PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

Objetivos: - A contribuição do negro na formação social brasileira - A discriminação racial no Brasil. Movimentos de resistência de negros pela cidadania e pela vida; - Políticas sociais e população negra: trabalho, saúde, educação e moradia; - Relações étnico-raciais, multiculturalismo e currículo; - Aspectos normativos da educação de afro-brasileiros. - EMAIL PARA CONTATO: negrosenegras@gmail.com

January 25, 2008

Conheça a Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas

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A Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas está localizada a 550 Km do Recife no município de Salgueiro, sertão central pernambucano. Segundo o relato dos moradores mais velhos, no início do Século XIX, seis negras livres, guiadas pelo escravo fugido Francisco José de Sá, chegaram à localidade e percebendo que o solo era fértil, trabalharam fortemente no cultivo e na fiação do algodão.Em junho de 2001, a Universidade Federal de Pernambuco em parceria com o Sebrae e com a Associação Quilombola de Conceição das Crioulas – AQCC inicia o Projeto Imaginário Pernambucano na comunidade. Através de oficinas de gestão de qualidade e consultorias de design, mais de 30 produtos foram desenvolvidos.

A partir do projeto, a AQCC articulou novas parcerias, entre elas, a OXFAM e o Centro de Cultura Luiz Freire, ampliando seu campo de atuação para as áreas de gestão, educação e comunicação.Hoje, é o artesanato - confeccionado com barro, caroá, palha e imbira, que gera renda para os moradores da comunidade. Em Conceição das Crioulas, cada peça produzida conta a história e reafirma a identidade étnica de sua população. Através da produção artesanal, a luta do povo quilombola pela conquista de direitos e pela posse efetiva de suas terras, também vem conquistando novos apoios e ganhando projeção nacional e internacional.Em maio de 2002, durante a realização do Encontro Nacional de Experiências Sociais Inovadoras, a Associação Quilombola de Conceição das Crioulas – AQCC conquistou o I Prêmio Banco Mundial de Cidadania, em reconhecimento ao projeto de valorização de artesanato da comunidade, desenvolvido pelo Imaginário Pernambucano.

A produção e venda do artesanato de Conceição das Crioulas têm promovido a geração de trabalho e renda na comunidade. Adquirir uma peça produzida por estas artesãs e artesãos é uma atitude socialmente responsável, pois viabiliza a melhoria da qualidade de vida de cidadãos brasileiros e a consolidação de um comércio solidário.

Onde Encontrar?
Associação Quilombola de Conceição das Crioulas - AQCC
CNPJ 04.521.261/0001-08
Fone (87) 3946.1011
Vila de Conceição das Crioulas S/N – II Distrito Salgueiro – Pernambuco. Brasil.
CEP 56.000.000
Email conceicao@conceicaodascrioulas.com.br
Site www.conceicaodascrioulas.com.br

Concurso Estátua Zumbi dos Palmares

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Já está publicado, desde o dia 10 de janeiro, no Diário Oficial da União, Seção 3, página 9, o aviso do Concurso Estátua Zumbi dos Palmares. O concurso, instituído pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, vai escolher a melhor estátua de Zumbi para ser instalada na praça da Sé, em Salvador, Bahia. As inscrições devem ser enviadas para a sede da Fundação Cultural Palmares até o dia 10 de março.

O concurso é fruto do projeto "Monumento Zumbi dos Palmares", cujo proponente é a Organização Não-Governamental A Mulherada. Haverá premiação para os três primeiros lugares.

Confira o edital clicando no link abaixo:

http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/Edital%20do%20Concurso%20Estatua%20Zumbi%20dos%20Palmares.pdf

