PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

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June 15, 2007

SERRA DA BARRIGA - SOLO HISTÓRICO ONDE EMANA LIBERDADE

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De: Helcias Pereira

No princípio, ou seja, quase no final do século XVI, sabe-se que neste torrão chamado “Serra da Barriga”, “serra do oiteiro”, “do pindó” ou simplesmente “palmares” onde eram fartas as pindoramas, organizou-se o mais importante mocambo palmarino, onde por mais de um século reinaram absolutos: Agualtune, Ganga-Zumba e Zumbi seu ultimo comandante-em-chefe.

Lugar estratégico e de difícil acesso, pelo menos um pouco mais de 500 metros acima do nível do mar, rico em terra fértil e grande fartura de água e animais.

Neste solo sagrado foram vários encaminhamentos dados para a manutenção do apogeu quilombola, considerando que os demais chefes das dezenas de mocambos espalhados por toda Zona da Mata entre Alagoas e Pernambuco ali se reuniam em assembléia para juntos fazerem acontecer o maior e mais importante exemplo de resistência contra a opressão humana, lutando em favor da liberdade e da dignidade de seus povos.

Esta utopia só fora interrompida durante a guerra final entre 1692 a 1694, quando no dia 06 de fevereiro as tropas expedicionárias conseguiram com ajuda de canhões, destruírem as paliçadas e assim exterminarem de uma só vez grande parte dos quilombolas que com garra tentaram desesperadamente lutar até o fim. Sabendo-se que Zumbi e alguns seguidores conseguiram a muito custo fugir e se esconder em um sumidouro na Serra Dois Irmãos, entre as cidades de Viçosa e Cajueiro em Alagoas, o qual após quase dois anos fora traído e assassinado em novembro de 1695, sendo seu corpo transladado até Porto Calvo de onde sob o reconhecimento de alguns, tivera sua cabeça decapitada, salgada e exposta em um chuncho na praça do Carmo em Recife até sua total decomposição. Mesmo assim, o quilombo palmarino ainda resistiu com alguns seguidores de Zumbi até os primeiros anos do Século XVIII.

Na contemporaneidade, temos várias fazes que permeiam a realidade da Serra da Barriga, primeiro, o importante passo do Movimento Negro Nacional ao subir pela primeira vez a Serra da Barriga na década de 1980, no intuito de torná-la um solo sagrado e de homenagens aos guerreiros do passado. A partir de então, foram mais de 25 anos de peregrinação àquele solo, cuja importância fora o reconhecimento da Serra como Patrimônio Histórico Nacional em 1985, passou a ser referência de luta e de pesquisa para milhares de militantes e estudiosos do mundo inteiro.

Outro fato importante foi a decisão do Movimento Negro Nacional em transformar o Dia Nacional da Consciência Negra num momento de articulação nacional, principalmente em 1994 quando várias assembléias nacionais e regionais aconteceram para que fossem comemorados em todo país os trezentos anos de imortalidade de Zumbi, para isso, aconteceram grandes eventos na Cidade de Maceió e União dos Palmares durante o biênio de 1994 a 1995. Sendo que em pleno “20 de novembro de 1995” o Movimento Negro realizou a primeira “macha Zumbi” levando milhares de militantes de todo País até Brasília, onde entregaram ao Presidente da República uma pauta de reivindicações, o que cominou com uma série de demandas em favor da população negra e afro-descendentes.

A partir de 1995 a Serra da Barriga passou a ser elemento de discussão nas instâncias do Governo Estadual e Federal, onde pelo menos dois projetos foram apresentados para a construção do que antes chamavam de “Memorial Zumbi” e na atual conjuntura, ou seja, nos meados da primeira década do século XXI, fora apresentado pelo Instituto Magna Mater - Organização Não-Governamental o Projeto: PARQUE MEMORIAL QUILOMBO DOS PALMARES cuja proposta mereceu uma grande articulação da Secretária Especializada de Defesa e Proteção das Minorias, Srª Patrícia Mourão que capitaneou os incessantes trabalhos junto ao Governo Federal através do Ministério do Turismo e as Estatais Petrobrás e Caixa Econômica Federal, além do apoio de suma importância do Senador Renan Calheiros - Presidente do Senado Brasileiro.

Hoje, o Platô da Serra da Barriga encontra-se em obras, suas edificações perpassam as expectativas de todos os envolvidos, considerando a grande esperança existente no seio dos moradores circunvizinhos e dos que habitam e gerem a cidade de União dos Palmares, além é claro dos visitantes, turistas e militantes negros que se preocupam com maior evidencia sobre os rumos que serão tomados naquele solo sagrado, o qual emana história, cumplicidade de luta e liberdade.

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