Quilombolas vão à praça por agilidade
Cem pessoas participaram de manifesto ontem, na praça Alencastro, para cobrar maior empenho do Incra na solução da posse da área em Livramento
Cerca de 100 quilombolas e entidades que compõem a Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (Remtea) fizeram um ato público para protestar contra o despejo de mais de dez famílias da área de Mata-Cavalo, na cidade de Nossa Senhora do Livramento, 40 quilômetros de Cuiabá. O despejo ocorreu na semana passada com base em decisão judicial em favor de fazendeiros da região.
Os quilombolas reclamam da morosidade do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no processo de desapropriação das terras que estão sob posse de fazendeiros. Vários estudos da Fundação Cultural Palmares, inclusive com decisão judicial, provaram que as terras da região são de remanescentes de quilombo e, segundo portaria do governo federal expedida em 1999, descendentes afro-brasileiros têm o direito de posse dessas áreas.
Com apresentações artísticas e discursos de lideranças da comunidade, eles protestaram contra a atual situação que vivem. A quilombola Gonçalina Eva de Almeida e Silva, uma das lideranças de Mata-Cavalo, disse que muitas famílias estão ao relento e morando na beira da estrada, depois do despejo.
Segundo Gonçalina, a demora do Incra para regularizar a situação do quilombo faz com que ações liminares impetradas por fazendeiros sejam acatadas pela Justiça. "Inclusive, nós sabemos que já tem outro fazendeiro que está conseguindo uma liminar de posse também. O nosso povo é quem acaba sofrendo com tudo isso", defendeu.
Enquanto isso, famílias despejadas, como a da dona Catarina Cassimira de Almeida Curvo, continuam sem ter onde morar. A agricultora de 71 anos contou que está morando em um barraco de lona, montado na beira da estrada. Emocionada, ela lamentou que no despejo teve um guarda-roupa quebrado. O pior, segundo ela, é que não pode nem sequer colher mandioca e cana-de-açúcar que cultivava no local. "É muita humilhação, estamos todos inconformados, arrasados".
A ambientalista Michele Sato, do núcleo de estudos ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é uma das estudiosas que fazem pesquisas em Mata-Cavalo. Na visão dela, a exemplo do que acontece em outros países, aquela comunidade vive o que ela chama de "racismo ambiental". "Em todo mundo, em todas essas brigas e disputas de terra quem acaba sempre levando a pior é o pobre, o negro, o índio. Isso não pode mais acontecer", rechaçou a professora.
Amanhã, às 17h, em Brasília, será realizada uma reunião com presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart. Vão participar o coordenador regional do órgão, João Bosco de Moraes, lideranças de Mata-Cavalo, representantes da Fundação Cultural Palmares e do Movimento Negro. A intenção é acelerar o processo de desapropriação da área e, definitivamente, passar para os quilombolas que ali vivem.
A assessoria de imprensa do Incra informou que ontem dois técnicos do Instituto estavam em Mata-Cavalo fazendo análises e a metragem da área. Esses dados serão anexados ao processo de 49 famílias que ainda não tem uma solução definitiva para esse impasse.
Fonte: Diário de Cuiabá
Cerca de 100 quilombolas e entidades que compõem a Rede Mato-grossense de Educação Ambiental (Remtea) fizeram um ato público para protestar contra o despejo de mais de dez famílias da área de Mata-Cavalo, na cidade de Nossa Senhora do Livramento, 40 quilômetros de Cuiabá. O despejo ocorreu na semana passada com base em decisão judicial em favor de fazendeiros da região.
Os quilombolas reclamam da morosidade do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no processo de desapropriação das terras que estão sob posse de fazendeiros. Vários estudos da Fundação Cultural Palmares, inclusive com decisão judicial, provaram que as terras da região são de remanescentes de quilombo e, segundo portaria do governo federal expedida em 1999, descendentes afro-brasileiros têm o direito de posse dessas áreas.
Com apresentações artísticas e discursos de lideranças da comunidade, eles protestaram contra a atual situação que vivem. A quilombola Gonçalina Eva de Almeida e Silva, uma das lideranças de Mata-Cavalo, disse que muitas famílias estão ao relento e morando na beira da estrada, depois do despejo.
Segundo Gonçalina, a demora do Incra para regularizar a situação do quilombo faz com que ações liminares impetradas por fazendeiros sejam acatadas pela Justiça. "Inclusive, nós sabemos que já tem outro fazendeiro que está conseguindo uma liminar de posse também. O nosso povo é quem acaba sofrendo com tudo isso", defendeu.
Enquanto isso, famílias despejadas, como a da dona Catarina Cassimira de Almeida Curvo, continuam sem ter onde morar. A agricultora de 71 anos contou que está morando em um barraco de lona, montado na beira da estrada. Emocionada, ela lamentou que no despejo teve um guarda-roupa quebrado. O pior, segundo ela, é que não pode nem sequer colher mandioca e cana-de-açúcar que cultivava no local. "É muita humilhação, estamos todos inconformados, arrasados".
A ambientalista Michele Sato, do núcleo de estudos ambientais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), é uma das estudiosas que fazem pesquisas em Mata-Cavalo. Na visão dela, a exemplo do que acontece em outros países, aquela comunidade vive o que ela chama de "racismo ambiental". "Em todo mundo, em todas essas brigas e disputas de terra quem acaba sempre levando a pior é o pobre, o negro, o índio. Isso não pode mais acontecer", rechaçou a professora.
Amanhã, às 17h, em Brasília, será realizada uma reunião com presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart. Vão participar o coordenador regional do órgão, João Bosco de Moraes, lideranças de Mata-Cavalo, representantes da Fundação Cultural Palmares e do Movimento Negro. A intenção é acelerar o processo de desapropriação da área e, definitivamente, passar para os quilombolas que ali vivem.
A assessoria de imprensa do Incra informou que ontem dois técnicos do Instituto estavam em Mata-Cavalo fazendo análises e a metragem da área. Esses dados serão anexados ao processo de 49 famílias que ainda não tem uma solução definitiva para esse impasse.
Fonte: Diário de Cuiabá
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