Uma variedade de "tum-tuns" faz os ritmos brasileiros
Até o ritmo do coração é individual. Uns fazem tum tum tum. Outros fazem tum.....tum.....tum. A musicalidade e o ritmo de cada um é diferente. Imagina o que isso não resultaria num país imenso e miscigenado como o Brasil, onde temos italianos, alemães, africanos, índios, franceses, portugueses, espanhóis, holandeses, chineses, japoneses e tantos outros.
Os vários compassos e tempos do Brasil
Na edição passada, contamos um pouco da história da Música Popular Brasileira (MPB), apresentando os diversos estilos desenvolvidos por compositores e músicos brasileiros, a partir da mistura cultural de todo o país. De fato, o Brasil é muito rico em ritmos musicais, que aqui se originaram e se tornaram conhecidos internacionalmente. O samba, por exemplo, juntamente com o futebol, é uma de nossas expressões mais conhecidas no exterior. Mas ainda temos o frevo, o maracatu, o baião... Vamos conhecer a seguir alguns desses ritmos.
FREVO
Segundo o pesquisador das manifestações culturais brasileiras Câmara Cascudo, o frevo é uma marcha de ritmo sincopado, violento e frenético. "A multidão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa idéia de fervura (o povo pronuncia ´frevura´, ´frever´, etc.), que se criou o nome 'frevo'". A dança teve origem nos movimentos da capoeira. A coreografia é improvisada e quase acrobática, executada originalmente com roupas coloridas e uma sombrinha, ornamento que mais caracteriza o passista. O frevo tanto é dançado na rua, como no salão, sendo o seu berço o Estado de Pernambuco.
BAIÃO, XOTE E XAXADO
Ainda conforme Câmara Cascudo, o baião associa os termos "baiano" e "rojão", pequenos trechos musicais executados por viola, no intervalo dos desafios entre os cantadores de improviso. Mas o gênero consagrou-se e ganhou novas características quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga o popularizou através do rádio em todo o Brasil. É este o ritmo que predomina hoje nos forrós.
O xote é um ritmo mais lento, para se dançar a dois, de origem alemã, mas que se radicou no Nordeste e mistura os passos de valsa e de polca.
Quanto ao xaxado, originalmente era uma dança exclusivamente masculina, executada pelos cangaceiros, sem acompanhamento instrumental para o canto, com o ritmo marcado pela coronha dos rifles, batidos no chão. O nome xaxado deve ser uma onomatopéia do xá-xá-xá que faziam as alpercatas de couro ao se arrastarem no chão. A dança, difundida por Lampião e seu bando, dispensava a presença feminina. Segundo Luiz Gonzaga, "nessa dança, a dama é o rifle".
COCO, LUNDU E MAXIXE
Outra dança tradicional do Nordeste e do Norte, o coco tem origem incerta: alguns dizem que veio da África com os escravos, e há quem defenda ser resultado do encontro entre as culturas negra e índia. Apesar de freqüente no litoral, o coco teria surgido no Quilombo dos Palmares, a partir do ritmo em que os cocos eram quebrados para a retirada da amêndoa. A sua forma musical é cantada, com acompanhamento de um ganzá ou pandeiro e da batida dos pés. Também conhecido como samba, pagode ou zambê, o coco originalmente se dá em uma roda de dançadores e tocadores, que giram e batem palmas.
Já o lundu foi o primeiro gênero afro-brasileiro de canção popular. Tinha uma natureza sensual e humorística, praticada por negros e mulatos em rodas de batuque. A sensualidade dos movimentos levou a Corte e o Vaticano a proibirem a dança no século passado, por simbolizar um convite que os homens fazem às mulheres "para um encontro de amor sexual". Mas, mesmo às escondidas, o lundu foi ressurgindo, mais comportado, principalmente em três Estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e na Ilha do Marajó, no Pará.
O maxixe apareceu entre 1870 e 1880, como dança, e tornou-se gênero musical por volta de 1902.
MARACATU
Tem origem negra e religiosa. Grupos de negros acompanhavam os reis do Congo, eleitos pelos escravos, que eram coroados nas igrejas, e depois faziam um batuque em homenagem à padroeira ou, em especial, a Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos homens negros. A tradição religiosa se perdeu e o grupo convergiu para o carnaval, mas conservou elementos próprios, diferentes dos de outros cordões ou blocos carnavalescos. À frente do grupo vão rei e rainha, príncipes, embaixadores, dançarinas e indígenas. Simplesmente se desfila ao ritmo dos tambores. O ritmo surgiu em Pernambuco, mas também se encontra em outros Estados da região Nordeste.