Orixás da Prainha passam por restauração e só retornam em 4 meses

Os pedestais vazios às margens do Lago Paranoá causam estranhamento. As 16 estátuas que enfeitaram a Prainha do Lago Sul no réveillon desapareceram dos postos que ocupavam. Dessa vez, no entanto, o panteão das divindades de matrizes religiosas africanas não foi vítima de mais um caso de vandalismo, como tantos que suportou nos últimos anos. Os orixás encontram-se sãos e salvos em Salvador (BA), no ateliê do homem que os moldou, o artista baiano Tatti Moreno. As esculturas, que passam por um processo de restauração, devem retornar para a Praça dos Orixás em um prazo de até quatro meses. As estátuas instaladas no local antes da festa de passagem do ano não eram as versões definitivas dos orixás. As peças tinham apenas passado por um processo de roupagem para poderem alegrar as comemorações do réveillon. Atualmente, Tatti Moreno trabalha na reestruturação interna de ferro das esculturas, com a solda das partes modeladas. As imagens também irão receber nova pintura, mas somente na última etapa do processo de restauração. A remoção e a remodelação das divindades fazem parte do projeto de revitalização da Prainha, do qual participam a Administração de Brasília, a Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal, o Ministério de Cultura, a Fundação Palmares e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. O projeto prevê a construção de 10 mil metros quadrados de calçadas, instalação de 13 bancos ao longo do percurso para caminhada e construção de um espelho d´água para Iemanjá, a rainha do mar. Também fazem parte dos planos a separação de uma área para parque infantil e um local de 120 metros quadrados para manifestações culturais. As obras estão orçadas em R$ 85 mil. Na semana que vem, a Administração de Brasília irá se reunir com a Secretaria de Obras para decidir quem vai cuidar da reforma. Abandono Apesar de as mudanças valorizarem o espaço da Prainha, o artista Tatti Moreno acredita que outras medidas fazem-se necessárias para evitar o vandalismo aos orixás. "O espaço encontra-se abandonado atualmente. Depois das 18h, torna-se um lugar ermo, aonde as pessoas vão para usar drogas ou fazer sexo. Para parar com as depredações das esculturas, é preciso contratar vigilantes noturnos que garantam a segurança do local", argumentou. O artista ainda cogitou a construção de grades de proteção para as esculturas, que abririam pela manhã e fechariam durante a noite. Além de oferecer segurança para as estátuas, as grades seriam obras de arte. "Cada uma seria decorada com elementos que caracterizam o orixá que elas estão destinadas a guardar. Esses elementos podem ser suas armas e até suas próprias imagens. Caribé fez algo semelhante com suas obras aqui em Salvador", detalhou Moreno. Outro fator que aumentaria a segurança da Prainha, segundo o artista, seria a urbanização do local. Ele defende que o governo pense na instalação de pontos comerciais para cafés, pizzarias ou sorveterias. "A presença do comércio serviria para desencorajar os vândalos. Os próprios comerciantes abraçariam a idéia de tomar conta do local e afastariam as pessoas que degradam o local. Mas o governo deveria fazer o mesmo e abraçar a Prainha", afirmou. "Só assim para acabar com essa falta de respeito", acrescentou. Quem costuma freqüentar a Prainha estranha a ausência das estátuas. "Com elas, o local fica bem mais bonito. Elas são diferentes. Cada uma delas tem uma história e faz referência a algum elemento da natureza ou atividade, como a pesca", lembrou o técnico em eletrônica Aparício Donizetti da Silva, 41 anos, referindo-se às placas com o nome dos orixás e uma breve explicação deles, pregadas no pedestal de cada uma das 16 imagens. Morador da Estrutural, ele costuma ir com a família nos fins de semana à Prainha há três anos. "Não entendo o que passa na cabeça das pessoas que depredam uma obra como essa", indigna-se. Quando a restauração da imagem das divindades estiver concluída, o artista pretende vir a Brasília para fazer a reinauguração da Praça dos Orixás. A Prainha também deverá virar um palco para outras manifestações culturais. Inclusive, está previsto o estabelecimento de uma festa anual, a ser celebrada em fevereiro, em homenagem à Iemanjá, na qual as pessoas colocariam barcos com flores como oferendas para a divindade nas águas do Lago Paranoá. Mas ainda não foi estabelecida nenhuma data para a comemoração.

