PROJETO NEGROS E NEGRAS EM MOVIMENTO

Objetivos: - A contribuição do negro na formação social brasileira - A discriminação racial no Brasil. Movimentos de resistência de negros pela cidadania e pela vida; - Políticas sociais e população negra: trabalho, saúde, educação e moradia; - Relações étnico-raciais, multiculturalismo e currículo; - Aspectos normativos da educação de afro-brasileiros. - EMAIL PARA CONTATO: negrosenegras@gmail.com

July 29, 2007

I SEMINÁRIO INTERNACIONAL INTERCÂMBIOS AFRO-LATINOS: Brasil e Colômbia unidas na integração afro-latina no Rio de Janeiro e Salvador

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As conquistas alcançadas pelo Movimento Negro Brasileiro, organizado ao longo dos últimos 40 anos, já são notícia e exemplo no âmbito da diáspora africana. O Brasil tem apresentado resultados importantes ao implementar as ações afirmativas que visam a inclusão plena dos negros na sociedade brasileira. Neste sentido, o Governo Brasileiro, através de várias instituições, como a Fundação Cultural Palmares, instituição pública federal vinculada ao Ministério da Cultura vem contribuindo vigorosamente para estas conquistas.
No caso da Colômbia, que possui a segunda maior população negra da América Latina, atrás apenas do Brasil, a situação é um pouco diferente. Enquanto no Brasil já se discutia diversidade cultural, na Colômbia ainda busca-se a afirmação da comunidade negra na sociedade. Na extensão do Pacífico Sul colombiano se localizam grupos afrodescendentes em condições de exclusão efetiva, apesar da ampla legislação para proteger os direitos humanos das populações afro-colombiana incluindo normas e um discurso oficial alertando para a necessidade do seu cumprimento.
Assim surge o I Seminário Internacional - Intercâmbios Afro-latinos Diagnóstico e Perspectivas para a Comunidade Negra na América Latina que tem por finalidade ampliar o diálogo entre os países da América Latina em especial, Brasil e Colômbia, que busca destacar o empenho dos movimentos políticos, culturais e acadêmicos, na implantação de ações afirmativas para a população afro-descendente latino americana. O evento será realizado em duas capitais brasileiras. De 31 de julho a 3 de agosto próximo, no Hotel Novo Mundo (Praia do Flamengo, 20, Flamengo, Rio de Janeiro) e de 7 a 10 de agosto próximo, no Hotel Tropical da Bahia (Avenida Sete de Setembro, 1537, Campo Grande, Salvador, BA).
A presença de convidados internacionais, professores da Colômbia e dos Estados Unidos, darão aos presentes uma visão mais clara da realidade colombiana e da América Latina e proporcionará um debate vivo e real dos assuntos mais importantes no momento para cada país, além de um olhar mais profundo, por parte do Brasil, do contexto diaspórico latino americano.

Programação

Rio de Janeiro, de 31 de julho a 3 de agosto de 2007Local: Hotel Novo Mundo - Praia do Flamengo, 20, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ

Dia 31 de Julho de 2007 - Terça-feira

18h: Credenciamento
18h30min: Solenidade de abertura Zulu Araújo - Presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC Antonio Pompêo - Diretor de Promoção, Estudos, Pesquisa e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira Ministra Maria Elisa Teófilo de Lima - Ministério das Relações Exteriores Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
19h: Performance Teatral com Zezé Barbosa
19h30min: Degustação

Dia 1º de Agosto - Quarta-feira

8h30min: Painel Enunciação e Perspectiva Afro-Latina

Palestrantes: Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia Professor Wilmer Villa - Universidad Distrital/Colômbia Professor Mbare Ngon - Morgan State University/ USA Mediador: Professor Jacques D´Adesky - Universidade Federal do Rio de Janeiro
10h: Degustação
10h30min: Painel Cultura, Política e Sociedades Multiculturais

Palestrantes:Professor Marcelo Paixão - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Mercado, Economia e Política Professor Joel Zito Araújo - Cineasta - Cinema Afrocentrado como política cultural Mediadora: Professora Elielma Machado (UNESA)

Dia 2 de Agosto - Quinta-feira

8h30min: Painel Movimento Negro e as relações com o Estado

Palestrantes: Professora Elielma Machado - PUC-RJ Professora Cláudia Miranda - UNESA Professor Mbare Ngon - Morgan State University/ USA Mediadora: Professora Cláudia Miranda - UNESA
10h: Degustação
10h30min: Painel Agenda Política e Perspectivas para a América Latina

Palestrantes: Professor Miguel Almeida - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Juventude Negra e formação superior, a UERJ e os cotistas. Professor Júlio Tavares - Universidade Federal Fluminense Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia Mediador: Professor José Carlos Félix - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Dia 3 de Agosto - Sexta-feira

8h30min: Painel Práticas Diaspóricas e alternativas frente à globalização

Palestrantes: Professor Wilmer Villa - Universidad Distrital/Colômbia - La Cátedra de Estudios Afro-Colombianos para pensar las relaciones interculturales Professora Azoilda Trindade - Secretaria Municipal de Educação/UNESA Professor Amauri Mendes (UEZO) - A Lei 10.639 e as ações em curso Mediadora: Professora Cláudia Miranda - UNESA
10h30min: Encerramento

Salvador, de 7 de agosto a 10 de agosto de 2007 Local: Hotel Tropical da Bahia - Avenida Sete de Setembro, 1537, Campo Grande, Salvador, BA

Dia 7 de agosto - Terça-feira

18h: Credenciamento
18h30min: Solenidade de abertura
Zulu Araújo - Presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC Professora Juscelina Nascimento - Chefe de Gabinete Ministra Maria Elisa Teófilo de Lima - Ministério das Relações Exteriores Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia
19h: Apresentação Canto Solo de Rita Braz
19h30min: Degustação