FORRÓ
O nome forró deriva de forrobodó, "divertimento pagodeiro", segundo o folclorista Câmara Cascudo. O forró era, em sua origem, um baile animado por vários gêneros musicais, como baião, xote e xaxado. Nesse sentido, também era conhecido como "arrasta-pé" ou "bate-chinela". É uma dança popular característica dos arraiais nos festejos juninos. O forró, hoje, é praticamente um gênero musical que engloba os ritmos acima mencionados. Sua origem é o sertão nordestino e os instrumentos musicais utilizados são basicamente a sanfona ou acordeão, o triângulo e a zabumba.
MÚSICA INDÍGENA
Mencionada desde os primeiros tempos coloniais, a música indígena, ou o que dela restou, só passaria a receber mais atenção acadêmica e oficial a partir do trabalho de pesquisa de Villa Lobos no século XX. Nas reservas onde ainda vivem seus descendentes, alguns ritos religiosos e festejos sociais de longa tradição ainda são encontrados de forma mais ou menos autêntica, como as cerimônias do Kuarup, do Ouricuri e do Umbu, em que a música e a dança desempenham importante papel cultural. A música indígena tinha, e ainda tem, um caráter sobrenatural, sendo ligada, desde suas origens imemoriais, a mitos fundadores e usada com finalidades de socialização, culto, ligação com os ancestrais e exorcismo, magia ou cura. Na maioria dos casos, a música é associada à dança ritual.
Ensino de Música agora é Lei
Em três anos, todas as escolas brasileiras terão de incluir, no currículo da Educação Básica, o ensino de Música. A determinação consta na Lei 11.769, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de agosto deste ano. O período de três anos servirá para que os sistemas de ensino se adaptem às exigências estabelecidas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Sérgio Luiz de Figueiredo, os benefícios da música podem ser analisados de diferentes ângulos: "De uma forma geral, a música faz parte das manifestações culturais. Contribui para a formação humanística, para que as pessoas participem da interação social e compreendam as manifestações sociais. Também há os benefícios cognitivos, melhorando o desempenho em outras áreas do conhecimento, além de todos os benefícios sociais", argumenta. Para ele, a música tem entrado como componente muito forte no resgate do cidadão e no desenvolvimento da auto-estima, por instituições que trabalham com crianças carentes e pessoas em situação de risco.
Figueiredo afirmou que, a partir de agora, iniciam-se as discussões de como inserir a Música no Ensino Básico de uma forma efetiva e considerando as diversidades de cada região.
Fonte: A Razão Online
Os vários compassos e tempos do Brasil
Na edição passada, contamos um pouco da história da Música Popular Brasileira (MPB), apresentando os diversos estilos desenvolvidos por compositores e músicos brasileiros, a partir da mistura cultural de todo o país. De fato, o Brasil é muito rico em ritmos musicais, que aqui se originaram e se tornaram conhecidos internacionalmente. O samba, por exemplo, juntamente com o futebol, é uma de nossas expressões mais conhecidas no exterior. Mas ainda temos o frevo, o maracatu, o baião... Vamos conhecer a seguir alguns desses ritmos.
FREVO
Segundo o pesquisador das manifestações culturais brasileiras Câmara Cascudo, o frevo é uma marcha de ritmo sincopado, violento e frenético. "A multidão ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa idéia de fervura (o povo pronuncia ´frevura´, ´frever´, etc.), que se criou o nome 'frevo'". A dança teve origem nos movimentos da capoeira. A coreografia é improvisada e quase acrobática, executada originalmente com roupas coloridas e uma sombrinha, ornamento que mais caracteriza o passista. O frevo tanto é dançado na rua, como no salão, sendo o seu berço o Estado de Pernambuco.
BAIÃO, XOTE E XAXADO
Ainda conforme Câmara Cascudo, o baião associa os termos "baiano" e "rojão", pequenos trechos musicais executados por viola, no intervalo dos desafios entre os cantadores de improviso. Mas o gênero consagrou-se e ganhou novas características quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga o popularizou através do rádio em todo o Brasil. É este o ritmo que predomina hoje nos forrós.
O xote é um ritmo mais lento, para se dançar a dois, de origem alemã, mas que se radicou no Nordeste e mistura os passos de valsa e de polca.
Quanto ao xaxado, originalmente era uma dança exclusivamente masculina, executada pelos cangaceiros, sem acompanhamento instrumental para o canto, com o ritmo marcado pela coronha dos rifles, batidos no chão. O nome xaxado deve ser uma onomatopéia do xá-xá-xá que faziam as alpercatas de couro ao se arrastarem no chão. A dança, difundida por Lampião e seu bando, dispensava a presença feminina. Segundo Luiz Gonzaga, "nessa dança, a dama é o rifle".
