrança dos próprios moradores, a comunidade quilombola Campinho da Independência surgiu no final do século XIX com a decadência do regime escravocrata. Teve início por meio de três mulheres negras - duas irmãs e uma prima. Antonica, Marcelina e Luísa receberam terras do dono da fazenda Independência.
Campinho da Independência foi a primeira comunidade quilombola do Estado do Rio de Janeiro a ter terras tituladas, de acordo com Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Em 21 de março de 1999, os quilombolas de Campinho receberam da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Assuntos Fundiários do Estado do Rio de Janeiro o reconhecimeento do quilombo,com 280 hectares. Campinho é a única comunidade quilombola titulada no Estado.
Fonte: Fundação Palmares
Num espaço de aproximadamente 5 mil metros quadrados é possível visitar uma casa de artesanato, um viveiro de plantas e um restaurante. Uma realidade aparentemente comum, mas que mudou há alguns meses a vida de mais de 400 quilombolas do Rio de Janeiro.
A comunidade Campinho da Independência, distante 15 quilômetros da cidade histórica de Paraty, é hoje sinônimo de sustentabilidade. Os descendentes de escravos trabalham na comunidade de forma coletiva para garantir o desenvolvimento local. São mãos que, juntas, trabalham com plantação de palmito, milho e feijão na horta; que promovem a educação infantil para as crianças; que erguem tijolos juntos na construção de novas casas; e que incentivam o artesanato e música. Essa é, na avaliação do líder comunitário Vagner do Nascimento, a melhor herança a ser deixada para gerações futuras da comunidade.
"O que a gente procura fazer nos trabalhos é gerar a sustentabilidade local. Ou seja, não dá para trabalhar e comercializar um produto, como é o caso do artesanato e do restaurante. É preciso resgatar a cultura afro e passar isso para os descendentes e turistas que visitam o Campinho", afirma.
O restaurante quilombola é o mais novo projeto por ali. Quem senta numa das cadeiras sob a estrutura - de concreto e telha de barro - construída pela comunidade e pede o cardápio, logo se integra à cultura afrodescendente. O cardápio feito de palha é confeccionado por um dos 23 artesões da comunidade. A refeição é servida em utensílios fabricados pelas mãos dos mesmos: vasilhames de barro e cerâmica. O artesanato, aliado ao restaurante, é uma das fontes de renda daquela comunidade. Eles trabalham também com palha, bambu, cipó e sementes.
Quem faz a recepção do restaurante é a extrovertida Flávia Martins. Negra, alta e com sorriso largo e dentes brancos, ela mesma se diz Relações Públicas do local, além de atuar como educadora e guia cultural no antigo quilombo. "Olha, mas quando falo de ser educadora é que aqui no quilombo a gente trabalha com a idéia de sustentabilidade. Então eu faço trabalhos com os mais jovens em relação à reciclagem, à cultura negra e como contadora de histórias", ressalta a jovem de 25 anos.
A nova estrutura do restaurante quilombola existe a pouco mais de seis meses. Existia a idéia de fazer um turismo sustentável, mas que só foi concretizada com a parceria entre a Petrobras, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA) e articulação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
"Depois que a gente conseguiu fazer articulações, a comunidade já produz ovos e carne. Temos um viveiro de plantas com palmito, por exemplo. E toda essa produção vai para o restaurante e para consumo próprio", conta Nascimento. Os quilombolas de Campinho cultivam arroz, feijão e milho. Plantam também mandioca e cana-de-açúcar, usadas para a produção de diversos produtos.
O cardápio do restaurante é típico da cultura afrodescendente e bem variado: frango caipira, tutu de feijão, peixe marinho com ensopado de banana. Mas a atração principal mesmo é o feijão preto! E, com ele, em dias de visitas dos turistas e de alta movimentação, o almoço tem também dança típica e muita música. "Tudo para resgatar a nossa cultura", recorda Flávia.
A bebida mais pedida no restaurante é o de Jussara - também conhecido como palmito-doce. Primo do Açaí, a polpa de Jussara tem gosto semelhante, mas Flávia não hesita em dizer que é "bem mais nutritiva e gostosa".
"Tudo que é produzido aqui na comunidade é consumido aqui mesmo. A gente aproveita tudo e transforma em consumo", ressalta Flávia. Estão capacitadas para trabalhar na cozinha 25 mulheres. Por mês, cerca de 500 pessoas visitam o restaurante na comunidade Campinho. Os pratos variam de R$ 30 a R$ 50. Apesar dos bons resultados, o restaurante ainda funciona com aparelhos de refrigeração emprestados. Realidade que já está com os dias contatos se depender do Serviço Social da Indústria (SESI). Por meio da Secretaria de Articulação Institucional e Parcerias (SAIP/MDS), o Sesi investiu R$ 26 mil para a aquisição de aparelhos eletrônicos, mesas, cadeiras e outros.
Histórico da comunidade Campinho
Em laudos históricos e na lembrança dos próprios moradores, a comunidade quilombola Campinho da Independência surgiu no final do século XIX com a decadência do regime escravocrata. Teve início por meio de três mulheres negras - duas irmãs e uma prima. Antonica, Marcelina e Luísa receberam terras do dono da fazenda Independência.
Campinho da Independência foi a primeira comunidade quilombola do Estado do Rio de Janeiro a ter terras tituladas, de acordo com Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Em 21 de março de 1999, os quilombolas de Campinho receberam da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Assuntos Fundiários do Estado do Rio de Janeiro o reconhecimeento do quilombo,com 280 hectares. Campinho é a única comunidade quilombola titulada no Estado.
Fonte: Fundação Palmares
2 Comments:
At 8:25 pm , TERRACOTA Cultura e Eventos said...
Boa noite.
Vi com alegria a reportagem das atividades executadas na Comunidade Quilombola em Paraty/RJ.
Sou frequentadora da cidade e confesso que senti falta da presença (representatividade) do negro no Centro Histórico.
Sou educadora, negra e casada com um negro.Com certeza irei visitar o espaço na minha próxima estadia.
Atenciosamente,
Célia Cristina Silva de Oliveira - Campo Grande - Rio de Janeiro.
At 2:01 pm , Amanda said...
A comida desse restaurante quilombola é simplemente divina, nunca comi nada tão gostoso como a farofa de camarão com banana.
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