PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

Objetivos: - A contribuição do negro na formação social brasileira - A discriminação racial no Brasil. Movimentos de resistência de negros pela cidadania e pela vida; - Políticas sociais e população negra: trabalho, saúde, educação e moradia; - Relações étnico-raciais, multiculturalismo e currículo; - Aspectos normativos da educação de afro-brasileiros. - EMAIL PARA CONTATO: negrosenegras@gmail.com

September 30, 2007

Teodoro Sampaio, nas linhas da geografia e da história, um cidadão negro brasileiro

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Nascido em Santo Amaro da Purificação, 7 de janeiro de 1855 e falecido no Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1937 Teodoro Fernandes Sampaio foi um engenheiro, geógrafo e historiador brasileiro. Nasceu no Engenho Canabrava, pertencente ao visconde de Aramaré, hoje pertencente ao município baiano de Teodoro Sampaio (Bahia). Era filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do padre Manuel Fernandes Sampaio. Ainda em Santo Amaro estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado pelo pai, em 1864 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do também baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.
Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1882) e Matias (em 1884). Por ser filho de branco, Sampaio nunca fora um escravo. Em 1879 integra a "Comissão Hidráulica", nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses. A convite de Orville Derby, que conhecera na expedição aos sertões sanfranciscanos, participa de nova comissão que realiza o levantamento geológico do Estado de São Paulo (1886).
Antes havia realizado o trabalho de prolongamento da linha férrea de Salvador ao São Francisco (1882). No ano seguinte é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa quando do convite de Derby para ir a São Paulo. Ali, dentre outra realizações, participa em 1990 da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe), é nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1898 a 1903). Participou da fundação da Escola Politécnica, junto a Sales Oliveira e ao Coronel Jardim.
Foi, em 1894, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1898), que presidiu em 1922; sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1902). Em 1912 presidiu o V Congresso Brasileiro de Geografia.
Teodoro Sampaio, que nasceu negro e filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Engenheiro por profissão, legou-nos uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica sobre a contribuição das bandeiras paulistas à formação do território nacional, entre outros temas. É formidável sua sofisticação na percepção da importância dos saberes indígenas (caminhos, mas não só) na odisséia bandeirante. Igualmente digna de consideração foi sua contribuição ao estudo de vários rios brasileiros, de pinturas rupestres em sítios arqueológicos nacionais, do tupi na geografia brasileira e da geologia no País. Neste campo, a geologia brasileira, participou de momentos marcantes, como a expedição de Orville Derby ao vale do rio São Francisco e de comissões específicas. Além disso, foi grande amigo de Euclides da Cunha, e auxiliou o escritor com conhecimentos sobre o sertão baiano na elaboração de Os Sertões.
Seu nome figura na memória intelectual do País ao lado de Capistrano de Abreu, Joaquim Nabuco, Nina Rodrigues e outros do mesmo patamar. Em sua memória, foram batizados dois municípios brasileiros (na Bahia e em São Paulo) e também uma importante rua da cidade de São Paulo.

QUILOMBOLAS: Moradores do Paraguaçu, BA, denunciam ameaças

Quem pensa que as ameaças contra os quilombolas de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano encerraram, está enganado. Apresentada em reportagem nacional produzida pela Rede Bahia, afiliada da Rede Globo no Estado da Bahia, em maio último, como um caso de suposta certificação fraudulenta, moradores da comunidade como a agricultora Maria das Dores de Jesus Correa, 59 anos, contam ao Portal Palmares que as brigas e a tentativa de dividir a comunidade não cessam. Moradora de São Francisco do Paraguaçu desde criança, Maria das Dores denuncia que a família Cachoeira colocou na área uma nova "aliada". Este personagem seria, conforme a quilombola, Elba Diniz, dirigente de uma instituição não-governamental, a qual estaria vivendo no local e promovendo intimidações e divisões. "Ela diz para alguns de nossos companheiros que eles não devem aceitar a titulação das terras pelo Incra porque correm o risco de não poder mais vender as terras e as mesmas perderão o valor financeiro. Além disso ela ameaça a nós com violência", disse.