COCO, LUNDU E MAXIXE
Outra dança tradicional do Nordeste e do Norte, o coco tem origem incerta: alguns dizem que veio da África com os escravos, e há quem defenda ser resultado do encontro entre as culturas negra e índia. Apesar de freqüente no litoral, o coco teria surgido no Quilombo dos Palmares, a partir do ritmo em que os cocos eram quebrados para a retirada da amêndoa. A sua forma musical é cantada, com acompanhamento de um ganzá ou pandeiro e da batida dos pés. Também conhecido como samba, pagode ou zambê, o coco originalmente se dá em uma roda de dançadores e tocadores, que giram e batem palmas.
Já o lundu foi o primeiro gênero afro-brasileiro de canção popular. Tinha uma natureza sensual e humorística, praticada por negros e mulatos em rodas de batuque. A sensualidade dos movimentos levou a Corte e o Vaticano a proibirem a dança no século passado, por simbolizar um convite que os homens fazem às mulheres "para um encontro de amor sexual". Mas, mesmo às escondidas, o lundu foi ressurgindo, mais comportado, principalmente em três Estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e na Ilha do Marajó, no Pará.
O maxixe apareceu entre 1870 e 1880, como dança, e tornou-se gênero musical por volta de 1902.
MARACATU
Tem origem negra e religiosa. Grupos de negros acompanhavam os reis do Congo, eleitos pelos escravos, que eram coroados nas igrejas, e depois faziam um batuque em homenagem à padroeira ou, em especial, a Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos homens negros. A tradição religiosa se perdeu e o grupo convergiu para o carnaval, mas conservou elementos próprios, diferentes dos de outros cordões ou blocos carnavalescos. À frente do grupo vão rei e rainha, príncipes, embaixadores, dançarinas e indígenas. Simplesmente se desfila ao ritmo dos tambores. O ritmo surgiu em Pernambuco, mas também se encontra em outros Estados da região Nordeste.
FORRÓ
O nome forró deriva de forrobodó, "divertimento pagodeiro", segundo o folclorista Câmara Cascudo. O forró era, em sua origem, um baile animado por vários gêneros musicais, como baião, xote e xaxado. Nesse sentido, também era conhecido como "arrasta-pé" ou "bate-chinela". É uma dança popular característica dos arraiais nos festejos juninos. O forró, hoje, é praticamente um gênero musical que engloba os ritmos acima mencionados. Sua origem é o sertão nordestino e os instrumentos musicais utilizados são basicamente a sanfona ou acordeão, o triângulo e a zabumba.
MÚSICA INDÍGENA
Mencionada desde os primeiros tempos coloniais, a música indígena, ou o que dela restou, só passaria a receber mais atenção acadêmica e oficial a partir do trabalho de pesquisa de Villa Lobos no século XX. Nas reservas onde ainda vivem seus descendentes, alguns ritos religiosos e festejos sociais de longa tradição ainda são encontrados de forma mais ou menos autêntica, como as cerimônias do Kuarup, do Ouricuri e do Umbu, em que a música e a dança desempenham importante papel cultural. A música indígena tinha, e ainda tem, um caráter sobrenatural, sendo ligada, desde suas origens imemoriais, a mitos fundadores e usada com finalidades de socialização, culto, ligação com os ancestrais e exorcismo, magia ou cura. Na maioria dos casos, a música é associada à dança ritual.
Ensino de Música agora é Lei
Em três anos, todas as escolas brasileiras terão de incluir, no currículo da Educação Básica, o ensino de Música. A determinação consta na Lei 11.769, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de agosto deste ano. O período de três anos servirá para que os sistemas de ensino se adaptem às exigências estabelecidas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Sérgio Luiz de Figueiredo, os benefícios da música podem ser analisados de diferentes ângulos: "De uma forma geral, a música faz parte das manifestações culturais. Contribui para a formação humanística, para que as pessoas participem da interação social e compreendam as manifestações sociais. Também há os benefícios cognitivos, melhorando o desempenho em outras áreas do conhecimento, além de todos os benefícios sociais", argumenta. Para ele, a música tem entrado como componente muito forte no resgate do cidadão e no desenvolvimento da auto-estima, por instituições que trabalham com crianças carentes e pessoas em situação de risco.
Figueiredo afirmou que, a partir de agora, iniciam-se as discussões de como inserir a Música no Ensino Básico de uma forma efetiva e considerando as diversidades de cada região.
Fonte: A Razão Online
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