Estados do Centro-Oeste e do Nordeste definem datas das conferências estaduais de promoção da igualdade racial

Até o momento, o estado do Mato Grosso deve inaugurar a série de conferências estaduais de Promoção da Igualdade Racial. Será nos dias 28 e 29 de março de 2008. Goiás ainda estuda as melhores datas, mas já aposta no mês de abril para realizar a II Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial. O Governo do Estado da Bahia já estabeleceu como datas 2 a 4 de maio de 2008, assim como Maranhão, 7 a 9 de maio de 2008.
Esse processo deflagrado nos estados atende à convocação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de 19 de outubro de 2007 para realização da II Conapir (Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial), marcada para o período de 29 a 31 de maio de 2008.
A II Conapir dá continuidade ao processo de consolidação da PNPIR (Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial), execução do Planapir (Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial) e constituição de um Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial. É estimada a participação de 100 mil pessoas nas conferências municipais, regionais, estaduais e nacional, esta com público estimado em 2 mil pessoas, aproximadamente, entre delegados e convidados.
TemárioOrientada pelo tema “Avanços, desafios e perspectivas da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial”, a II Conapir desenvolverá os seguintes sub-temas: 1. Análise da realidade brasileira a partir da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial;2. Impactos das políticas de igualdade racial implementadas a partir da estruturação do Fipir em estados e municípios; 3. Fortalecimento dos temas prioritários da Seppir: Quilombos (acesso à terra), Educação, Trabalho e Renda, Segurança Pública e Saúde;

Nova regra facilita construções em quilombos

A construção de equipamentos públicos em quilombos e terras indígenas poderá estender-se a todas as comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares e as indígenas pela Fundação Nacional do Índio, para atender demandas de estados e municípios com recursos disponíveis nos programas do governo federal.
A Instrução Normativa número 9 do Tesouro Nacional, publicada em 21 de dezembro de 2007, modificou a regra que impedia a construção de equipamentos em territórios não titulados.
Com isso, os recursos dos programas Brasil Quilombola, na Agenda Social Quilombola poderão ser solicitados por um número muito maior de governos locais para construção de habitações populares, sanitários, casas de farinha, escolas e postos de saúde, entre outros.
De acordo com a subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir, Givânia Maria da Silva, a alteração ocorreu por sugestão da Seppir à Casa Civil da Presidência da República, durante as negociações para definir a Agenda Social Quilombola, anunciada em novembro último.
Segundo a subsecretária, trata-se de uma alteração muito importante para ampliar a execução dos programas e atender as necessidades das comunidades. “Até hoje a dificuldade em titular as terras quilombolas havia sido também um impedimento para que as suas populações tivessem acesso a direitos básicos de cidadania, como saúde

January 20, 2008

Capoeira: A arte da paz

ENTRE NO RITMO DESSA DANÇA DE ALEGRIA QUE MEXE COM O CORAÇÃO E LUTE CONTRA QUALQUER TIPO DE OPRESSÃO, SEJA ELA FÍSICA, ECONÔMICA, CULTURAL OU PSICOLÓGICA

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"O GINGADO É A ALMA DA CAPOEIRA!", eis as palavras do saudoso baiano Manoel dos Reis Machado, o inesquecível Mestre Bimba. Ele fundou o Centro de Cultura Física e Luta Regional, na cidade de Salvador, em 1932, criando uma cara nova para o esporte, com outros movimentos e até código de comportamento. Dando continuidade ao trabalho de Mestre Bimba, um de seus formados, Mestre Airton Moura fundou a Federação Paulista de Capoeira, Sociedade Civil de Direitos Privados, que tem como objetivo, direta ou indiretamente, regulamentar, difundir e incrementar a capoeira nos seus múltiplos aspectos respeitando a diversidade. "O jogo de capoeira não possui características violentas, perdeu o objetivo principal do tempo da escravidão, que era a luta pela liberdade", quem garante é o mestre Nelson de Souza Águiar, de 39 anos.
"Capoeira transforma vidas. É cultura brasileira, arte, dança, jogo, brincadeira, alegria e amor. A sua prática traz vários benefícios para o ser humano. Na parte física, é o esporte mais completo que existe, pois, por meio de uma riqueza de movimentos, trabalha várias partes do corpo, melhorando o condicionamento e o controle emocional", reforça o paulista que pratica a arte há 30 anos. Mestre Nelsinho, como é conhecido nesse meio, iniciou o contato com a capoeira aos 10 anos. De lá para cá, o amor pelo esporte se fortalece a cada dia. "Como eu era muito rebelde, vivia brigando na escola, aos poucos fiquei mais calmo, fiz novas amizades e aprendi que a violência só nos destrói e gera ódio em nossos corações. Após oito anos treinando, meu mestre disse que eu estava pronto para ensinar e aconselhou-me a fazer cursos para aprimorar minha formação. Anos depois, recebi a graduação de mestre de capoeira. Hoje, sou um novo homem."


