ALGUNS DOS ORIXÁS NOS CANDOMBLÉS DE NAÇÃO ADAPTADOS EM TERRAS BRASILEIRAS
EWÁ
Euá era filha de Nanã Também filhos de Nanã eram Obaluaê, Oxumarê e Ossaim. Esses irmãos regiam o chão da Terra. A terra, o solo, o subsolo, era tudo prosperidade de Nanã e sua família. Nanã queria o melhor para seus filhos, queria que Euá casasse com alguém que a amparasse. Nanã pediu a Orunmilá bom casamento para Euá. euá era linda e carinhosa. Mas ninguém se lembrou de oferecer sacrifício algum para garantir a empreitada. Vários príncipes ofereceram-se prontamente a desposar Euá. E eram tantos os pretendentes que logo uma contenda entre eles se armou. A concorrência pela mão da princesa transformou-se em pugna incessante e mortal. Jovens se digladiavam até a morte. Vinham de muito longe, lutavam como valentes para conquistar sua beleza. Mas a cada vencedor, Euá não se decidia. Euá não aceitava o pretendente. vinham novos candidatos e outros combates. euá não conseguia decidir-se, ainda que tão ansiosa estivesse para casar-se e acabar de vez com o sangramento campeonato. Tudo estava feio e triste no reino de Nanã, a terra seca, o sol quase apagara. só a morte dos noivos imperava. Euá foi então à casa de Orunmilá para que ele a ajudasse a resolver aquela situação desesperadora e pôr um fim àquela mortandade. Euá fez os ebós encomendados por Ifá. Os ventos mudaram, os céus se abriram, o sol escaldava a terra e, para o espanto de todos, a princesa começou a desintegrar-se. Foi desaparecendo, perdendo a forma, até evaporar-se completamente e transformar-se em densa e branca bruma. E a névoa radiante de Euá espalhou-se pela Terra. E na névoa da manhã Euá cantarolava feliz e radiante. Com força e expressões inigualáveis cantava a bruma. O Supremo Deus determinou então que Euá zelasse pelos indecisos amantes, olhasse seus problemas, guiasse suas relações.
EXÚ
Exu era o irmão mais novo de Ogum, Odé e outros orixás. Era tão turbulento e criava tanta confusão que um dia o rei, já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Exu estava no exílio, seus irmãos continuavam a receber festas e louvações. Exu não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Exu visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários. Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda sorte de desassossego, desgraça e confusão. Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que se descobrissem as causas desses males. Então os babalorixás reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Exu foi quem falou no jogo. Disse nos odus que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes dos demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Exu. Os babalorixás caçoaram do babalaô, não deram a menor importância às as suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levanta-se para ir embora, estavam todos grudados nas cadeiras. Sim, era mais uma das ofensas de Exu! O babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levanta-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Exu. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães de santo, naquele dia e sempre desde então.
LOGUN EDÉ
Logum Edé era caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era um caçador pretensioso e ganancioso, e muitos o bajulavam pela sua formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o levou para viver em sua casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão. Mas Logum Edé queria muito mais, queria mais. E roubou alguns segredos de Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à mostra, confiando na honestidade de Logum. O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu a costas a Oxalá e fugiu. Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levara seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e muito calmamente sentenciou que toda vez que Logum Edé usasse um dos segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio: "Que maravilha o milagre de Oxalá!", Toda vez que usasse seus segredos alguma arte não roubada ia faltar. Oxalá imaginou o caçador sendo castigado e compreendeu que era pequena a pena imposta. O caçador era presumido e ganancioso, acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim de ser completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo da caça, e noutro tempo, no rio, comendo peixe. Nunca haveria assim de ser completo. Começar sempre de novo era sua sina. Mas a sentença era ainda nada para o tamanho do orgulho do Odé. Para que o castigo durasse a eternidade, Oxalá fez de Logum Edé um orixá.
Fonte: Livro Mitologia dos Orixás, 2001
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