A denúncia de Maria das Dores, que veio a Brasília participar da marcha do Movimento Quilombola pela defesa da terra, na última segunda-feira (24), também é endossada pelo trabalhador rural Crispim dos Santos, o Rabicó, de 32 anos. Segundo ele, a representante da organização não-governamental teria mandado rezar uma missa, a qual disse aos moradores que teria ganho a posse das terras do Paraguaçu. Rabicó conta que não só as ameaças fazem parte do cotidiano, mas também jovens são orientados a dar documentos a dirigente com a promessa de arrumar emprego. Também promete, conforme Rabicó, dar cestas básicas a quem ficar contra a luta dos quilombolas pela titulação da área. "Vou apresentar nova denúncia no Ministério Público contra as práticas que esta senhora realiza junto a nós", promete o quilombola.

Casos como o relatado pelos quilombolas que vivem em São Francisco do Paraguaçu são comuns na Bahia, detalha o secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia. Para Luiz Alberto, tais práticas ainda acontecem porque a possibilidade de ver a titulação de áreas para comunidades quilombolas é uma ameaça para os grandes latifundios. Luiz Alberto lembra que muitas áreas remanescentes ocupam espaços hoje disputados pela especulação imobiliária e pela indústria turística, como o litoral norte baiano, por exemplo.

Mas o secretário Luiz Alberto lembra que o governo do Estado acompanha todos os casos de intimidação gerados a partir da certificação de comunidades e que a Sepromi trabalha de forma articulada com a Fundação Cultural Palmares e com a Seppir na defesa jurídica das comunidades e no chamamento da Polícia Federal sempre que necessário for para coibir ações mais violentas. "Não vamos permitir que fazendeiros ameaçem a população quilombola e também contamos com o apoio da Polícia Militar na segurança e na proteção das áreas", declarou.

Fonte Fundação Palmares

Presidente da Câmara declara apoio à luta quilombola

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Presença bastante aguardada na audiência pública pela manutenção dos direitos das comunidades quilombolas, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP), se fez presente ao evento. Após participar da abertura do Encontro Nacional de Direitos Humanos, que se realizava no parlamento, Chinaglia chegou acompanhado por parlamentares da Frente Nacional pela Igualdade Racial. Em sua rápida passagem, Chinaglia salientou que é compromisso do governo reforçar a validade do Decreto 4.887, o qual vem sendo duramente contestado em ações por parte da bancada ruralista e também é objeto de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) junto ao Supremo Tribunal Federal. Não só a manutenção do decreto é vista com iniciativas por parte do governo, mas também um conjunto de ações em favor da diminuição da desigualdade racial e social. "Sabemos que nossos jovens, de 15 a 25 anos, morrem assassinados e que grande maioria deste contingente vem da comunidade negra. É para isso que esta casa se coloca solidária e sempre aberta a discussão e ao debate em favor das minorias. É meu compromisso estabelecer o diálogo e utilizar espaços para assegurar a pluralidade de idéias e opiniões", concluiu Chinaglia.

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A fala do presidente da Câmara foi também acompanhada pelo pronunciamento do deputado Eduardo Valverde (PT/RO), o qual ressaltou o valor da audiência pública como uma mostra de articulação e empenho do movimento quilombola pela defesa de seu território e de sua cultura. O deputado Vicentinho (PT/SP) fez questão de apontar a todos que o momento é de reação, de luta em favor do direito a terra e a cidadania. Vicentinho trouxe também outra boa notícia. Já foram coletadas 162 assinaturas em favor do lançamento da Frente Parlamentar pela Defesa dos Quilombos. E, assim que chegar a 171, já terá validade a formação do bloco pluripartidário, o qual Vicentinho planeja lançar em um grande evento no próximo dia 20 de novembro.
A deputada Janete Pietá (PT/SP) também apontou com grande satisfação o anúncio de apoio que o presidente da casa. Para a parlamentar, o apoio do deputado Arlindo Chinaglia será um importante reforço em favor da manutenção de uma pauta favorável a população negra, em especial a quilombola representada em Brasília. Entusiasmado, o deputado Carlos Santana (PT/RJ), presidente da Frente Parlamentar pela Igualdade Racial, disse que a luta de todo o povo negro se dá no campo e na cidade. No campo em razão da titulação e demarcação de terras para os remanescentes dos quilombos e na cidade em favor do acesso a moradia e ao emprego. Carlos Santana chamou a todos para realizar manifestações em favor da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e pela defesa das políticas afirmativas em novembro próximo. "O mês de novembro tem que realmente ser o mês da Consciência Negra. Um momento para ocuparmos as ruas e exigir nossos direitos de reparação social", apontou o deputado, dizendo também que no ano que vem estaremos em um ano eleitoral.
As eleições municipais e a possibilidade de ter no país um novo governo em 2010 também foi lembrado pelo deputado federal licenciado Luiz Alberto. Atual secretário de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, disse também que só com a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial é que se verá um passo importante e decisivo para a construção de uma nova identidade étnica e social no país. Disse também que até o final do ano o Governo do Estado da Bahia espera, através de convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), titular 20 comunidades quilombolas.


