19 de março de 1849: 158 anos da Revolta do Queimado
Mais de 200 negros se organizam para proclamar a libertação dos escravos no Espírito Santo
No ano de 1845, com o intuito de construir um templo religioso no distrito de Queimado - na época, pertencente à capital do Espírito Santo, Vitória - o frei italiano, Gregório Maria de Bene, sem recursos para isso, convocou toda a população da cidade para o trabalho de levantar sua tão sonhada igreja.
O distrito de Queimado era um pequeno porto comercial no qual chegavam muitos carregamentos de café e outros alimentos provindos da cidade de Santa Leopoldina.
Aproveitando-se disso, o vigário chamou pobres e ricos, brancos e pretos para ajudarem na construção de seu templo, carregando nos ombros pedras, areia e madeiras. Mas para isso, fez uma promessa especial ao negros: no dia da inauguração da obra, os escravos que o tivessem ajudado receberiam a carta de alforria.
Entusiasmados com tamanha dádiva que receberiam, os escravos trabalharam dedicados, movidos pelo cântico da liberdade. Durante um ano, aos domingos, noites de luar e nas horas de folga lá estavam eles, erguendo as estruturas de seus próprios sonhos: a liberdade.
No entanto, ao chegar o dia da inauguração do templo, 19 de março de 1849, após ouvirem com grande ânimo a missa do frade, os escravos esperavam o cumprimento da promessa. Mas o sonho lhes foi negado.
O fato demonstrou uma forte organização dos escravos que mesmo subjugados ao domínio dos brancos, reagiu e exigiu aos gritos a tão sonhada liberdade. A Revolta do Queimado durou até a prisão de Elisiário, um dos líderes do Movimento, cinco dias depois de seu início.
Em 2 de junho de 1849, o júri sentenciou à forca cinco dos líderes da revolta, absolveu seis e condenou 25 à açoites, faltando quatro foragidos a serem julgados. Um dos líderes, Chico Prego, não temia a morte, pois dizia que não cometera crime algum. Atribuía como culpado pela sua desgraça o Reverendo Gregório de Bene por prometer liberdade logo após a conclusão da igreja. Chico Prego foi executado no dia 11, no município da Serra. Elisiário fugiu da cadeia, graças a um milagre e formou um quilombo na região do Morro do Mestre Álvaro e do Monte do Mouxuara, em Cariacica. Segundo o historiador, Clério José Borges, "a Revolta do Queimado foi um marco da negritude em busca da liberdade, fato que ninguém pode negar".
SAIBA MAIS:
Sobre a Revolta do Queimado
Livros:
· Negros no Espírito Santo - de Cleber da Silva Maciel.
· A Escravidão e a Abolição no Espírito Santo. História e Folclore - de Maria Stella de Novaes.
· Negros do Espírito Santo - de Leonor de Araújo Santanna.
· A Insurreição de 1849 na Província do Espírito Santo - de Wilson Lopes de Resende
· Insurreição do Queimado em Poesia - de Teodorico Boa Morte
· O templo e a forca - Luiz Guilherme dos Santos Neves
· Insurreição do Queimado - de Afonso Cláudio
· História da Serra - de Clério José Borges.
Filme:
O episódio já foi retratado também em vídeo, é o curta - Insurreição - dirigido pelo cineasta João Carlos Coutinho que relata a saga dos negros escravos do distrito do Queimado, no Município da Serra/ES, em 1849. As filmagens ocorreram em março de 2004, na região do sítio histórico da Igreja de São João Batista de Carapina. O roteiro é baseado na monografia "Insurreição do Queimado - Episódio da História da Província do Espírito Santo", de Afonso Cláudio.
Marcus Bennett – ACS/FCP/MinC
No ano de 1845, com o intuito de construir um templo religioso no distrito de Queimado - na época, pertencente à capital do Espírito Santo, Vitória - o frei italiano, Gregório Maria de Bene, sem recursos para isso, convocou toda a população da cidade para o trabalho de levantar sua tão sonhada igreja.
O distrito de Queimado era um pequeno porto comercial no qual chegavam muitos carregamentos de café e outros alimentos provindos da cidade de Santa Leopoldina.
Aproveitando-se disso, o vigário chamou pobres e ricos, brancos e pretos para ajudarem na construção de seu templo, carregando nos ombros pedras, areia e madeiras. Mas para isso, fez uma promessa especial ao negros: no dia da inauguração da obra, os escravos que o tivessem ajudado receberiam a carta de alforria.
Entusiasmados com tamanha dádiva que receberiam, os escravos trabalharam dedicados, movidos pelo cântico da liberdade. Durante um ano, aos domingos, noites de luar e nas horas de folga lá estavam eles, erguendo as estruturas de seus próprios sonhos: a liberdade.
No entanto, ao chegar o dia da inauguração do templo, 19 de março de 1849, após ouvirem com grande ânimo a missa do frade, os escravos esperavam o cumprimento da promessa. Mas o sonho lhes foi negado.
O fato demonstrou uma forte organização dos escravos que mesmo subjugados ao domínio dos brancos, reagiu e exigiu aos gritos a tão sonhada liberdade. A Revolta do Queimado durou até a prisão de Elisiário, um dos líderes do Movimento, cinco dias depois de seu início.
Em 2 de junho de 1849, o júri sentenciou à forca cinco dos líderes da revolta, absolveu seis e condenou 25 à açoites, faltando quatro foragidos a serem julgados. Um dos líderes, Chico Prego, não temia a morte, pois dizia que não cometera crime algum. Atribuía como culpado pela sua desgraça o Reverendo Gregório de Bene por prometer liberdade logo após a conclusão da igreja. Chico Prego foi executado no dia 11, no município da Serra. Elisiário fugiu da cadeia, graças a um milagre e formou um quilombo na região do Morro do Mestre Álvaro e do Monte do Mouxuara, em Cariacica. Segundo o historiador, Clério José Borges, "a Revolta do Queimado foi um marco da negritude em busca da liberdade, fato que ninguém pode negar".
SAIBA MAIS:
Sobre a Revolta do Queimado
Livros:
· Negros no Espírito Santo - de Cleber da Silva Maciel.
· A Escravidão e a Abolição no Espírito Santo. História e Folclore - de Maria Stella de Novaes.
· Negros do Espírito Santo - de Leonor de Araújo Santanna.
· A Insurreição de 1849 na Província do Espírito Santo - de Wilson Lopes de Resende
· Insurreição do Queimado em Poesia - de Teodorico Boa Morte
· O templo e a forca - Luiz Guilherme dos Santos Neves
· Insurreição do Queimado - de Afonso Cláudio
· História da Serra - de Clério José Borges.
Filme:
O episódio já foi retratado também em vídeo, é o curta - Insurreição - dirigido pelo cineasta João Carlos Coutinho que relata a saga dos negros escravos do distrito do Queimado, no Município da Serra/ES, em 1849. As filmagens ocorreram em março de 2004, na região do sítio histórico da Igreja de São João Batista de Carapina. O roteiro é baseado na monografia "Insurreição do Queimado - Episódio da História da Província do Espírito Santo", de Afonso Cláudio.
Marcus Bennett – ACS/FCP/MinC
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