Grupo de dança afro-brasileira é destaque na Itália
Por Meire Gomes
Para quem achava que a cultura do negro brasileiro seria impossível de ser encontrada na Europa, surge um grupo de dança na Itália com o intuito de mostrar que a cultura afro está em todas as partes do mundo.
Por meio do ritmo, da dança e dos cantos, o grupo cultural italiano Beira-mar surgiu com a idéia de apresentar na Europa as culturas africanas deportadas no Brasil e em Cuba no período colonial.
O grupo é composto por uma bailarina baiana - que por longos anos estudou e trabalhou com a dança afro-brasileira e danças folclóricas nacionais e internacionais - e italianos, que têm longa experiência no campo da percussão e da dança em África, Itália, Brasil e Cuba.
"Os cursos são muito freqüentados e apreciados porque a história, os cantos, as danças, os ritmos contidos na cultura afro-brasileira são uma novidade que intriga e fascina.
Tanto que nove pessoas foram comigo a Salvador conhecer de perto essa temática. Uma delas fez a tese universitária sobre esse argumento", afirma Ana Estrela, a brasileira do grupo.
Durante anos, as dançarinas italianas estudaram danças senegaleses e participaram de cursos e stages em Salvador, na Companhia Brasileira de Danças Populares, do mestre King, outro famoso bailarino baiano. Os percussionistas do grupo estudaram em Burkina Faso, Cuba e Salvador. Aqui no Brasil, tiveram aulas com Kal dos Santos, conhecido compositor, cantor e ator do cenário baiano e Gilson Silveira, mineiro e aluno de Naná Vasconcelos.
Ana explica que o grupo nasceu da necessidade de se fornecer informações mais amplas e completas sobre a cultura africana, além de tentar combater a utilização puramente comercial de alguns grupos de conhecimento histórico-cultural. Ela começou a trabalhar com dança em 1982, em Salvador, sob a direção do mestre King. Feqüentou também a Escola de Dança da Fundação Cultural da Bahia. Desde essa época, já havia iniciado suas pesquisas nos terreiros de candomblé, o que aconteceu até o ano de 1997, quando se transferiu para a Itália. "Aqui continuo a promover esse trabalho, com cursos, conferências e coreografias para grupos percussivos, como Bandita e Mitoka Samba", comenta.
A companhia encerrou há um mês seu mais novo espetáculo, que se chama "Origens" e propõe, com seus vários quadros, uma comunicação direta com as expressões culturais da diáspora afro-brasileira.
O uso de instrumentos como congas, agogó, xequeré, djembé e os batás cubanos enfatiza as coreografias, junto com os cantos em iorubá, as cantigas do samba de roda, do baião e a versatilidade percussiva, que passam da intensidade contemporânea à força dos movimentos africanos, numa atmosfera mágica e fascinante.
"O espetáculo foi muito apreciado e cumprimentado. Tanto que decidimos constituir uma associação afro-brasileira, a primeira na Itália, para divulgar o tema por meio de livros, documentários, discos, stages, cursos, conferências etc", finaliza a idealizadora do projeto.
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