Dia 8 de Agosto - Quarta-feira

8h30min: Painel Diálogos Negros entre movimentos sociais trocando experiências
Painelistas: Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia - Movimento e Propostas da Rede de Intelectuais Afro-Colombianos Professor Samuel Vida - Universidade Federal da Bahia - Militância nos Espaços Acadêmicos Mediador: Professor Silvio Humberto - Instituto Cultural Steve Biko
10h: Degustação
10h30min: Painel As políticas de democratização do espaço acadêmico no Estado da Bahia: ranços e avanços

Palestrantes:
Professora Paula Barreto - Universidade Federal da Bahia - Um balanço das experiências de apoio à permanência Professor Jocélio Teles - Universidade Federal da Bahia - Promoção e presença negra na UFBA de hoje Mediadora: Professora Juscelina Nascimento - Fundação Cultural Palmares

Dia 9 de Agosto - Quinta-feira

8h30min: Painel Negritude e formação para sociedades multiculturais
Palestrantes: Professor Wilmer Villa - Universidad Distrital/Colômbia - La Cátedra de Estudios Afro-Colombianos para pensar las relaciones interculturales Professora Ana Célia da Silva - Universidade Estadual da Bahia - Anti-racismo e transmissão cultural na educação Professor Mbare Ngon - Morgan State University/ USA Mediadora: Professora Cláudia Miranda - UNESA
10h: Degustação
10h30min: Painel O Movimento Negro na contemporaneidade

Palestrantes:
Professor Silvio Humberto - Instituto Cultural Steve Biko - O Instituto Cultural Steve Biko e a sua participação no sistema de ensino baiano Professora Florentina Souza - Universidade Federal da Bahia - Formação intelectual para jovens universitários na Bahia Professora Joselina da Silva - Universidade Federal do Ceará - Portas para a promoção da igualdade:Iniciativas Negras - Trocando Experiências Mediadora: Professora Juscelina Nascimento - Fundação Cultural Palmares

Dia 10 de Agosto - Sexta-feira

8h30min: Agenda Intercâmbios e desafios para os movimentos negros - Intelectuais em rede

Palestrantes:
Professora Fanny Milena Quiñones - Universidad Pedagógica Nacional/Colômbia Professor Wilmer Villa - Universidad Distrital/Colombia Professor Mbare Ngon - Morgan State University/ USA Mediadora: Professora Cláudia Miranda - UNESA
11h: Encerramento

Ficha de Inscrição

Participe:
Clique no link abaixo e baixe sua ficha de inscrição:
http://www.palmares.gov.br/sites/000/2/download/inscricao%20afro-latinos.doc (em formato WORD).

As inscrições para o Rio de Janeiro devem ser enviadas para o e-mail clenia.oliveira@palmares.gov.br.

As inscrições para Salvador devem ser enviadas para
antonia.nascimento@palmares.gov.br.

Também podem ser encaminhadas para o Fax (0.xx.61) 3424-0133

Grupo de dança baiano sofre ato racista em loja de shopping em Brasília

As Lojas Americanas irá responder ação penal junto ao Fórum de Brasília por crime de racismo. É o que prevê o conteúdo da ação cível que será apresentada na semana que vem pelo advogado Júlio Romário da Silva, representante da Associação Nacional dos Advogados Afrodescendentes (ANAAD) em Brasília. Na tarde da última terça-feira (24), um grupo de cinco jovens bailarinos negros, integrantes do Grupo de Dança Galpão das Artes, de Feira de Santana/BA, foi vítima de ato racista no interior da filial das Lojas Americanas, localizada no shopping Conjunto Nacional, em Brasília. Três adolescentes e dois menores componentes grupo, que está na capital participando do 17º Festival Internacional de Dança de Brasília, entrou na filial das Lojas Americanas do Conjunto Nacional para comprar uma caixa de chocolates - a qual seria um presente para uma das componentes do grupo que estava de aniversário - foi humilhado por seguranças da loja. O fato ocorreu diante dos consumidores que estavam na fila do caixa e também populares que transitavam no corredor do shopping. Conforme explicou a coordenadora do Grupo Galpão das Artes, Ana Lúcia Bahia, os seguranças se aproximaram dos jovens e os reeprenderam, acusando-os de furto. Os seguranças, disse Ana Lúcia, então recolheram as bolsas dos jovens e abriram-as diante do público, espalhando os pertences no chão e pedindo para os mesmos mostrarem se haviam pego ou não outras mercadorias, em meio a ofensas verbais e chutes aos objetos pessoais dos adolescentes. O constrangimento piorou quando um dos jovens mostrou a um dos seguranças a nota fiscal com o pagamento feito pela caixa de chocolates. Acompanhados por outros dirigentes do Grupo Galpão das Artes, todos foram à Delegacia da Asa Norte, onde registraram boletim de ocorrência denunciando crime de racismo, injúria qualificada por preconceito, conforme preceitua o art.140, § 3º do Código Penal Brasileiro, e demais legislações pertinentes à espécie.

A situação causou muita consternação entre os 54 integrantes do Grupo Galpão das Artes, que está em Brasília desde o último dia 8 de julho participando das atividades artísticas e oficinas do Seminário Internacional de Dança, que se encerra no próximo domingo, dia 29 de julho. O Grupo Galpão das Artes, segundo a coordenadora Ana Lúcia Bahia, é apoiado pela Unicef, Unesco e também pelo Projeto Criança Esperança, da Rede Globo, por promover o acesso de jovens carentes, de maioria negra, a dança como forma de inclusão social. "Lutamos muito para que estes adolescentes e crianças - os integrantes do grupo tem idade entre 9 e 21 anos - elevem a sua estima. Para nós o ato representou uma agressão e repudiamos o racismo que ainda existe em nossa sociedade", disse a dirigente do grupo, lembrando que na confusão, o documento de identidade de um dos jovens foi extraviado. Ana Lúcia lembra que o clima de tristeza e desapontamento ainda é visível entre os jovens, os quais disseram querer voltar logo para a Bahia. Também ouvida pelo Portal Palmares, a organizadora do Festival Internacional de Dança, Gisele Santoro, também se declarou estarrecida pelo ato racista a qual vitimou os jovens baianos. Conforme Gisele, não podemos aceitar que cidadãos ainda sejam discriminados e suspeitos de roubo por causa de sua cor de pele. Gisele mobilizou representantes do governo do Distrito Federal para acompanhar o caso.