GRADUAÇÃO E O BATIZADO

Os capoeiristas são graduados de acordo com os seus conhecimentos e com o tempo de prática no esporte. Cada graduação é representada por uma cor de corda, que, juntas, têm as cores da nossa bandeira - a primeira a ser amarrada na cintura é a verde. O batizado representa o momento em que cada pessoa recebe a sua primeira graduação pelo grupo. Nesse dia eles deixam de ser pagãos, pois durante o evento é costume entre os grupos dar um apelido ao capoeirista. O apelido é uma tradição desde os tempos em que a capoeira era considerada uma arte marginal e os capoeiristas, obrigados a usar codinomes para não serem identificados pela polícia.

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"O grande objetivo da capoeira é nos ajudar para vencer na luta da vida. Em outras palavras, prepara-nos para superar as dificuldades do dia-a-dia, a fim de que sejamos pessoas realizadas e felizes."
MESTRE NELSINHO

A CAPOEIRA ME FEZ RENASCER

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Pedro de Souza Epifânio era um garoto de rua. Durante 11 meses morou embaixo de um viaduto, no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo. "Certo dia, fui abordado por um homem que me convidou para praticar esportes", recorda com lágrimas nos olhos. Na época, ele tinha 11 anos. Dias depois, Pedro se via jogando capoeira com um grupo de garotos. A paixão foi tão grande que após algum tempo eles se juntaram para limpar um terreno baldio a fim de treinar e mostrar a arte a outros meninos de rua. "A minha vida mudou!", orgulha-se o paulista de 34 anos, que trabalha como ator e é voluntário ensinando a arte para crianças de rua no Movimento Cultural Vai Vai Brasil. Na foto ele aparece, orgulhoso, com o filho Vinícius, de 6 anos. "O meu garoto está seguindo os mesmos passos do pai", gaba-se. Vinícius joga capoeira há 2 anos e chega a surpreender com tamanha agilidade. Ele vai longe e sabe disso. "Ainda vou dar muito orgulho ao meu pai", sorri o garotão.

MÚSICA

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Nas cantigas de capoeira, o elemento folclórico é algo marcante e em todas elas soa freneticamente aos ouvidos de quem as escuta. Confira a letra dessa canção de autoria do Mestre Kenura. Ela faz parte do CD Capoeira Água de Menino

CAPOEIRA É MOVIMENTO
Mestre Kenura

Capoeira é movimento
Que expressa no pensamento
O sentimento e emoção
É uma arte de magia
É uma dança de alegria
Que mexe como coração
É movimento de vida
É um ponto de partida
Que floresceu da escravidão
É o grito de um povo
Que renasceu de novo
Procurando uma direção
São Paulo,
Rio de Janeiro
Viva a Bahia!
Mestre Bimba,
Mestre Pastinha
Viva a Bahia!
Mestre Acordeon,
Mestre Itapuã
Viva a Bahia!
Mestre João Grande,
Mestre João Pequeno
Viva a Bahia!
Mestre Suassuna,
Mestre Rodrigues
Viva a Bahia!
Mestre Medicina,
Mestre Decânio
Viva a Bahia!
Viva todos os mestres
Viva a Bahia!
Viva Gil,
viva Caetano
Viva a Bahia!
Viva todos os orixás
Viva a Bahia!
Viva, viva, viva
Viva a Bahia!
Viva filhos de Gandhi
Viva a Bahia!

January 17, 2008

CULTURA NEGRA NA ESCOLA

A LEI Nº 10 639, SANCIONADA EM JANEIRO DE 2003 PELO PRESIDENTE LULA, GERA RESULTADOS: MILHARES DE JOVENS NEGROS E BRANCOS ESTÃO APRENDENDO SOBRE A CULTURA E A HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA E A CONVIVER E RESPEITAR AS DIFERENÇAS

CONTAR A HISTÓRIA DO SAMBA, aulas de penteados afros, confecção de roupas para apresentações artísticas, canções de congo, jogos típicos das aldeias africanas, tambores, literatura, receitas de comidas típicas, cartazes sobre animais da savana... As expressões artísticas são das mais livres. Em Juiz de Fora, MG, as irmãs Fernanda, Amanda e Iana, alunas da Escola Municipal José Calil Ahouagi, estavam ansiosas para o recomeço das atividades do projeto “África-Brasil”, que reúne atividades voltadas para a comunidade do bairro Nova Califórnia. Através do teatro, da dança, do artesanato e, principalmente, da criatividade dos alunos da escola, os contos e as lendas africanas ganham novas interpretações. E o papel do negro no Brasil torna-se objeto de discussão.