Fonte: Fundação Palmares

Negros na elite - Advogado conduz uma dos maiores escritórios do Rio de Janeiro

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Wanderlei Coelho teve uma infância bastante pobre. Ele e o irmão foram criados pela mãe num barraco de madeira da Vila Madalena, nos anos em que o reduto boêmio ainda era habitado pela classe média baixa de São Paulo. Ele foi engraxate, tapeceiro, office boy, motorista de táxi e mecânico. “Meu objetivo era vencer na vida como todo mundo”, diz. Conseguiu. Hoje é dono de uma casa noturna com capacidade para duas mil pessoas em São Paulo, de restaurante, de uma produtora de eventos e sócio de uma construtora. Tem ainda investimentos em locação de imóveis e numa escola primária. Como chegou lá? Além de trabalhar muito, estudou Direito. Formado, montou um escritório de advocacia, que também funcionava como imobiliária e despachante, mas acabou enveredando pelo mundo dos espetáculos. “Sabia que se estudasse e batalhasse muito, conseguiria sair daquela miséria”, conta. Aos 52 anos, se orgulha de ser dono de uma casa avaliada em mais de R$ 1 milhão em Alphaville, bairro nobre de São Paulo, de uma Mercedes SLK 200, uma Pajero Sport, um Montana e outros 15 imóveis. História de vida semelhante tem um homem chamado Joaquim Barbosa. Com um salário mensal que representa o teto do funcionalismo público –nem o presidente da República ganha mais do que ele (aliás, ganha três vezes menos), o primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal começou a vida profissional varrendo chão. Primogênito dos oito filhos de um pedreiro com uma dona de casa, Barbosa costumava limpar o banheiro do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal cantando em inglês com pronúncia perfeita. Deixou boquiaberto o então diretor do tribunal, Pedro Luz Cunha, que o apadrinhou, conseguiu um emprego melhor e o orientou a voltar a estudar. Hoje, no auge dos seus também 52 anos, Barbosa fala quatro idiomas é mestre e doutor em Direito Público pela Universidade de Paris, mestre pela UnB, professor licenciado da UERJ e professor visitante da Universidade de Columbia, em Nova York, e da Universidade da Califórnia. “Minha nomeação é a coroação de uma carreira”, disse ao assumir o cargo. “Tenho a esperança de que, nos próximos dez ou quinze anos, uma indicação como esta (de um negro) seja uma coisa banal. Assim, aceito o fardo, e esse é o preço que tenho de pagar.”
Esse sonho de Barbosa já começou a dar sinais de que pode se concretizar. Pelo menos é que mostra uma pesquisa feita pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, com base em dados da Pnad, do IBGE. Os números apontam que em 2004, os afrodescendentes eram 15,8% da elite (representada pelo 1% mais rico do País), um avanço em relação aos 9,1% verificados em amostra semelhante realizada em 1992. “Esse é um resultado importante que deve ser festejado”, disse à DINHEIRO Hélio Santos, professor da Fundação Visconde de Cairu, da Bahia. Segundo ele, essa mudança começou a acontecer graças a uma série de políticas públicas voltadas para a inclusão social dos negros que começaram a ser desenvolvidas a partir dos anos 90. “Mas o ideal seria estar nos 25%”, afirma. O economista Mário Theodoro, da Universidade de Brasília, concorda. Ele, a pedido do Instituto Ethos, mensurou quanto o racismo custa para o Estado brasileiro e chegou a um número: R$ 67,2 bilhões. Esse, segundo ele, é quanto o Brasil deixou de investir ao longo da História –e que teria de investir a partir de agora-- para reduzir o fosso que existe entre negros e brancos quando se fala em educação, habitação e saneamento. “Essa é uma discussão que apenas começou a aflorar. Ainda falta muito para chegarmos ao ideal”, afirma. Hélio Santos lembra que o Brasil tem 80 milhões de negros, ou o dobro da população argentina, que historicamente esperam por uma chance de inclusão social.