O advogado Júlio Romário da Silva explica que o episódio ainda tem um agravante por ter ocorrido diante do público presente no interior da loja."Na verdade, a ação cível será contra as Lojas Americanas, onde será requerido, na justiça, a indenização por danos morais e materiais", explica o advogado. Vale lembrar que racismo é crime imprescritível e inafiançável, conforme explica o art.5º, inciso XLII da Constituição Federal da República Federativa do Brasil. O racismo também é considerado crime pela Lei Federal 7.716/89, de autoria do ex-deputado constituínte Carlos Alberto Caó.

A Assessoria de Comunicação do Shopping Conjunto Nacional disse que o fato ocorreu dentro das Lojas Americanas, e, por isso a própria empresa é que deve se manifestar publicamente. A Assessoria de Imprensa das Lojas Americanas, sediada no Rio de Janeiro, enviou nota dizendo que as Lojas Americanas vai apurar o fato e adotará as medidas cabíveis.



Fonte: Fundação Palmares

July 21, 2007

Portaria do GDF institui na semana que vem Grupo de Trabalho Espaço Cultural Praça dos Orixás

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Quem passa pela área da Prainha dos Orixás, junto ao Lago Paranóa, em Brasília, DF, deve estar intrigado a saber onde foram parar as 16 estátuas de orixás que estavam no local. Após serem alvo de constantes atos de vandalismo, o autor das esculturas, o artista plástico Tati Moreno esteve em Brasília, recolheu as imagens e, com autorização do poder público local, levou as imagens de volta ao seu ateliê em Salvador. No espaço, Tati Moreno iniciará, em breve, as ações de restauro das estruturas que serão novamente instaladas em um novo espaço artístico e cultural para o DF e para o Brasil: o Espaço Cultural Praça dos Orixás.

Em mais uma reunião de trabalho do GT Projeto Espaço Cultural Praça dos Orixás, realizada na última quarta-feira (18) na sede da Fundação Cultural Palmares/MinC (FCP/MinC), integrantes da Fundação Palmares se reuniram com representantes da Fundação Cultural Palmares/MinC, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), Federação Brasiliense de Umbanda e Candomblé, Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, Conselho do Negro do DF e Secretaria Especial de Políticas de Igualdade Racial (SEPPIR). No encontro, presidido pelo presidente da FCP/MinC, Zulu Araújo, foram debatidas as próximas ações do trabalho. O dirigente informou aos presentes sobre a ação de retirada das estátuas, feita por Tati Moreno, a qual foi previamente informada pela FCP em ofício encaminhado no dia 2 de julho último ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Também destacou as possíveis ações de restauro que Tati Moreno fará nas estruturas e apresentou um esboço com a projeção de mais uma imagem que irá compor o Panteão dos Orixás, proposta por Moreno. Será uma imagem de Iemanjá, que, conforme projeto do artista plástico, será instalada no meio do Lago Paranoá, proximo à Prainha.

Os próximos encaminhamentos a serem tomados pelo Grupo de Trabalho, cuja publicação oficial será feita na próxima semana no Diário Oficial do Distrito Federal, será a elaboração de uma agenda de eventos para o Espaço Cultural da Praça dos Orixás e detalhes para a assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre os poderes local e federal, a se realizar em evento festivo na Praça dos Orixás. Local este que vem sofrendo ataques de vândalos, os quais depredam as estátuas e praticam ações de intolerância contrária às religiões de matriz africana. Um próximo encontro da equipe de trabalho acontecerá na próxima quinta-feira, dia 26 de julho, às 15h.


Fonte: Fundação Palmares

Udesc promove seminário sobre Educação e Relações Raciais

A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) promove nos próximos dias 24 e 25 de julho, em seu Campus em Florianópolis, o III Seminário Educação, Relações Raciais e Multiculturalismo. As inscrições para participação no evento estão abertas e podem ser feitas pela Internet, no endereço eletrônico www.udesc.br/multiculturalismo/seminario. Não é cobrada taxa para a inscrição.
Organizado pela primeira vez em 1998, pelo Grupo de Trabalho, Educação e Desigualdades Raciais do Núcleo de Apoio Pedagógico da Udesc, o Seminário tem por finalidade construir um espaço de reflexão em favor da realidade educacional dos afrodescendentes de Santa Catarina. Para esta edição, a temática entra em um novo momento, pois fecha o conjunto de atividades do Programa Diversidade Étnica, financiado parcialmente com recursos do Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior do Ministério da Educação (Programa Uniafro). A ação do Uniafro objetiva contribuir na qualificação de multiplicadores (professores, gestores educacionais, organizações do movimento negro e pesquisadores) na temática da diversidade étnico-racial e da promoção da igualdade no Estado de Santa Catarina.