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Afrobrasilidades, exposição realizada na Escola Professor Benedito Tolosa, em São Paulo

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Alunos de 4 a 5 anos aprendem as canções de roda

A responsável pelo projeto é a professora Andréa Borges de Medeiros, diretora da escola há cinco anos. Ela conta que tudo começou em 1999, durante sua pesquisa de mestrado. “A intenção era promover a igualdade. Um dos achados é que as crianças tinham baixa auto-estima por conta da não aceitação étnico-racial, o que acabava afetando o desempenho escolar e as relações sociais no colégio”, revela. De um trabalho individual, o “África- Brasil” ganhou novos adeptos: professores, alunos, pais. Todos como membros participantes das atividades culturais promovidas na escola. Num período em que a discussão sobre diversidade está em destaque, a Escola Municipal José Calil Ahouagi, de fato, pode se considerar pioneira neste assunto. Tão pioneira que despertou o interesse de pesquisadores da Universität Siegen, da Alemanha, que visitaram a instituição no primeiro semestre de 2007. Andréa Medeiros ainda esteve entre as três finalistas do Prêmio Nacional “Educar para a Igualdade Racial”, que teve 393 trabalhos inscritos de 23 estados brasileiros. Unanimidade no Centro de Estudos das Relações do Trabalho e da Desigualdade de São Paulo, o primeiro lugar foi concedido para o trabalho da diretora. O reconhecimento à escola ainda se completou com a Medalha Nelson Silva, mérito entregue pela Câmara Municipal de Juiz de Fora para pessoas ou instituições que trabalhem em favor da valorização da cultura negra.

RESPEITANDO A LEI

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Alunos ensaiam ritmos africanos ao som do tambor

Muitos alunos já perceberam que grande parte do que a escola lhe ensinou até hoje sobre cultura afro-brasileira era folclore ou clichê. Os livrinhos que não iam além das senzalas e dos navios negreiros foram trocados por literatura, política, arte e história. Está tudo garantido pela Lei nº 10 639. Ela diz que toda instituição de ensino fundamental e médio, público e particular deve incluir o assunto no currículo. Sancionada em janeiro de 2003, a lei vem ganhando força. Os livros didáticos, que existiam são um exemplo crucial disso: omitiam a história negra e restringiam personagens políticos apenas à figura de Zumbi. A lei é base na mudança do imaginário brasileiro.

Para o coordenador da sede nacional da Educafro, Douglas Belchior, a promulgação desta Lei foi um grande avanço do ponto de vista político para o movimento negro. Mas foi muito mais importante para a sociedade. O racismo, o preconceito e a discriminação dirigidos à comunidade afro-descendente foi, durante esses mais de 500 anos, institucionalizado pelo Estado brasileiro. À medida que os poderes constituídos aprovam uma lei dessa natureza, assumem seu erro histórico. Isso por si só já é um avanço. Mas, como estamos no Brasil, é sempre bom lembrar: direito é uma coisa, condição e oportunidade de acesso ao direito é outra. “O trabalho com a história e a cultura afro, se praticado desde cedo, na infância e adolescência, com certeza modificará hábitos viciosos que nos levam à prática e à alimentação cotidiana do racismo. A afirmação de nossa identidade negra, com orgulho e com amor, é um dos maiores ganhos possíveis a partir da prática efetiva desta Lei”, frisa Belchior.

