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July 18, 2009

Educação guineense à procura de uma 'visão'

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Por Meire Gomes

Com uma baixa taxa de alfabetização e uma escolaridade obrigatória que dura apenas até ao sexto ano, há quem aponte a falta de uma política de Educação na Guiné-Bissau para as deficiências que ensombram o país. A convulsão política e as dificuldades económicas têm obrigado alunos, pais e professores a um esforço redobrado.
Nas ruas de Bissau e um pouco por todo o país foram milhares os jovens que saíram às ruas em actividades de campanha impulsionados pelas promessas dos candidatos. Desenvolvimento, paz, verdade... Mas independentemente das mensagens desta campanha, para muitos destes jovens o maior desejo é apenas a oportunidade de estudarem.


“Chamo-me Mamadou Conté e tornei-me motorista desde que acabei os estudos. Não pude continuar devido à falta de condições. Terminei o meu 11º ano, mais do que a maioria, mas isso não é suficiente para mim.

Mamadou quer ir para o ensino superior mas teria de pagar cerca de 45 dólares por mês na Universidade Pública.

Despesas

“Não tenho isso para pagar… E com o meu trabalho também não me sobraria tempo para estudar e frequentar as aulas”, lamentou.

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Terminei o meu 11º ano, mais do que a maioria, mas isso não é suficiente para mim... Mamadou Conté, motorista em Bissau


Como é então a vida de um liceu na Guiné-Bissau? Tomemos o exemplo do Liceu Nacional Kwame N’Krumah, onde estudam milhares de alunos sob o olhar atento do seu director, José Júlio César Delgado.

“O nosso maior problema é o pagamento dos salários. Enquanto isso não se resolver, o ensino aqui na Guiné-Bissau está condenado ao fracasso”, considerou.

Os quatro maiores liceus da capital, incluindo este, não tiveram recentemente opção a não ser suspender o ensino.

“Durante sete semanas os professores recusaram-se a dar aulas numa tentativa de reivindicarem os salários que lhes eram devidos. Recomeçámos em Maio e as aulas só duram até Agosto”, deplorou.

Talentos

Inquirido quanto à duração do ensino obrigatório, César Delgado considerou que “esta deve ser alargada mas para isso o Estado deve construir outras escolas. As que existem são da época colonial mas a população escolar está a crescer e não temos outras escolas.”

O diretor do Liceu Nacional Kwame N’Krumah lamentou ainda a ausência de oportunidades para talentos que acabam por não ser descobertos. “Há grandes alunos mas… É a conjuntura!”

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Para José Delgado, director do Liceu Nacional Kwame N’Krumah, em Bissau, o maior problema continua a ser o (não) pagamento dos salários aos profissionais de ensino

Debaixo de um calor intenso, muitos jovens estudam desde as sete da manhã e outros frequentam aulas até à meia-noite. Mas para quase todos, nem o calor nem os horários constituem impedimentos.

Nunes Pereira, um jovem de 19 anos que frequenta a oitava classe, explicou que, devido aos sistemáticos atrasos no pagamento de salários, os pais, não têm possibilidades de lhe pagar os estudos. Isso no entanto não lhe compromete a determinação de regressar à terra da família, no norte, com possibilidades de contribuir para a comunidade.

“Quero ser médico para ajudar muitas pessoas. Aqui na Guiné-Bissau há muitas doenças. É necessário pessoal formado em Medicina”, observou.

Reflexão

Mas não são apenas os recursos limitados do Estado que constituem um entrave à evolução do ensino na Guiné-Bissau. O reitor da Universidade Colinas de Boé, o professor Fafali Koudawo, explica que as raízes dos problemas são mais profundas.

“Estruturalmente temos uma Educação de muito baixo nível. O problema de fundo prende-se a uma política de Educação, que, há muito tempo, o Governo deixou de ter.

“Nós limitamo-nos a ter algumas escolas. Escolas para quê? O País precisa de se concentrar numa verdadeira discussão sobre a Educação Nacional mas como essa reflexão ainda não está feita, os alunos limitam-se a fazer estudos de baixo nível saindo das escolas sem uma verdadeira instrução ou formação”, apontou.

Com mais umas eleições como pano de fundo, em que ponto ficam os sonhos dos jovens guineenses? Ainda com vontade de estudar, Mamadou Conté lança um apelo.

“Quero pedir aos governantes que melhorem as condições dos jovens, principalmente na área da Educação. Temos de melhorar!”

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