CRONOGRAMA


HORÁRIOS

ATIVIDADES

Dia 24 de Julho

8:00 - 9:00
Credenciamento

9:00 - 9:30
Abertura – François Muleka & João Gomes

9:30 - 11:30
Conferência - Muticulturalismo: Pensando as políticas de reconhecimento na Educação – César Rossato

14:00 - 16:00
Mesa-Redonda Experiências e desafios para a implementação de Programas de Diversidade em Santa Catarina

16:15 as 18:00
Relatos de Experiência

Dia 25 de Julho

8:00 - 12:00
Mini-Curso

14:00 - 18:00
Mini-Curso

Dia 26 de Julho

8:00 - 12:00
Mini-Curso

14:00 - 18:00
Mini-Curso

Dia 27 de Julho

8:00 - 12:00
Mini-Curso

14:00 - 16:00
Apresentação dos Resultados obtidos nos Mini-Cursos

16:00 - 17:00
Conferencia de Encerramento - Kabenguele Munanga

17:00 - 18:00
Apresentação Cultural – Novos Bambas


CONFERÊNCIAS

Conferência - Muticulturalismo: Pensando as políticas de reconhecimento na Educação - Prof. César Rossato - Universidade do Texas - El Paso
Conferencia de Encerramento: balanço e desafios na implementação de políticas de promoção da igualdade na educação - (A confirmar)

MINI-CURSOS

A Diversidade Africana a partir da interpretação de Mapas - Mapas (Prof. MS Felippe Jorge Kopanakis Pacheco);
Etno-Matemática - (Inhelora Kretzschmar Joenk);
Literatura Afro-brasileira e Africana (Sandro Brincher);
Arte Africana e Afro-brasileira - (Maria Cristina Rosa);
Fortalecendo a diversidade e a auto-estima de crianças afrodescendentes na Educação Infantil - (Estela Maris Cardoso);
A África na Sala de Aula - (Paulino de Jesus Francisco Cardoso).

MESAS REDONDAS

Mesa-redonda Experiências e desafios para a implementação de Programas de Diversidade em Santa Catarina:
Prof. Moacir da Costa - Coordenador do Programa Municipal de Diversidade - Secretaria Municipal de Itajaí, SC
Profª Maria Conceição Pereira - Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial - Prefeitura de Itajaí, SC
Profª Micheline N. Lückmann Quadros - Secretaria Municipal de Educação de Jaraguá do Sul,SC
Profª Renilda de Liz e Profª Maria Aparecida Gomes - Coordenadoras do Grupo de Pesquisa Negro e Educação (UNIPLAC), SC
Profª Maria Benedita Prim - Coordenadora do Núcleo de Educação Afrodescendente - Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Profª Sonia Santos Lima de Carvalho - Assessora Pedagógica - Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis.


Fonte: Fundação Palmares

July 14, 2007

Brasil e Colômbia unidos pela integração negra latino-americana

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O governo brasileiro dá a partida rumo a um projeto continental. A viagem do presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo a Bogota, em abril último, quando palestrou sobre a Luta da População Negra brasileira contra o Racismo e outras Formas de Discriminação no Seminario Internacional de Diversidad, Interculturalidad y Construcción de Ciudad serviu para aproximar o Brasil com a Colômbia. Para cumprir este propósito, a Fundação Cultural Palmares/MinC estará produzindo o I Fórum Internacional Afro-Latino: Perspectivas Sócio-Culturais em duas capitais. A primeira edição será de 31 de julho próximo a 3 de agosto, no Rio de Janeiro. A segunda edição do simpósio acontece em Salvador, Bahia, de 7 a 10 de agosto próximo. Nos encontros, explica o diretor de Promoção, Estudos, Pesquisa e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira, Antônio Pompêo, serão discutidas iniciativas existentes em favor da promoção da igualdade, combate ao racismo e experiências anti-discriminação e de apoio cultural, com a presença de especialistas brasileiros, colombianos e norte-americanos.
Antônio Pompêo explica que a principal motivação para a realização dos encontros, os quais deverão ser promovidos com venezuelanos e uruguaios, se deu pelo fato de os demais países da América do Sul considerarem que o Brasil foi a nação que mais avançou na promoção de políticas públicas para a população negra. Como exemplos destacados, especialmente pelos colombianos, foi a existência da Fundação Cultural Palmares como órgão governamental de apoio e valorização da cultura afro, a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) com status de ministério para promover a igualdade entre negros, judeus, palestinos, ciganos e afins e a promulgação da Lei Federal 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que institui o ensino da história e da cultura afro-brasileira nos currículos escolares. Pompêo salienta que o trabalho também será intenso na área do intercâmbio e da produção cultural entre a Palmares, como representante do governo brasileiro, e os países latino-americanos.

Fundação Palmares 19 anos: programação em quatro capitais

Para marcar as comemorações dos 19 anos da Fundação Cultural Palmares, uma intensa programação cultural está começando a ser preparada. E as festividades prometem reunir milhares de pessoas em quatro capitais: Rio de Janeiro, Salvador, Brasília e São Paulo. Para o Rio de Janeiro, por exemplo, o diretor ressalta que a Palmares irá realizar um grande show na Lapa, com representantes do samba e da expressão negra, entre eles Dudu Nobre, a Velha Guarda da Portela, entre outros nomes. Para Brasília está já acertada a realização de duas oficinas: culinária e penteados afro-brasileiros, bem como a exibição da peça teatral "Zumbi Cordão de Ouro", em duas sessões no Teatro Dulcina. Para Salvador, as comemorações deverão também ocorrer durante a realização do Fórum Afro-Latino e são previstas a realização de shows e mostras artísticas. Em São Paulo, a Fundação Cultural Palmares está já em negociação com Emanuel Araújo, curador do Museu Afro-Brasil, que deverá sediar a programação festiva na capital paulista.

Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Para os próximos dias, o presidente da Fundação Cultural Palmares, segundo Pompêo, terá uma reunião com o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho. O objetivo do encontro será acertar os detalhes acerca da inauguração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Localizado na Zona da Mata alagoana na atual cidade de União dos Palmares, há 92 km de Maceió, nas margens do Rio Mundaú, 500 metros acima do nível do mar, a Serra da Barriga passará a ser reconhecida não só no Brasil, mas na América Latina e em outras partes do Mundo por abrigar o primeiro empreendimento temático afrodescendente: o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. O projeto nasce da arrojada iniciativa da Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Magna Matter, com apoio da Petrobras, Ministério do Turismo e Ministério da Cultura, através da Fundação Cultural Palmares.