UM MUNDO DE INFORMAÇÕES

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Andréa Borges, diretora da escola, prepara o pequeno Juscélio, de 5 anos

Em São Paulo na escola da rede estadual, Professor Benedito Tolosa, que atende 2 200 alunos no ensino fundamental, médio e EJA (supletivo) na zona norte da cidade há dois anos, está sendo desenvolvido o projeto “Afro – Brasilidades – Um Olhar sobre a Comunidade Tolosiana” com atividades ligadas à cultura e história afrobrasileira. O projeto foi desenvolvido pela equipe gestora da escola e visa quebrar os paradigmas e desenvolver boa convivência e respeito entre todos apesar das diferenças. Recentemente foi organizada uma exposição sobre África com os trabalhos realizados em sala de aula pelos alunos com vídeo, dança, música, comida, artes e roupas. Os filhos de Elimar Aparecida da Silva, Layene, 12, e Victor Hugo, 4, participam dos ensaios de dança. Moradora do bairro Dom Bosco, a cozinheira considera o projeto uma grande novidade. “Nunca tinha visto nada assim antes. Acho muito bom os meus filhos participarem porque, ao invés de ficarem na rua, vêm para a escola”, orgulha-se Elimar. O coro é reforçado pela também cozinheira Etelvina Maria Gonçalves Lima, que trabalha na José Calil Ahouagi há 13 anos. “Os meninos ficam o dia inteiro aqui. Às vezes, chegam às 7h30 e só saem às 16h. Até almoçam conosco. Isso é uma novidade.”

Para a professora Sueli Jesus Fanganiello Martins, uma das coordenadoras da exposição, o envolvimento dos alunos é muito grande. “Eles descobrem um mundo de informações desconhecidas e extremante interessantes e importantes. Além do aspecto cultural, percebemos a mudança de comportamento: eles começam a se respeitar e a olhar os colegas negros de uma outra forma”, diz ela. Cerca de 400 alunos com idade entre 13 e 17 anos participaram do projeto. “Procuramos quebrar os paradigmas que o branco é bonito ou que um é melhor que o outro para que os alunos possam conviver bem e aceitar as diferenças. Dentro desse processo, resgatar o orgulho da comunidade negra, a emancipação dos afros-descentes e a autoestima é ponto fundamental. Ao mesmo tempo fazemos com que o branco conheça a verdadeira história e aprenda a ter respeito pelo negro. Com o projeto aqui na escola, conseguindo amenizar os conflitos étnicos raciais”, afirma o diretor da escola Antônio Sérgio dos Santos Gutierrez.

A CONTRIBUIÇÃO DOS AFRICANOS

Jessie Valeska de Brito e Silva, de 13 anos, concorda. A aluna da 7º série está adorando conhecer mais sobre a história e cultura negra. “Estou aprendendo e entendo coisas que apesar de ser negra não sabia. Ninguém tinha me explicado até hoje. Sempre fui muito tímida, mas depois do início desse projeto comecei a me soltar mais. As pessoas começaram a conversar comigo, a me questionar sobre o preconceito e vários outros assuntos.

Para mim está sendo ótimo, consegui evoluir muito. Depois dessa experiência, tenho certeza que vou encarar a situação sem medo”, conta a estudante.

Kabengele Munanga, titular do departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e Diretor do Centro de Estudos Africanos, acredita que a lei é um avanço notável para o Brasil em geral e para a população negra em especial. Pela Lei, reconheceu- se oficialmente a contribuição dos africanos e de seus descendentes na construção da sociedade brasileira, não apenas com trabalho escravizado, mas também e principalmente na construção da economia colonial do país, no povoamento do seu território, na construção de sua cultura e de sua identidade nacional. “Reconheceu- se a identidade negra no universo das identidades étnicas que compõem a identidade nacional plural. A maneira mais nobre de reconhecer a história de um dos segmentos étnicos que formam o Brasil é ensinar essa história aos jovens brasileiros, futuros responsáveis pelo país.”

Só no estado de São Paulo existem 5.400 escolas e 5 milhões de alunos. Dados do censo escolar de 2006, feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) mostra que cerca de 19 milhões dos alunos do ensino fundamental e do médio se declaram pretos ou pardos. De acordo com Maria Margarete Santos, coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretária do Estado de São Paulo, todas as escolas do estado estão com o currículo oficial dentro das especificações da lei São Paulo: Educando pela diferença para a igualdade, parceria da SEE com a Universidade federal de São Carlos (UFSCar) que está formando e informando os professores. “No primeiro semestre de 2006, terminou o curso de capacitação. Existe também uma capacitação de geografia africana e afro-brasileira, ministrada pelo Prof. Dr. Rafael Zanzio dos Santos, da Universidade Federal de Brasília.