Quando chegaram ao Brasil fugindo das mazelas de seus países de origem, os imigrantes europeus já tinham, quase todos, casa e emprego garantidos. Privilégio que nem de longe foi dado aos mais de 750 mil negros que por mais de 350 anos trabalharam como escravos nas lavouras espalhadas pelo País. “Se há negros na elite isso tem muito do esforço que eles têm feito para conquistar o seu espaço”, afirma Santos. Hoje, apesar de representarem 46,4% da população economicamente ativa, os negros ganham metade do salário que é pago aos brancos. Mesmo entre os que possuem melhores níveis de escolaridade o salário é 30% menor, segundo levantamento feito pelo Instituto Ethos. A situação é ainda pior entre as mulheres. Elas ganham por hora apenas 46% do que é pago para os homens. “Ser negro me obrigou a me esforçar mais. Tinha sempre de provar ser pelo menos duas vezes mais competente, a cobrança sempre foi maior”, confessa Domingo Ramos, que com apenas 30 anos coordena o departamento de controle tributário da multinacional DuPont em toda a América Latina. Filho de um eletricista e de uma dona de casa, o administrador de empresas com MBA na USP já liderou projetos na Holanda e morou nos Estados Unidos. “Às vezes me sentia uma estrela solitária por ser o único negro na sala da universidade”, desabafa. Sentimento de solidão? “Não. Frustação. Isso tem de mudar um dia.” O diretor de Negócios da Siemens, César Almeida, tem opinião semelhante. Aos 42 anos, ele afirma se orgulhar de poder dar uma vida confortável aos três filhos, mas lamenta não haver mais empenho do governo para ampliar as políticas públicas de inclusão. “É triste ver que o número de negros na favela e na população carcerária crescer cada vez mais.”
Na tentativa de reverter esses números e, claro, melhorar a sua imagem, muitas empresas começaram a desenvolver programas de diversidade e inclusão racial. Um deles é coordenado por Osvaldo Nascimento, gerente-executivo da IBM. A companhia, ao lado instituições como o Itaú e HSBC, foi uma das pioneiras no desenvolvimento desse tipo de ação, criou projetos especiais para a contratação de trainees afrodescendentes e oferece cursos de capacitação e idiomas. “Queremos reduzir o fosso que existe na formação entre jovens negros e brancos que chegam ao mercado de trabalho”, afirma. Filho de um alfaiate e de uma dona de casa, Nascimento se formou em engenharia pelo Mackenzie, estagiou na Inglaterra, fez pós na Unicamp, especialização em Harvard e MBA na Fundação Dom Cabral. Pode ser considerado um exemplo dos que chegaram ao topo da pirâmide, ao lado de Antonio Carlos Buenos, diretor de Recursos Humanos do Bradesco, César Nascimento, dono de uma consultoria que foi executivo de corporações como a Price, Thompson e Microsoft, ou o empresário de 82 anos Adalberto Camargo, eleito em 1966 o primeiro deputado negro do Brasil. Ainda assim, o número de negros ocupando cargos de comando nas grandes empresas ainda é muito baixo. “Eles são menos de 2% num País em 54% da população é afrodescente”, alerta o advogado Humberto Adami, outro exemplo de sucesso que defende bandeiras como a que prevê a criação de cotas para negros nas universidades. Ele lembra que apesar de o Brasil se identificar como um País multiracial, ainda há muito para avançar. “Um dia eu estava com o Joaquim Barbosa num restaurante em Ipanema, no Rio, aguardando a chegada de nossos carros e uma senhora nos entregou a chave do carro dela pensando que éramos manobristas”, conta. “Ainda existe no inconsciente das pessoas a idéia de que negro de terno é manobrista ou segurança de shopping.” César, da Siemens, também tem uma história interessante: “Peguei um táxi no aeroporto e quando disse que estava indo para Alphaville o taxista perguntou em que time de futebol eu jogava”, conta. Ele levou na brincadeira. Mas, eles lembram que inconscientemente as pessoas imaginam que os negros só conseguem ganhar dinheiro no esporte ou como cantor de pagode. Um erro que também se explica com outra estatística: os afrodescendentes são 66% dos 10% mais pobres da população.
Questão racialApesar da melhora da participação de afrodescendentes na elite, os negros ainda sofrem com a questão racial Eles são 46,4% da população economicamente ativa
Mas recebem 30 % menos que os brancos, mesmo tendo nível de escolaridade igual
O custo do racismo para o País, segundo o economista Mário Theodoro, é de R$ 67,4 bilhões Isso representa o fosso existente entre negros e brancos em serviços básicos como educação, saúde, habitação e saneamento básico
Fontes: IBGE, Pnad, FGV, Instituto Ethos e Seade/Dieese2% é o percentual de negros que hoje acupa cargos de alto escalão nas grandes empresa do País80 milhões de afrodescendentes vivem no Brasil. Isso é o dobro da população de um País como a Argentina.