Produção cultural quilombola

Em uma iniciativa inédita, um trabalho de parceria institucional da Fundação Cultural Palmares irá realizar o intercâmbio cultural e o fomento ao desenvolvimento sustentável para as comunidades remanescentes de quilombos. Falamos do Primeiro Encontro da Produção Quilombola, que pretende reunir em Brasília, em novembro próximo, 3 mil quilombolas de todas as regiões do país. Mas, aponta Antônio Pompêo, serão realizados, antes, encontros regionais em cinco capitais brasileiras, para fomentar e motivar trocas culturais, feiras de artesanato e potencializar a arte e a cultura existente nas comunidades quilombolas brasileiras. O diretor da Fundação Cultural Palmares ainda aponta que estão em planejamento e negociações a realização de mais um Festival África-Brasil, com shows de artistas brasileiros e de países africanos, ao ar livre, em Salvador e também a realização do CIAD CULTURAL, com a apresentação de espetáculos, também em Salvador. "Sobre o CIAD CULTURAL, o projeto se encontra em análise e observação por parte do Conselho Nacional de Incentivo Cultural (CNIC) do Ministério da Cultura", indica o diretor Antônio Pompêo.



Fonte: Fundação Palmares

Filmes africanos pela Internet

Dentro de alguns meses, a sociedade sul-africana Mnet será a detentora da quase-totalidade dos direitos de difusão na Web dos clássicos do cinema africano, e isso por um prazo de ao menos um quarto de século. Em menos de dois anos, este poderoso canal de televisão adquiriu mais de 400 filmes, dos quais ela possui os direitos de exibição na Internet para o mundo inteiro e, em muitos casos, também os direitos de difusão em salas e na televisão para o continente africano. O projeto tem por nome "African Film Library". Esta biblioteca do cinema africano tem por objetivo explícito "de oferecer uma solução pan-africana radical para o desafio histórico da distribuição". A Mnet é o principal canal do conjunto de TVs por assinatura, oferecidas pela empresa DSTV, que pertence ao grupo Naspers, o gigante dos veículos de comunicação sul-africanos. Todos os principais cineastas foram procurados um após o outro por Mike Dearham, encarregado das compras. A notícia não demorou a se espalhar pelo pequeno mundo dos realizadores africanos. Em Uagadugu (Burkina Faso), durante a mais recente edição do Fespaco, este sul-africano, que estava instalado no terraço do Hotel Indépendance, um dos mais importantes pontos de encontro durante o festival, assinava na mesma hora cheques em dólares para os cineastas dispostos a vender os seus direitos. Mike Dearham não gosta de falar de números, mas, segundo várias fontes, a Mnet paga entre US$ 25.000 e US$ 40.000 (entre R$ 48,6 mil e R$ 77,8 mil) por filme, para adquirir seus direitos por um prazo de 25 anos. Assim, o canal teria investido cerca de US$ 5 milhões (R$ 9,72 milhões) neste projeto. "Nós pretendemos adquirir o melhor do cinema africano e conferir uma nova vida a esses filmes", explica Mike Dearham. "Até o momento, eles não foram nem distribuídos nem comercializados corretamente. As salas de cinema não existem mais neste continente; agora, o futuro é o filme "on demand", que pode ser comprado e visionado na Internet".

July 09, 2007

Portal virtual inicia ações do Centro de Cultura Negra do Rio Grande do Sul

O CCN RS (Centro de Cultura Negra do Rio Grande do Sul) inaugurou no último dia 20 seu portal virtual, no Memorial do Rio Grande do Sul em Porto Alegre. O ambiente estruturado para resgatar as manifestações culturais da região e socializar as produções contemporâneas é a primeira das atividades do Centro, que pretende tornar-se referência junto à comunidade através da promoção de cursos, mostras, exposições e espaço para saraus, leituras poéticas, entre outras apresentações artístico-culturais. O CCN RS congrega a ACMUN (Associação Cultural de Mulheres Negras), AndC (Associação Negra de Cultura) e Rede Social do Sesi, contando parcerias com a Sedac (Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul) e Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) da Presidência da República.
Na ocasião também foram entregues os certificados aos participantes dos cursos "Controle Social em Saúde da População Negra", "Relações Étnico/Raciais e Vivências da Cultura Afro-Brasileira" e "Artesanato Afro", realizados através de convênio com a Seppir.
O prédio cedido pela Sedac ao CCN está localizado na Av. João Pessoa 1100, esquina Venâncio Aires, em Porto Alegre, possui um significado especial para os afro-gaúchos. Foi o local onde os africanos escravizados foram libertados e criaram a Colônia Africana de Porto Alegre nas redondezas. O grupo impulsionador do CCN está captando recursos para a restauração do prédio e adequação das instalações para o desenvolvimento de atividades culturais no espaço.

Conheça o Portal Virtual CCN: www.ccnrs.com.br

July 04, 2007

Juiz determina que escolas d o Rio informem se incluíram H istória da África e Cultura Afro-brasileira em currículos

De: Maria das Graças Gonçalves

Juiz determina que escolas do Rio informem se incluíram História da África e Cultura Afro-brasileira em currículos - inclui Lingua Portuguesa, Geografia, Educação Artística, Educaçãp Física
Consultem a Lei 10639/2003 e o Parecer CNE de 17 de junho de 2004 (site do MEC), j´´a aprovados e em vigor.

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=visualiza_noticia&id_caderno=20&id_noticia=16986

Sugiro a todo(a)s examinar a íntegra da decisão em www.adami.adv.br, analizar e reproduzir a fundamentação desta, que com certeza, será marco histórico.Esclareço que a mesma pode ser utilizada onde houver resistência, inércia ou descaso na implementação da lei, ou na abertura ou arquivamento prematuro do inquérito civil público, indo-se direto ao membro do Poder Judiciário, para providências da espécie. Estamos meditando se tal remédio poderia ser usado para outros setores, como o campo do mercado de trabalho, onde também enfrentamos resistência e, as vezes, "descaso". Chamamos de descaso, embora muitos companheiro(a)s se referiam a racismo institucional. Questões poderão ser encaminhadas para adami@adami.adv.br .

