PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

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July 31, 2009

André Luiz Oliveira é campeão!

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A final do campeonato paulista de futebol deste ano teve dois importantes tabus quebrados. O primeiro é que o Corinthians foi o campeão invicto, fato que não acontecia há quase quatro décadas. O que nem todos sabem é que, fora de campo, além dos milhões de torcedores fanáticos pelo clube, um homem em especial comemorava o título e a quebra de um outro tabu no futebol.

Este homem é André Luiz Oliveira, atual diretor administrativo do Corinthians que, com muito trabalho, conseguiu chegar ao segundo cargo mais importante do maior clube do Brasil. De origem humilde, o dirigente negro rompeu barreiras e entrou para o seleto time dos "cartolas" que comandam o futebol brasileiro

Quando você chegou ao Corinthians?

Em 1984, como diretor das categorias de base do clube e fui também diretor de futebol amador durante 15 anos. Hoje eu sou diretor administrativo (cargo estabelecido pelo novo estatuto) que antigamente tinha a nomenclatura de vice-presidente. É o segundo cargo mais importante da instituição. E como tem sido essa fase? Queremos fazer uma gestão simples e a entrada do Andrés Sanches (Presidente do Corinthians) deu esse caráter bem humilde ao clube. São pessoas que realmente freqüentavam os campos de futebol, então, além de serem corinthianos, são torcedores do clube, desde o presidente até o ultimo diretor. Hoje a diretoria é composta por gente como a maioria de nós negros que tiveram uma vida construída por trabalho, alguns não tiveram a chance nem de estudar, mas tem força de vontade, raça, amam e são capazes de fazer tudo pelo timão.

Seria um Corinthians mais negro?

Um Corinthians preto e branco! Uma mescla de trabalho e de esforços. Hoje o clube tem desde desembargadores até operário. Eu, por exemplo, sempre tive uma vida simples, sou funcionário da prefeitura e ligado à secretaria de esporte e turismo. Também cuido de um outro clube, o Tomás Mazorri, um dos maiores da periferia de São Paulo, e lá executo um trabalho estritamente social. E foi com esse trabalho que acabei chegando à diretoria administrativa do Corinthians.

O Tomás Mazorri é um dos clubes mais organizados da periferia?
Hoje sim, mas lá tínhamos problemas com usuários de drogas. Fomos com bastante cautela, conversando, pedindo aos garotos que se afastassem. Construímos um trabalho de amizade e sem precisar ter confronto, apenas com muito diálogo e demonstrando que ali era um espaço público, aonde a família dos atletas iam para se divertir e fazer esportes, que é a ferramenta de socialização mais prática com a competição e a convivência em grupo.

Como é a sua relação com o presidente Andrés Sanches?
Eu falo para ele até pelo fato de sermos muito amigos e pelas cores do Corinthians: tem um branco e um negro à frente do clube. Andres é um empresário bem-sucedido e uma pessoa simples, humilde. Acabamos fazendo amizade no futebol, que com o tempo tem se fortalecido.

Como diretor administrativo, como você define essa gestão com o Andrés e também o torcedor corintiano?

O Andrés é presidente do clube que tem ao seu lado um amigo com os mesmos objetivos: torcer pelo Corinthians e fazer o melhor para o Corinthians! E como já estamos fazendo isso, também agradamos o torcedor corintiano que é fiel, amigo, carinhoso. O torcedor do Corinthians é diferente dos outros, não dá para explicar porque o cara é corintiano, só da para saber que o cara é corintiano e quer ser vencedor.


Driblando o preconceito

por André Rezende

Se os negros ainda são poucos na elite dos dirigentes do futebol brasileiro, o mesmo não podemos falar dos jogadores. Atualmente é comum ver os campos do mundo repletos de negros e, muitos deles, com grande destaque dentro e fora dos gramados, como Ronaldinho Gaúcho (Milan/ITA), Adriano (Flamengo), Luis Fabiano (Sevilha/ESP), Anderson (Manchester/ING)... Mas nem sempre foi assim. Aliás, anos atrás, para um negro jogar futebol profissionalmente era preciso criatividade, tamanho o preconceito na época:

O livro O Negro no Futebol Brasileiro (1947), do jornalista e escritor Mário Filho - que deu nome ao estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro - fala da luta travada pelos jogadores negros para vencerem o preconceito racial no início do século XX. De origem inglesa, o futebol era um esporte de elite em que os pobres não tinham vez, principalmente se não fossem brancos.

A partir de 1910, alguns jogadores pardos e mulatos, começaram a se destacar, entre eles Arthur Friedenreich (mulato de cabelo crespo, filho de pai alemão e mãe negra), autor do gol que fez do Brasil o campeão Ssul-americano de 1919. "... O povo descobrindo, de repente, que o futebol deveria ser de todas as cores, futebol sem classes, tudo misturado, bem brasileiro", narrou Mário Filho em seu livro. E embora tenham conseguido espaço, esses jogadores precisavam alisar o cabelo ou usar touca para parecerem brancos e entrar em campo. A identidade negra ainda era rejeitada nos gramados.

Por causa da segregação racial foi criada no Rio Grande do Sul, em 1915, a Liga da canela preta, formada exclusivamente por jogadores negros que não eram aceitos nos grandes clubes de Porto Alegre. A a expressão "Pó de Arroz" - em alusão ao Fluminense do Rio de Janeiro - surgiu da necessidade de alguns jogadores negros usarem o produto para clarear a pele. Mesmo sendo craques, só assim eles podiam jogar futebol. O Vasco da Gama chegou a ser proibido de disputar o campeonato carioca por ser o primeiro time grande a incluir negros em seu elenco.

O talento e a genialidade dos jogadores negros aos poucos foram ganhando mais espaço, graças a grandes craques como Leônidas da Silva, Zizinho e Domingos da Guia.

Mas o reconhecimento só chegou mesmo quando surgiram Garrincha e Pelé, no final da década de 1950.




Fonte: Revista Raça Brasil

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