Fonte: Revista IstoéDinheiro

Maculan participa de Seminário sobre Afrobrasilidade

O secretário de Educação, Nelson Maculan, participará no próximo dia 8 da abertura do seminário “Afrobrasilidade: recomendações e desafios para implantação da Lei 10.639/03”. A iniciativa é do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental – Iara e do Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente da PUC-RJ – Nirema.

O evento acontecerá em dois dias na PUC-Rio, na Gávea, e três temas estarão em pauta: História da África e Diáspora Negra, Cultura Negra no Brasil e Identidade Étnica: Linguagem e Literatura.

O encontro terá a participação dos reitores da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), Jesus Hortal; e da Universidade Candido Mendes, Candido Mendes, da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares - UniPalmares, José Vicente, e do presidente do Iara, Humberto Adami Santos Junior.

Também estarão presentes: o embaixador Gonçalo Mello Mourão, diretor do Departamento de México, América Central e Caribe, do Itamaraty; o escritor e literato Joel Rufino e o editor do Jornal Irohin.

Encerrando as atividades, no dia 09 será promovido um workshop sobre Política Pública para Implementação da Lei 10.639, que prevê o ensino de história africana e cultura afro-brasileira nas escolas.

Confira a programação completa so site:


http://www.see.rj.gov.br/index5.aspx?idsecao=13&tipo=categ&idcategoria=351&idItem=2037

September 07, 2007

Conheça a Casa de Cultura da Mulher Negra

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E um pouco de nossa história:

• Inaugurada em 30 de junho de 1990, em Santos/SP.• Desde 1991, a CCMN oferece assistência jurídica a mulheres, homens e crianças em caso de racismo e oferece apoio legal a mulheres e crianças vitimas de violência domestica e sexual.• Oferece desde 1993, aconselhamento psicológico para mulheres e crianças assistidas pelo serviço jurídico da CCMN. Em caso de racismo, esse aconselhamento psicológico é oferecido também aos homens negros.• Em 1993, co-promoveu o "I Encontro Nacional de Entidades Populares" sobre a violência contra mulher.• Em 1994, realizou o "Encontro de Mulheres Negras da Baixada Santista" tendo como tema a violência racial, sexual e doméstica.

• Em 1995, lançou a Campanha "Violência Contra a Mulher: Tolerância Zero" e inicia a Campanha "Violência contra a mulher, uma questão de Saúde Pública". • Na área racial, lançou, em 1997, a Campanha "Por uma Educação sem discriminação" para sensibilizar educadores/as por uma educação anti-racista.• De 1995 a 1998, a Casa de Cultura da Mulher Negra atuou como secretaria-executiva da subregião Brasil da Rede Feminista Latino-americana e Caribenha de combate à Violência Doméstica e Sexual, sob a coordenação de Alzira Rufino.• II Encontro Nacional de Entidades Populares, com participação de 50 organizações, sobre o tema "Violência contra a mulher, uma questão de Saúde Pública", em 1997, em parceria com União de Mulheres de São Paulo.

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• Em 1999, a Casa promoveu o Seminário Nacional "Saúde, Mulher e Violência Intrafamiliar", com participação de 60 organizações do Brasil e convidadas da Argentina (Ministério de Bem Estar Social), Angola (Ministério da Família e Promoção da Mulher), África do Sul e Estados Unidos.• No ano 2000 e 2001, a Casa participou do processo brasileiro da Conferência Mundial contra o Racismo, criando o Boletim Eparrei online em junho de 2001.• Lançamento da Revista Eparrei em novembro de 2001.