Humberto Adamiwww.adami.adv.br

Leia o texto abaixo:

As escolas públicas e privadas de ensinos fundamental e médio do Rio terão que informar à Justiça fluminense se já incluíram em seus currículos a matéria História e Cultura Afro-brasileira, como estabelece a Lei Federal 10.639, de 9 de janeiro de 2003. A determinação é do juiz Guaraci de Campos Vianna, da Vara da Infância e da Juventude da Capital. Ele recebeu pedido de providências de diversas instituições e pessoas defensoras da cultura afro-brasileira que denunciaram o descumprimento da lei. Segundo o juiz, a lei, que também instituiu nos calendários escolares o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), busca resgatar a contribuição da raça negra no cenário brasileiro.
"Ignorar a Lei nº 10.639/03 é se omitir perante uma importante missão do Estado Democrático de Direito: garantir a cidadania plena. É fechar os olhos para o verdadeiro projeto pedagógico: suscitar seres autônomos, com capacidade de criticar, de criar, de transformar, enfim, de realmente fazer este momento histórico em que estamos temporalmente situados", considerou o juiz na decisão.
Ele disse que conhecendo a sua herança cultural, o cidadão torna-se capaz de participar dos destinos de sua sociedade e colaborar com sua transformação. "Num momento em que a cidadania enfrenta novos desafios, busca diferentes espaços de atuação e descobre áreas por meio das grandes transformações pelas quais passa o mundo contemporâneo, é essencial ter o conhecimento de realidades que, no passado, significaram e, no presente, ainda significam passos relevantes no sentido da garantia de um futuro melhor para todos", ressaltou.
O juiz Guaraci Vianna afirmou também que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a competência da Justiça da Infância e da Juventude para julgar a demanda, uma vez que está fundada em interesses individuais, difusos e coletivos afetos à criança e ao adolescente.
Os ofícios serão remetidos pela Secretaria Municipal de Educação do Rio aos
diretores de escolas públicas e privadas, à Prefeitura, aos Conselhos Municipal e Estadual de Educação, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Guaraci Vianna mandou, ainda, dar ciência da decisão ao Ministério Público.

Assinam a representação o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (IARA); o ex-deputado Abdias do Nascimento; a Federação Nacional dos Advogados (Fenadv); o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (IPEAFRO); a ONG Criola; a Casa da Cultura da Mulher Negra; a Diretoria Executiva da Educafro - Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes; David Raimundo Santos, o frei David; o Movimento Negro Unificado (MNU - Seção Rio de Janeiro); o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e a Central Única de Favelas do Rio de Janeiro (CUFA).


Fonte: TJRJ

July 02, 2007

Ninguém vê racismo quando brancos ocupam 90% das vagas

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Diretor Administrativo e Financeiro do Procon, ex-vereador e ex-prefeito de Vitória, Ademir Cardoso sabe que é uma exceção. Negro, filho de pais pobres, que cursaram só até o antigo primário, desde garoto ele foi educado para superar barreiras. Cursou Direito e Geografia, foi vereador pela primeira vez aos 18 anos, e está certo de que é preciso que se estabeleça uma política de compensação para que negros tenham acesso à escolaridade superior e a bons empregos no país. Para Ademir, as cotas podem ser uma opção. "Ninguém vê racismo na realidade atual, onde brancos ocupam às vezes 90% das vagas", critica ele.

Como o fato de ser negro interferiu na sua vida?

Fui educado para superar barreiras. Minha mãe, dona de casa, e meu pai, escriturário da Vale - tesoureiro da Igreja Batista de Jardim América, ele fez o curso primário - tiveram seis filhos. Sempre estudei em escola pública, que tinha um bom ensino, e por isso nela estudavam pessoas de melhor poder aquisitivo. Naquela época, escola particular era popularmente conhecida como pagou, passou. No Colégio Estadual, onde fiz o ginásio e o científico, na década de 60 eu era um dos poucos negros. Nessa época, no Brasil, os negros eram netos ou bisnetos de escravos. Considerando que as pessoas viviam bem menos do que hoje, o espaço das gerações era menor. Sou filho de pai negro e de mãe miscigenada - negro com português.

Como seus pais lidavam com a questão racial?

Perdi quatro irmãos, todos com doença falciforme. Perdi meu pai aos 12 anos, e minha mãe ficou só comigo e com a minha irmã, Miriam. Mas ela não descuidava. E dizia sempre que nós éramos bonitos. Não nos permitiu pensar em deixarmos de estudar.

O senhor fez dois cursos superiores...

Sim, Direito e Geografia, e isso certamente tem a ver com a orientação da minha mãe sobre os estudos. Advoguei durante quatro anos - fiz Direito porque queria ser doutor -, mas me apaixonei pelo magistério. Dei aulas por mais de 30 anos.

O fato de sua mãe ter ficado viúva e seus irmãos terem sofrido, doentes, o fez ser mais dedicado aos estudos?

Meus irmãos sofreram muito. Da rua, dava para ouvir seus gritos de dor por causa da doença. Eu não tinha vontade de voltar para casa... Minha mãe era exigente com a escola, e dizia sempre que não precisávamos ter vergonha da nossa cor, das nossas origens. Nasci em Itaquari, e quando meu pai morreu fomos para Jardim América. Lá, meus quatro irmãos morreram, um atrás do outro. Ficamos só eu e a Miriam. Lembro que a mãe do meu melhor amigo, que era negro, dizia para ele: "Filho, esse negócio de faculdade não é para gente, não".

O senhor credita aos seus pais sua consciência de raça e a determinação para vencer barreiras na vida?

