PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

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April 09, 2007

Quem foi Mãe Aninha (1869-1938)

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Filha de africanos, Eugênia Ana dos Santos, a ialorixá Obá Biyi, nasceu em Salvador em 1869. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi feita no candomblé do Engenho Velho – a casa de Mãe Nassô – fundado por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.
Em 1935, Martiniano do Bonfim sugeriu a Mãe Aninha que criasse o Corpo dos Obás de Xangô, que deveria ser integrado por amigos e protetores do terreiro. Martiniano era uma das personalidades mais respeitadas da comunidade afro-baiana. Havia retornado da Nigéria em 1883, portando altos títulos da hierarquia sacerdotal iorubana. Sua idéia tornou-se real, quando, em 1936, foi instituído o corpo de obás, ou 12 ministros de Xangô do Axé Opô Afonjá. Até hoje são escolhidas pessoas de grande prestígio social para ocupar esse corpo.
A função principal dos obás é a sustentação do axé, tanto do ponto de vista material quanto do seu status. No Ilê Axé Opô Afonjá, ainda hoje os obás formam uma seleta hierarquia, abaixo somente da mãe-de-santo e da mãe pequena, eventual substituta da mãe-de-santo. Na Bahia, a criação dos obás trouxe ao culto de Xangô um importante exército de reforço. Nas últimas décadas, já ocuparam esse posto os escritores Jorge Amado e Antônio Olinto, os compositores Gilberto Gil e Dorival Caymmi, o artista plástico Carybé e os pesquisadores Vivaldo da Costa Lima e Muniz Sodré, entre outros.
Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil e garantir condições para o seu livre exercício. Segundo consta, por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.
Em sua época, foi uma personalidade importante, muito respeitada e popular nos candomblés da Bahia. Foi ela quem revelou ao pai Agenor sua vocação para candomblé quando ele ainda era criança. Falecida em 1938, Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e depois por Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum.

Para saber mais:
Bastide, Roger. O Candomblé da Bahia. São Paulo: Cia das Letras, 2001
Pierson, Donald. Brancos e Pretos na Bahia. SP: Cia Editora Nacional, 1971

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