Representação da Casa a nível internacional:

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• CCMN foi uma das 20 organizações internacionais participantes, em 1991, de um estágio nos Estados Unidos, sobre violência contra a mulher;• Em 1993, foi uma das organizações brasileiras que representou o Brasil no Fórum paralelo das Ongs da Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena, 1993;• Participação na Conferência Internacional sobre Violência contra a mulher, em Brighton, Grã-Bretanha, em 1996, através de Alzira Rufino, convidada como uma das conferencistas do evento;

• A convite do Programa "Making the Links with Brazil", do Milton Keynes World Development Education Centre, educadoras da CCMN,visitaram, em 1996, escolas e organizações da cidade de Milton Keynes,na Grã-Bretanha; posteriormente, em 1997, uma educadora de Milton Keynes visitou CCMN, escolas e organizações de Santos;• Visita, como consultoras, ao Masisukumeni Centre, na África do Sul, em agosto/98, organização que atende mulheres vítimas de violência doméstica/sexual, na zona rural; representantes do Masisukumeni Centre visitaram CCMN e a Delegacia da Mulher de Santos, em junho/99;

• O Conselho Permanente da (Organização dos Estados Americanos (OEA) em sua sessão de 9 de maio de 2001 credenciou a Casa de Cultura da Mulher Negra para acompanhar, enquanto organização não-governamental, as atividades da OEA, cntribuindo nas áreas de sua especialização. A CCMN foi a primeira ONG brasileira a receber esse credenciamento junto à OEA.

• As integrantes do staff da CCMN têm seus direitos trabalhistas assegurados.

E PARA SABER MAIS ACESSE:

http://www.casadeculturadamulhernegra.org.br

OU VISITE-NOS: Casa de Cultura da Mulher Negra
Rua Prof. Primo Ferreira, 22, Bairro Boqueirão, Santos - SP
Tels: (13) 3221 2650 / 3222 6068

Antônio Vasconcellos Marques: pioneiro na promoção da igualdade

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Na última quarta-feira (5) a data foi de lembrança e de homenagens em Porto Alegre e também na cidade de Rio Grande, localizada no sul do Rio Grande do Sul distante 316 quilômetros de Porto Alegre, capital gaúcha. Um dos filhos ilustres do Rio Grande, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos de vida. Gerações mais novas de Rio Grande não devem lembrar, tampouco devem ter ouvido falar do advogado Antônio Vasconcellos Marques. Falecido em 1988, aos 82 anos de idade, Antônio Vasconcellos Marques terá a sua lembrança homenageada em uma missa solene, no dia 5 de setembro, às 19h na Igreja São Francisco de Assis, em Porto Alegre. O momento será de lembrar a figura carismática e lutadora de Antônio Vasconcellos Marques. Negro, gaúcho, um lutador em favor da igualdade racial e da valorização da população negra de Rio Grande, sua cidade natal. Uma personalidade negra a qual terá a sua história contada neste espaço, em que o Portal Palmares o presta esta homenagem e o apresenta a todo o Brasil. Antônio Marques é mais um exemplo de homem negro que tem a sua história contada, e que servirá de exemplo e força não só para seus netos e bisnetos, mas também para toda uma juventude negra, que busca referência, valor e verdade.
Nascido na cidade do Rio Grande, RS, no dia 5 de setembro de 1907, Antônio Vasconcellos Marques não conheceu seus pais. Foi criado por sua madrinha, dona Albertina, uma senhora pobre e já idosa. Estava iniciada ali uma caminhada de luta e de um final feliz e exitoso.
Desde jovem, correu atrás de empregos. Foi difícil. Carente e sem instrução adequada, desempenhou várias tarefas. Trabalhou como calceteiro nas ruas e obras da cidade, arrastou couro de boi no matadouro do frigorífico Swift, foi aprendiz em serralheria, na confecção de peças e carteiro na entrega de correspondências. Contudo o aprendizado prático não substituía a ânsia do convívio com os livros. Sempre estudava, mesmo sem saber aonde chegar. Deus lhe dera esta dádiva, o gosto pela leitura.
Conheceu a jovem Ivanoska Corrêa, tratada por Morena, também pobre e sem laços familiares - eles sucumbiram vítimas de epidemias - acolhida em casas de pessoas amigas, trabalhou na indústria como operária e depois como doméstica. Casaram e iniciaram nova vida. Tiveram três filhos: Antônio Carlos, Ângelo Albertino e Franquilina Maria. Fizeram muitos amigos e estas amizades serviram de alicerce para a edificação e solidificação de seus projetos sociais.
O crescimento intelectual aflorou e o "seu Marques" ingressou na Alfândega de Rio Grande inicialmente como marinheiro. Galgando outros tantos postos, ele então passou a ocupar cargos de destaque no órgão público federal. A partir daí, ele teve nova visão e enxergou outros jovens, igualmente sem instrução, dominados pelas dificuldades do não saber e sem condições de conquistar oportunidades momentâneas ou futuras. Então foi empreendedor. Resolveu restituir-lhes a auto-estima e a cidadania. Convidou amigos, alugou salas, implantou ensino gratuito, assumiu todas as responsabilidades financeiras e materiais do empreendimento e durante 10 anos lecionou, cotidianamente, no turno da noite. Assim estava formalizada a Escola Marcílio Dias, cujo nome homenageava a bravura do marinheiro negro da nossa história. Constituiu-se na primeira escola noturna para adultos na cidade do Rio Grande. Mais tarde, com o apoio de amigos, conseguiu realizar o sonho do prédio próprio para a escola a qual hoje integra a rede estadual de ensino. Paralelamente a participação escolar, dedicou-se as sociedades recreativas locais que congregavam pessoas da raça negra, influenciando-as e induzindo-as para novas conquistas, qual seja o desenvolvimento cultural da juventude. Estas ações tiveram a finalidade de, mediante a participação dos jovens, dar sustentação e continuidade a estas sociedades. Os movimentos culturais se entrelaçaram ao dia-a-dia e orientaram as atividades da juventude negra da cidade do Rio Grande. Implantava-se uma mudança, um novo comportamento social.