Sim, com certeza. Na nossa casa havia um eixo, que era a dona Jovita. Com todas as adversidades, ela não permitia que fraquejássemos. Mas há também a questão religiosa, que é fundamental. Quem não tem um nome para proteger ou um Deus para acreditar, degringola, porque os valores estão perdidos. Noventa por cento dos meus colegas do bairro, daquela época, não concluíram os estudos por falta de estímulo. Não viam o estudo como fator de emancipação, principalmente para o negro. Eu e a Miriam sempre tivemos uma visão da questão racial muito forte. O negro, por direito, precisa ter seu espaço garantido na sociedade.

Qual sua análise da questão racial no Brasil?

Todos os problemas, inclusive a má distribuição de renda no Brasil, têm origem racial. Basta ver a história. A abolição da escravatura foi feita sem que se estabelecessem regras de compensação. Junto com a lei que aboliu a escravidão seria preciso dar condições de as pessoas, livres, continuarem vivendo, produzindo.

Para que não permanecessem num contexto de exclusão...

Claro. Os escravos tinham como se alimentar, se abrigar, mas depois da libertação ficaram desamparados. Saíram das áreas rurais e foram para as urbanas, dando origem às primeiras favelas. Alguns faziam pequenos serviços para os brancos, outros passaram a ser os desocupados, todos sem futuro. E essa população foi aumentando, sem perspectiva. Hoje, a diferença de escolaridade de negros para brancos se mantém a mesma de 1900, segundo o Ipea.
Um estudo do sociólogo do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro Carlos Antônio Ribeiro mostrou que a cor só interfere no acesso à escolaridade e a trabalho quando as pessoas chegam ao terceiro grau.

Eu não concordo. Quem vai às lojas de maior padrão, onde a comissão de vendas é mais alta, observa que é mínimo o percentual de negros vendedores. Em outras atividades onde não se exige escolaridade mais elevada, acontece o mesmo.

O programa da Oprah Winfrey, no canal GNT, mostrou uma pesquisa feita por uma jovem negra americana que exibiu duas bonecas para crianças negras, pedindo para que elas apontassem a mais bonita. As crianças indicaram a branca, e demonstraram constrangimento por se parecerem com a negra. Porque o perfil preferido é o europeu: cabelos lisos, nariz afilado. O que é uma mulher bela na concepção brasileira?

Lá em casa recebemos intercambistas. Um deles, uma australiana de pele bem branca, disse que a nossa TV não reflete na tela o povo brasileiro que se vê nas ruas.

O senhor já se sentiu rejeitado por ser negro?

Já vivi muitas situações. Mas eu acho que o brasileiro não tem preconceito individual. Branco casa com negro, convive, joga bola junto. Nosso problema é institucional. A beleza é branca, que é vista como a cor do bem. Se nossos conceitos de pureza e beleza são brancos, o preto representa o oposto. Negro é sinal de coisa feia. Isso fica no inconsciente das pessoas.

Mas e as suas experiências?

Numa determinada ocasião, estava no escritório onde advogava com outro colega, uma pessoa me perguntou: "Os advogados já chegaram?", achando que eu era o atendente. No fórum, fui chamado para atuar num sumário de acusação, e o juiz perguntou a uma testemunha se ela conhecia os acusados. Ela olhou, e disse: "Eu conheço esses quatro, mas aquele lá eu não conheço não". O aquele lá era eu, de terno e gravata. Em outra ocasião, depois de uma inauguração, como prefeito de Vitória - porque Luiz Paulo Vellozo Lucas havia viajado -, aguardava com dois seguranças a chegada do motorista quando uma senhora, aparentemente perdida, me perguntou: "O senhor que trabalha como segurança aqui, me diz como é que eu faço para chegar...".

Como o senhor vê a definição de cotas para negros no ensino universitário público?

Não tem que ter cotas só porque a origem da pessoa é negra. Tem que se ver quem é o discriminado. É a pessoa negra com as características físicas típicas: cor da pele, cabelo, nariz. Essa, por não compor o quadro de beleza estabelecido pela sociedade, tem menos oportunidade.
Há quem defenda cotas para egressos do ensino público, independentemente da raça.
A escola técnica fez isso, estabelecendo 20% de vagas para escola pública. Vá lá. Eu fiz questão de fazer o levantamento, já que a maioria dos alunos era egressa da rede municipal de Vitória. Sabe de onde? De Jardim da Penha, Jardim Camburi, e de outros bairros de bom padrão. De modo geral, alunos brancos ou de pele clara. Negros com traços de brancos enfrentam menos dificuldade de conseguir um emprego numa loja.

Existem pessoas que temem pela intolerância racial.

Já pensou num movimento pela redução das cotas dos brancos nas universidades públicas? Porque alguma coisa está errada, já que a vantagem percentual deles nos espaços de ensino, de trabalho, é enorme, às vezes chega a até 90%. Eu sou exceção, mas isso não desmerece a tentativa de se mudar o quadro que está aí. O fato é que a sociedade não vê racismo na realidade atual. A solução é estabelecer cotas? Não sei. Mas a sociedade não pode achar que o que está aí é normal, com brancos tendo mais acesso à universidade, a empregos melhores. E quem fala contra isso é visto, é apontado como racista. Como o país quer crescer se um percentual altíssimo de sua população, por causa do seu aspecto físico, por causa da sua etnia, não tem acesso a tudo o que deve ser disponível para todas as pessoas?

Então, o que fazer?

É preciso tirar o atraso histórico. O que a história fez é preciso reparar. Com dinheiro? Não acho, mas é preciso fazer algo. Na Nova Zelândia os indígenas são protegidos com legislação especial nas universidades, nos empregos. Os negros foram trazidos forçados para o Brasil, e foram responsáveis pelo fortalecimento da nação, mas num determinado momento, acabaram sendo descartados. Em algumas áreas, os europeus que imigraram para o Brasil ganharam terras. Isso não é cota? Na década de 1970, os filhos de fazendeiros tinham cotas reservadas para cursar agronomia. E não havia protesto.