O AVANÇO DA LEI

Segundo o advogado Renato Ferreira, do Laboratório de Políticas Públicas - UERJ e coordenador do Programa Políticas da Cor, existem uma discussão e trabalhos pontuais de capacitação. Muitos professores querem se capacitar, mas não existe uma política pública nesse sentido. “A lei é um avanço significativo por duas questões: ela permite que um assunto de tamanha relevância seja tratado da forma que merece. É o reconhecimento do estado brasileiro da necessidade de implementação de políticas afirmativas para promover a igualdade racial. A lei não é boa só para o negro, ela é uma ferramenta para promoção da diversidade como um valor nacional.

Num país plural como o nosso isso só nós obriga a não permitir que a educação seja dada somente pela matriz européia. Essa lei está pelo menos 100 anos atrasada”, ele frisa.

Saiba um pouco mais sobre o Quilombo de Ivaporunduva

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O Quilombo de Ivaporunduva esta localizado no Município de Eldorado São Paulo, na SP 165, Eldorado/Iporanga, às margens do Rio Ribeira de Iguape. Composta por 80 famílias, a Comunidade de Ivaporunduva tem uma população de 308 pessoas, sendo 80 crianças, 195 adultos e 33 idosos.
A sobrevivência dessas famílias é conseguida com o cultivo tradicional de roça: arroz, mandioca, milho, feijão, verduras e legumes para uso próprio. Para o consumo e geração de renda produzem banana orgânica e artesanato, recebem grupos escolares para turismo, além de algumas pessoas que são funcionárias da prefeitura e aposentadas.
Até a 4a. série do ensino fundamental, as crianças estudam na escola municipal da comunidade. Para as séries seguintes se deslocam em torno de 6 km, com transporte fornecido pela prefeitura, até a Escola Estadual Maria Antonia Chules Princesa, que iniciou recentemente um trabalho de educação diferenciada, na Comunidade André Lopes. Para cursar o ensino médio, freqüentam escolas no bairro de Itapeúna (a 30 km) ou na cidade de Eldorado (45 km). O ensino superior só é acessível em Registro ou São Paulo.
A comunidade possui também um posto de saúde, onde semanalmente um médico e uma enfermeira dão consultas. Para exames ou tratamento, é preciso recorrer ao hospital na cidade. O Telecentro Comunitário, com acesso à internet e oito computadores, trouxe a inclusão digital para crianças, jovens e adultos, facilitando a gestão da associação, pesquisas escolares, serviços diversos e comunicação em geral.

January 10, 2008

BLOCOS AFROS DO CARNAVAL DE SALVADOR

Devido a muitos pedidos, aí vão algumas informações sobre Blocos Afro em Salvador.. Bom programa para quem vai à capital baiana do mês de janeiro até o carnaval.. Divirtam-se!!

Clique no link abaixo para visualização de todos os blocos..

http://www.aquishow.com.br/BLOCOS%20AFROS-CARNAVAL%20DE%20SALVADOR.htm

29º NOITE DA BELEZA NEGRA EM SALVADOR

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A festa ocorrerá no dia 12 de Janeiro de 2008, pela primeira vez na Senzala do Barro Preto - Curuzu.

ATRAÇÕES CONFIRMADAS:
BAND'AIYÊ, PAULA LIMA, EME XXI (Márcia Short, Cátia Guimma e Carla Visi) & GRUPO KILOMBO (Colombia)

INGRESSOS
R$ 50,00 (pista)
*R$ 25,00 (Preço Promocional)
R$ 70,00 (Camarote)
R$ 100,00 (Camarote VIP)

Sai o edital do Concurso Estátua Zumbi dos Palmares

Foi publicado hoje, no Diário Oficial da União, Seção 3, página 9, o aviso do Concurso Estátua Zumbi dos Palmares. O concurso, instituído pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, vai escolher a melhor estátua de Zumbi para ser instalada na praça da Sé, em Salvador, Bahia. As inscrições devem ser enviadas para a sede da Fundação Cultural Palmares até o dia 10 de março.

O concurso é fruto do projeto "Monumento Zumbi dos Palmares", cujo proponente é a Organização Não-Governamental A Mulherada. Haverá premiação para os três primeiros lugares.