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O batalhador Antônio Vasconcellos Marques tornou-se eminente orador. Passou a integrar os mais diferentes movimentos políticos, esportivos, sociais e políticos de Rio Grande, também de Pelotas e outras cidades do sul gaúcho. Próximo a comemorar bodas de prata e se aposentar, Antônio Marques ingressou na Universidade Federal de Pelotas para cursar Direito. Objetivava dar continuidade aos seus princípios e a realização de um sonho. Aos 56 anos de idade, no mesmo ano em que comemorava as bodas de prata, foi diplomado, transformando assim o seu sonho em realidade. Foi a maior vitória do Dr. Antônio Vasconcellos Marques, o Dr. Marques como era chamado por todos na cidade. Anos após, transferiu-se para Porto Alegre, onde residiu até o seu falecimento.
Para a família e amigos, a figura de Antônio Vasconcellos Marques é sempre lembrada como exemplo de superação. Para a especialista em Educação e integrante do Grupo Multiétnico de Empreendedores Sociais, filial Rio Grande do Sul, Franquilina Marques Cardoso, a figura de seu pai foi uma figura marcante. Um dos episódios que mais marcou foi a sua formatura, a qual ele dizia ter voltado a estudar para mostrar a seus filhos e a toda a comunidade negra que a liberdade só vem através dos livros e também sua atuação como presidente da Sociedade Recreativa Cultural Estrela do Oriente, em Rio Grande. O clube não existe mais, mas foi um marco na vida social da cidade. Um clube onde, segundo ela, seu pai pregava cidadania e valorização do cidadão negro. Um dos eventos que o clube fazia, e que vale ser lembrado, conta Franquilina, era o baile dos formandos. O evento comemorava a formatura de todos, não só nos cursos superiores, mas também no ginásio e no científico. Era sim a comemoração da conquista e da luta dos negros em favor do estudo.
Contar esta história vale a pena e emociona a todos nós, em especial a todos que puderam conviver com o seu Antônio. Seu Antônio - e peço licença domeu papel de repórter - foi meu inspirador, meu amigo. É sim uma personalidade negra não só para mim, mas para toda uma geração que trabalha, sonha e batalha por um Brasil igual, um Brasil plural e um Brasil vivo, onde todos tem voz, vez e sua cultura e história respeitados.



Fonte: Oscar Henrique Cardoso, ACS/FCP/MinC