A baixa auto-estima leva ao processo de "branquização"?

Na periferia, a maioria dos jovens negros não quer ser negra. Imagine alguém que cresce ouvindo que seu cabelo é feio, é ruim, que seu nariz é feio, é chato, e também venha de uma família desestruturada. Um menino que não veja possibilidade de sua aceitação no mundo formal, é facilmente absorvido pelo tráfico de drogas. Se a sociedade não se debruçar sobre essa situação, não teremos futuro. Dois problemas sérios se entrelaçam no Brasil. A questão racial e a questão da ética, que é cultural. Um país que não se preocupa com igualdade e com ética não tem futuro.

Ética e igualdade

Para onde vamos?. Para Ademir Cardoso, no Brasil, dois problemas que ele considera sérios se entrelaçam: a questão racial e a questão da ética, que é cultural. "Um país que não se preocupa com igualdade e com ética não tem futuro", afirma ele.

Magistério e política

Ademir Cardoso, 60 anos, é casado, tem três filhas, e ocupa o cargo de diretor Administrativo e Financeiro do Procon Estadual. Fez faculdades de Direito e Geografia, na Universidade Federal do Espírito Santo. Advogou por quatro anos, mas optou por uma carreira de magistério. Por mais de 30 anos deu aulas de Geografia, principalmente em pré-vestibulares. Foi vereador pela primeira vez aos 18 anos, em Cariacica. Anos após, se elegeu para a Câmara de Vitória, em duas legislaturas. Foi secretário de Cidadania e vice-prefeito de Vitória, no governo Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).


Fonte: Jornal A Gazeta, Vitória, ES

Quilombos: memórias e resistência

(*) Edmilson Santos

Nos últimos tempos, a mídia tem dado grande destaque às comunidades remanescentes de quilombo de todo o país. Porém, esse enfoque, em sua essência, é feito de forma maniqueísta e equivocada. Presos a uma concepção de quilombo há muito rejeitada pela historiografia - pesquisadores sérios e reconhecidos por sua competência, como Flávio dos Santos Gomes e Pedro Paulo Funari, em seus trabalhos, colaboram para a desconstrução dos frágeis argumentos que baseiam a perspectiva de quilombo como um lugar sem contatos com o mundo exterior, sem trocas culturais, isolado de tudo e de todos - Veja e a corporação Globo vêm atacando, veementemente, as comunidades quilombolas. Para estas comunidades, que apenas com o artigo 68 da constituição de 1988 tiveram reconhecida a sua existência e seu direito à terra, este é mais um capítulo em sua longa história de resistência. O período pós-abolição selou significativamente a história quilombola. Marcados pela invisibilidade social, enquanto remanescente de quilombolas, no meio rural tiveram as suas terras griladas, ou ocupadas por órgãos governamentais ? é o caso do Quilombo do Bracuí, em Angra dos Reis, e do Quilombo da Marambaia, em Mangaratiba, respectivamente.A relação dos remanescentes quilombolas com setores do Movimento Negro, com ONG`s e com algumas esferas do Governo Federal - Universidades, o INCRA e a Fundação Palmares, entre outros - têm fortalecido e promovido vitórias substanciais na condução da luta por direitos, já obtidos na constituição. No sentido de acompanhar os avanços neste embate, comunidades quilombolas urbanas saíram de seu silêncio. Na cidade do Rio de Janeiro, duas comunidades lutam por seu reconhecimento. São elas: a Comunidade do Sacopan e a da Pedra do Sal. O Rio que, nos tempos coloniais teve sua geografia assinalada por expressivo número de escravos e seus descendentes, configurou-se como um campo negro vívido e culturalmente intenso.Maria Cecília Velasco, em sua tese de Doutorado, ao estudar as relações dos homens que trabalhavam no porto do Rio de Janeiro - trabalho que, durante o regime escravista, era feito por trabalhadores negros (entre eles, os escravos-de-ganho). Esse grupo que continuou hegemônico no setor portuário, na virada do século XIX para o XX, mesmo com a chegada de imigrantes europeus pouco qualificados que passaram a disputar os postos de trabalho existentes - utiliza o conceito campo negro. O mesmo foi formulado por Flávio dos Santos Gomes em sua pesquisa sobre os quilombos existentes, no século XIX, na região da Baía da Guanabara. Flávio demonstrou que os contatos culturais e comerciais, entre outros, desses quilombos com as populações locais foi fundamental para pudessem circular pelas brechas existentes no sistema escravista.Ao transpor essa perspectiva para o ambiente urbano, Cecília conseguiu deslindar a lógica que tornou possível o controle dos negros no trabalho do porto. A hegemonia construída por eles não se deu apenas no nível do mercado de trabalho. Com sua cultura influenciaram indelevelmente a própria identidade carioca. Foi nos bairros habitados por esses trabalhadores que o samba nasceu, tomou formas, e invadiu os salões das casas nobres cariocas. Guardiã dessa memória, a ARQPSAL - Associação dos Remanescentes de Quilombolas da Pedra do Sal vêm resistindo para que esta página não seja mais uma página apagada da história do negro e de suas criações no Brasil. Irmanados em suas memórias e longo processo de resistência, os quilombos de todo país passaram a construir estratégias políticas similares na luta por seus direitos. À sociedade brasileira cabe legitimar essa história.

É o que bom senso nos recomenda. Saudações Quilombolas!

(*) Edimilson Santos é historiador, faz parte da equipe do LABHOI (Laboratório de História Oral e Imagem) e é um dos responsáveis pelo laudo técnico de reconhecimento da ARQPEDRA - Associação Remanescente de Quilombos da Pedra do Sal - no Estado do Rio de Janeiro.