Clique abaixo para ler o edital do concurso:

http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/Edital%20do%20Concurso%20Estatua%20Zumbi%20dos%20Palmares.pdf



Fonte: Fundação Palmares

January 09, 2008

Procurador Geral ouve ativistas

Salvador - Entidades do Movimento Negro baiano entregaram, nesta terça-feira, 08/01, na sede Ministério Público da Bahia (Nazaré), documento de apoio ao advogado e ex-superintendente do Procon-BA, Sergio São Bernardo, exonerado no último mês de novembro em Salvador.O documento é fruto de uma série de reuniões entre diversos setores do movimento com vistas a denunciar o racismo institucional cometido pela secretária de Justiça Cidadania e Direitos Humanos, Marília Muricy, denunciado em carta aberta por São Bernardo, que é militante das questões raciais na Bahia. No ato estiveram presentes representantes de organizações negras como o Instituto Steve Biko, Movimento Negro Unificado (MNU), Coletivo de Entidades Negras da Bahia, UNEGRO, Instituto Mídia Étnica, Atitude Quilombola, dentre outras. O grupo foi recebido pelo Procurador Geral do Estado, Lidivaldo Brito, que ouviu dos militantes um relato sobre a omissão da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJCDH) em relação as constantes violações de direitos humanos no Estado. Brito pediu que o movimento “documente todas as provas sobre essas violações”. Segundo as lideranças negras baianas, ao longo do ano de 2007, primeiro ano de gestão do governador Jacques Wagner, as violações contra a população negra aumentaram significativamente, como as constantes chacinas (Nova Brasília, Bairro da Paz e Calabetão), extermínio de jovens, violência policial e o registro de 1.337 assassinatos, dos quais, menos de 20% tiveram a devida punição, segundo dados do Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep). Presente à audiência, a diretora da Associação de Amigos e Familiares de Presos e Presas da Bahia (ASFAP), Adriana Silva, informou estar “preocupada com as violações aos direitos humanos e com medo da impunidade na Bahia”. Ela cobrou de Lidivaldo Brito soluções para os processos abertos por ela há seis meses no Ministério Público da Bahia, sem nenhuma solução.

Incômodo

Segundo Valter Altino, do grupo Atitude Quilombola, o fato da secretária Muricy exonerar o então superintendente é uma prova de racismo institucional. “São Bernardo estava desenvolvendo uma série de políticas em prol da comunidade negra, como a discussão sobre o racismo no consumo” afirmou. O coordenador do Movimento Negro Unificado, (MNU), Marcos Alessandro, reforça a tese de racismo institucional. “Ele imprimiu uma nova concepção de gestão no Procon, aproximando o órgão das áreas periféricas e deu atenção às demandas da população negra. Isso incomodou a secretária”, acredita o militante.

Fora Muricy

Nesta quarta, dia 09/01, um coletivo de advogados ligados a Associação Nacional de Advogados Afrodescendentes (ANAAD), protocolará um outro documento que comprova tecnicamente assédio moral, prevaricação e racismo institucional praticado contra o advogado Sério São Bernardo pela secretária Muricy. Um protesto envolvendo vários grupos acontecerá no próximo dia 11, na sede do Procon-Bahia, exigindo a saída da secretária Marília Muricy do cargo.

Reunião vai discutir demarcação de área quilombola em municípios do Mato Grosso do Sul

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O processo de demarcação e titulação de terras remanescentes de quilombos será discutido na próxima sexta-feira, às 14h, no auditório do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A reunião terá representantes do Cedine (Conselho Estadual dos Direitos do Negro), da Conerq-MS (Coordenadoria Estadual das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e do Fórum permanente das Entidades do Movimento Negro.
Segundo o presidente do Cedine, Antônio Borges dos Santos, 11 comunidades de Corguinho, Jaraguari, Dourados, Nioaque, Sonora, Pedro Gomes, Rio Brilhante, Maracaju e Campo Grande estão com processo no Incra. Conforme o site de notícias do governo, o processo mais antigo já completou 10 anos e a maior área é em Rio Brilhante (33 mil hectares). Também deverão participar do debate representantes da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e da Setass (Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência Social e Economia Solidária).


Fonte: CampograndeNews